Da impossibilidade do flanar à potencialidade do vadiar
etnografia e Currículo Cultural
DOI:
https://doi.org/10.26512/lc27202138933Palavras-chave:
Etnografia, Educação Física, VadiagemResumo
Nos últimos anos, a etnografia afirmou-se como ferramenta importante para as pesquisas em educação e a figura do flâneur, apresentada pelo poeta Charles Baudelaire, destacou-se como metáfora para o etnógrafo. Por entendermos que esta figura não se coaduna com nosso contexto, neste ensaio propomos a vadiagem enquanto representação para a postura etnográfica das pesquisas acadêmicas em educação, em especial para o Currículo Cultural da Educação Física, por este tomá-la como parte constitutiva da ação pedagógica. Advogamos que as figuras do vadio e da vadia estão de acordo com os desafios sociais, políticos e culturais que enfrentam a educação (física) destes tempos.
Downloads
Referências
André, M. E. D. A. (1997). Tendências atuais da pesquisa na escola. Cadernos Cedes, 18(43), 46-57. https://doi.org/10.1590/S0101-32621997000200005
Baudelaire, C. (2010). O pintor da vida moderna. Em C. Baudelaire. O pintor da vida moderna (pp. 13-90). Autêntica.
Brasil. (1893). Decreto n.º 145, de 11 de julho de 1893. Presidência da República. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-145-11-julho-1893-540923-publicacaooriginal-42452-pl.html
Brasil. (1941). Decreto-lei n.º 3.688, de 03 de outubro de 1941. Presidência do Brasil. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3688.htm
Brasil. (2004). Projeto de Lei n.º 4.668, de 15 de dezembro 2004. Câmara dos deputados. https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=273651
Daolio, J. (1995). Da cultura do corpo. Papirus.
Denzin, N. K., & Lincoln, Y. S. (2006). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Artmed.
Flick, L. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa. Artmed.
Foucault, M. (2004). A ética do cuidado de si como prática de liberdade. Em M. Foucault. Ditos & Escritos V: Ética, Sexualidade, Política (pp. 258-280). Forense Universitária.
Foucault, M. (2009a). Prefácio à transgressão. Em M. Foucault. Ditos & Escritos III: Estética, literatura, pintura e cinema (pp. 28-46). Forense Universitária.
Foucault, M. (2009b). Outros espaços. Em M. Foucault. Ditos & Escritos III: Estética, literatura, pintura e cinema (pp. 411-422). Forense Universitária.
Foucault, M. (2010). Os direitos do Homem em face dos governos. Em M. Foucault. Ditos e escritos VI: repensar a política (pp.396-397). Forense Universitária.
Foucault, M. (2017). O que é a crítica? Seguido de a cultura de si. Texto & Grafia.
Gallo, S. (2013). Foucault e as “práticas de liberdade”: possibilidades para o campo educativo. Em S. T. Muchail, & M. A. Fonseca, & A. Veiga-Neto. O mesmo e o Outro: 50 anos de História da Loucura (pp. 355-364) Autêntica.
Garcia, D. A., & Sousa, L. M. A. (2015). No carnaval a fantasia é minha. O corpo é meu: memória e rupturas feministas na folia. Rua, 1(21), 87-107. http://doi.org/10.20396/rua.v21i1.8637523
Giglio, S. S., & Nunes, M. L. F. (2018). Reflexões sobre a regulação e a heterotopia nas aulas de Educação Física. Pro-posições, 29(3), 590-613. https://doi.org/10.1590/1980-6248-2017-0107
Hall, S. (2003). A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A.
Ludke, M., & André, M. E. D. A. (2013). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas (2ª ed.). E.P.U.
Magnani, J. G. C. (2012). Da periferia ao centro: trajetórias de pesquisa em antropologia urbana. Terceiro Nome. https://doi.org/10.4000/pontourbe.606
Massagli, S. R. (2008). Homem da multidão e o flâneur no conto “O homem da multidão” de Edgar Allan Poe. Terra roxa e outras terras - Revista de Estudos Literários, 12, 55-65. http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol12/TRvol12f.pdf
Mattos, C. L. G. (2011). Estudos etnográficos da educação: uma revisão de tendências no Brasil. Em C. L. G. Mattos, & P. A. Castro (Orgs.). Etnografia e educação: conceitos e usos (pp. 25-48). EDUEPB. https://doi.org/10.7476/9788578791902
Mclaren, P. (2000). O etnógrafo como flâneur pós-moderno: Reflexividade Crítica e Pós-hibridismo como engajamento narrativo. Em P. Mclaren. Multiculturalismo Revolucionário: pedagogia do dissendo para o novo milênio (pp. 83-117). Artes Médicas Sul.
Molina Neto, V. (1999). Etnografia: uma opção metodológica para alguns problemas de investigação no âmbito da Educação Física. Em V. Molina Neto, & A. N. S. Triviños. (Orgs.). A pesquisa qualitativa na Educação Física: alternativas metodológicas (pp. 107-139). Ed. Universidade/UFRGS/Sulina.
Monnet, N. (2009). Flanâncias femininas e etnografia. Wagadu a jornal of transnacionalwomen’sandgenderstudies, 7, 218-234. http://www.redobra.ufba.br/wp-content/uploads/2013/06/redobra11_23.pdf
Neira, M. G., & Nunes, M. L. F. (2009). Educação Física, currículo e cultura. Phorte.
Neira, M. G., & Nunes, M. L. F. (2018). As possibilidades de emergência do Currículo Cultural da Educação Física: contribuições do Grupo de Pesquisas em Educação Física escolar da FEUSP (GPEF). Em D. Maldonado, V. A. Nogueira, & U. S. Farias. (Orgs.). Os professores como intelectuais: novas perspectivas didático-pedagógicas na educação física escolar brasileira (pp. 173-193). CRV.
Neira, M. G., & Nunes, M. L. F. (2020). As dimensões política, epistemológica e pedagógica do Currículo Cultural da Educação Física. Em F. Bossle, P. Athayde, & L. Lara. (Orgs.). Educação Física escolar (pp. 25-43). EDUFRN.
Nunes, M. L. F. (2016a). Afinal, o que queremos dizer com a expressão “diferença”? Em M. G. Neira & M. L. F. Nunes (Orgs.). Educação Física Cultural: por uma pedagogia da(s) diferença(s) (pp. 15-66). CRV.
Nunes, M. L. F. (2016b). Educação física na área de códigos e linguagens. Em M. G. Neira & M. L. F. Nunes (Orgs.). Educação Física Cultural: escritas sobre a prática (pp. 51-72). CRV.
Nunes, M. L. F., & Zambon, R. H. (2018). É proibido cochilar: os signos e significados das práticas corporais do forró universitário como contribuição para o currículo cultural da Educação Física. Revista Conexões, 16, 565-581. https://doi.org/10.20396/conex.v16i4.8652583
Nunes, M. R. F. (2015). Relatos de campo: a flânerie e a História Oral como métodos de pesquisa em cenas lúdicas. Em L. M. S., Martino, & A. C. S. Marques (Orgs.). Teoria da Comunicação: Processos, Desafios e Limites (pp. 315-335). Plêiade. https://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2016/09/Livro-Mestrado-Um-Olhar-Multiplo-Sobre-as-Teorias-da-Comunicacao_Relatos-de-campo-a-Fl%C3%A2nerie-e-a-hist%C3%B3ria-oral-como-m%C3%A9todos-de-pesquisa-em-cenas-l%C3%BAdicas.pdf
Nunes, M. R. F., & Bin, M. A. (2016). Espartilhos e espadas: vitorianos e medievalistas em práticas juvenis. Líbero, 19(38), 69-80. http://seer.casperlibero.edu.br/index.php/libero/article/view/802/792
Pechman, R. M. (2002). Cidades estreitamente vigiadas: o detetive e o urbanista. Casa da Palavra. https://doi.org/10.22296/2317-1529.2001n5p120
Pechman, R. M. (2009). 9 cenas, algumas obs-cenas, da rua. Fractal: Revista de Psicologia, 21(2), 351-368. https://periodicos.uff.br/fractal/article/view/4752/0
Salomão, A. F. (2017). Pesquisas etnográficas em Educação Física escolar: um balanço de dissertações e teses. [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo]. Biblioteca digital USP. https://doi.org/10.11606/T.48.2017.tde-31102017-114822
Silva, F. M. C. E., & Nunes, M. L. F. (2021). O embate do encontro: o currículo cultural da educação física como lugar de conflitos. Educação e Filosofia, 34, 799-828. https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v34n71a2020-52940
Silva, P. T. F., & Lima, J. E. P. (2014). O observador dos panoramas e o flâneur: reflexão sobre a obra Paris, a capital do século XIX de Walter Benjamin. Cadernos Walter Benjamin, 13, 74-84. https://www.gewebe.com.br/pdf/cad13/caderno_06.pdf
Silva, T. T. (2011). Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Autêntica.
Teixeira, A., Salla, F. A. & Marinho, M. G. S. M. C. (2016). Vadiagem e prisões correcionais em São Paulo: mecanismos de controle no firmamento da República. Estudos Históricos, 29 (58), 381-400. https://doi.org/10.1590/S2178-14942016000200004
Vidich, A. J., & Lyman, S. (2006). Métodos qualitativos: sua história na Sociologia e na Antropologia. Em N. K. Denzin, & Y. S. Lincoln. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens (pp. 49-90). Artmed.
Williams, J. (2013). Pós-estruturalismo. Vozes.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Mário Luiz Ferrari Nunes, Barbara Cristina Aparecida dos Santos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.