Temporalidades do aqui nas artes espaciais

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Miguel Gally

Resumo

Este ensaio pretende discutir que temporalidades do aqui perpassam as artes espaciais na atualidade. Percebe-se já nesta primeira frase que as dimensões tempo/espaço convivem tensionadas no interior dos seus próprios sentidos, embora ao longo da sua história se apresentem uma ou outra hegemonicamente. A cada compreensão de tempo, há uma de espaço correspondente, e podemos dizer que o inverso também é válido, que a, cada compreensão de espaço, uma de tempo lhe pode ser associada. Nesse caso, a história do aqui, como uma definição espacial, perpassa definições de tempo. Nos antecedentes cosmogônico-ontológicos, (1) pretendo introduzir algumas dessas temporalidades do aqui para nos munir com ideias capazes de tematizar o mundo das artes. Na sequência, (2) trata-se, portanto, de contextualizar tais dimensões do aqui a partir da estética ou filosofia da arte enquanto teorização das artes espaciais em estado germinal, mostrando como, hoje em dia, a partir do ambiente da arte, recoloca-se a dimensão espacial recuperando uma comunicação perdida entre espectador e artista, perda causada por um aqui pensado desde a temporalidade da originalidade, de um aqui da atividade criadora dominado pela temporalidade do instante. Concluo (3) sugerindo uma reflexão sobre o aqui como uma construção espacial específica, comunicacional, que exigiu um trato renovado entre espectador e artista, um lugar cujo aqui remete a uma codependência de temporalidades.

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Como Citar
GALLY, Miguel. Temporalidades do aqui nas artes espaciais. Das Questões, [S. l.], v. 21, n. 1, 2025. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/dasquestoes/article/view/60735. Acesso em: 24 dez. 2025.
Seção
Artigos

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