DOSSIÊ AQUI:
Onde está o aqui? Como estar aqui em nossas distâncias? Como ver o aqui, se olhar é uma despedida constante? Estar aqui é estar com: as geleiras, as árvores, as palavras, as fendas, os fósseis. Mas é também, saber algumas coisas de cor. Deitar no chão. Estar em fúria. Estar no meio. Em casa e em toda a parte. Eis o aqui: Tocar a superfície de uma caverna. Tornar-se cor. O fragmento que flutua por algum tempo e gira sobre si mesmo. Estar aqui é estar há milhares de anos. É um eco do enigma primeiro. Um salto na noite em que pousa o cosmos. É palavra que localiza e indica que se está perdido. Faz ver e impede de ver. Vista de uma espessura existente. É lembrar-se. É o simultâneo estado da flecha: disparo e pouso. É interromper o desaparecimento. Um ponto de encontro no mundo de distintas existências. Em Parque das Ruínas, a poeta Marília Garcia propõe "(...) dizer algo sobre estar aqui:" (2018, p.25)
Os dois pontos que terminam esse fragmento são um aceno para pensarmos coletivamente o aqui em tempos de discursos sobre a extinção do futuro. Retomando a acepção mais antiga de manifesto que é o de ser aquilo que é compreensível, claro, aparente, evidente, formado de muitas mãos agarradas, de braço a braço, propomos este dossiê como forma de tornar o aqui uma escrita polifônica tecida sobre o mesmo suporte, um espaço virtual compartilhado, em que as palavras que ecoam distâncias se reúnem como uma forma de repetir, repetir mais uma vez, em viva voz: estamos aqui.
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