A escrita do memorial acadêmico: ritual de passagem ou rito de consagração?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/lc29202348012

Palavras-chave:

Ritos, Progressão na carreira docente, Memorial acadêmico, Escrita autobiográfica

Resumo

Este artigo toma como objeto heurístico a análise de um memorial acadêmico para fins de progressão na carreira, uma vez que o memorial pode ser considerado um gênero narrativo que se materializa em uma escrita autobiográfica. Investiga-se aqui a contribuição da Sociologia para este gênero de escrita, ao operacionalizar categorias como rito de passagem (Van Gennep, 2012), rituais de consagração (Bourdieu, 2020) e socioanálise (Bourdieu, 1991; Kakpo & Lemêtre, 2020). Conclui-se que, ao escrever a vida em um memorial, os ritos de passagem e de consagração transmutam-se em uma trama narrativa que passa por um trabalho de socioanálise e, portanto, de objetivação da nossa posição social no mundo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Amália de Almeida Cunha, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Professora titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Membro dos grupos de pesquisa Observatório Sociológico Família-Escola (OSFE) e Laboratório de Pesquisa em Experiências de Formação e Narrativas de Si (LAPENsi). E-mail: amalia.fae@gmail.com

Referências

Abrahão, M. H. M. B. (2011). Memoriais de formação: a (re)significação das imagens-lembranças/recordações-referências para a pedagoga em formação. Educação, 34(2), 165-172. https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/8708

Berger, P. (1986). A sociologia como forma de consciência. Perspectivas sociológicas (pp. 35-64). Vozes.

Berger, P., & Luckmann, T. (2008). A construção social da realidade. Vozes.

Bertaux, D. (1976). Histoire de vie ou récits de pratique. Méthodologie de l’approche biographique en sociologie. Cordes.

Bertaux, D. (2000). William Isaac Thomas, Florian Znaniecki, le paysan polonais en Europe et en Amérique. Récit de vie d’un migrant (Chicago 1919). Sociologie du travail, 42(4), 618-621. https://doi.org/10.4000/sdt.37265

Bortoluci, J. H. (2023). O que é meu. Fósforo.

Bourdieu, P. (1986). L’illusion biographique. Actes de la recherche en Sciences Sociales, 63, 71. https://doi.org/10.3406/arss.1986.2317

Bourdieu, P. (1991). Introduction à la socioanalyse. Actes de la recherche en Sciences Sociales, 90, 3-5. https://www.persee.fr/doc/arss_0335-5322_1991_num_90_1_2991

Bourdieu, P. (2006). A odisseia da reapropriação: a obra de Mouloud Mammeri. Revista Sociologia Política, 26, 93-95. https://doi.org/10.1590/S0104-44782006000100008

Bourdieu, P. (2008). A economia das trocas linguísticas. Editora da Universidade de São Paulo.

Bourdieu, P. (2020). Aula de 02 de junho de 1982. Sociologia geral: lutas de classificação: curso no Collège de France (1981-1982) (v. 1, pp. 103-126). Vozes.

Brasil. (2012). Lei n.o 12.772/2012 (Dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal). Presidência da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12772.htm

Breton, H. (2020). Investigação narrativa: entre detalhes e duração. Revista Educação, Pesquisa e Inclusão, 1, 12-22. http://doi.org/10.18227/2675-3294repi.v1i1.6255

Bronner, G. (2023). Les origins: pourquoi devient-on qui l´on est? Autrement.

Delory-Momberger, C. (2021). Da condição à sociedade biográfica. Educar em revista, 37, 1-16. https://doi.org/10.1590/0104-4060.77147

Denzin, N. K. (1984). Interpretando as vidas de pessoas comuns: Sartre, Heidegger e Faulkner. Revista de Ciências Sociais, 27(1), 29-43.

Dosse, F. (2015). Escrever uma vida. Editora da Universidade de São Paulo.

Eribon, D. (2021). Retorno à Reims. Âyné.

Eribon, D. (2022). A sociedade como veredito: classes, identidades, trajetórias. Âyné.

Gaulejac, V. (2006). As origens da vergonha. Via Lettera.

Hoggart, R. (2013). 33 Newport Street: autobiographie d’un intellectuel issu des classes populaires anglaises. Points.

Kakpo, S., & Lemêtre, C. (2020). Auto-socioanálise: uma ferramenta a serviço da democratização da universidade? Retorno crítico sobre uma experiência pedagógica. Revista Linhas, 21(45), 144-164. https://doi.org/10.5965/1984723821452020144

Lacerda, W. M. G. (2023). Memorial apresentado à Comissão Especial de Avaliação, como requisito para promoção a Professora Titular da Universidade Federal de Viçosa. Universidade Federal de Viçosa.

Lagrave, R. M. (2021). Se rassaisir- enquête autobiographique d´une transfuge de classe féministe. La Découverte.

Lahire, B. (2018). L’interprétation sociologiques des rêves. La Découverte.

Lewis, O. (1963). The children of Sanchez: autobiography of a mexican family. Vintage.

Memmi, D. (1996). Les déplacés. Travail sur soi et ascension sociale: la promotion littéraire de Jules Romains. Genèses, 24, 57-80. https://doi.org/10.3406/genes.1996.1399

Miceli, S. (2022). A força do sentido. Editora Perspectiva.

Montero, P. (2017). Rito (de instituição). Em A. Catani et al. (Orgs). Vocabulário Bourdieu (pp. 318-320). Autêntica.

Moraes, W. D. B. (2022). O conceito de capital cultural sob a ótica da vigilância epistemológica. Linhas Críticas, 28, e42783. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/42738/33349

Oliveira, M. da G. de (2017). Quem tem medo da ilusão biográfica: indivíduo, tempo e histórias de vida. Topoi, 18(35), 429-446. https://doi.org/10.1590/2237-101X01803509

Silva, W. C. L. (2015). A vida, a obra, o que falta, o que sobra: memorial acadêmico, direitos e obrigações da escrita. Revista Tempo e Argumento, 7(15), 103-136. https://doi.org/10.5965/2175180307152015103

Silva, W. C. L. (2016). Saber se inventar: o memorial acadêmico na encruzilhada da autobiografia e do egodocumento. MÉTIS: História & Cultura, 15(30), 44-67. https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/159370/WOS000393470600004.pdf

Van Gennep, A. (2012). Os ritos de passagem. Vozes.

Publicado

10.07.2023

Como Citar

Cunha, M. A. de A. (2023). A escrita do memorial acadêmico: ritual de passagem ou rito de consagração?. Linhas Crí­ticas, 29, e48012. https://doi.org/10.26512/lc29202348012

Edição

Seção

Dossiê | Pesquisa narrativa no fazer ordinário da docência: múltiplas perspectivas

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.