ESCREVER ENTRE AS LÍNGUAS:
TRADUÇÃO E GÊNERO EM NANCY HUSTON
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v6.n2.2017.11462Palavras-chave:
Auto-tradução, Gênero, Nancy HustonResumo
O entre duas línguas da auto-tradução em Nancy Huston subverte as relações hierárquicas entre o original e a tradução, ou a oposição entre língua materna e língua estrangeira, e nos convida assim a nos interrogarmos sobre nossas práticas e representações de escrita e de tradução. Buscamos compreender em que medida a escrita entre o francês e o inglês de Nancy Huston questiona não somente as categorias tradicionais de tradução, mas também o gênero como construção social. A história da tradução é atravessada por metáforas sexistas ou de natureza sexual, como “belas infiéis”, que refletem o papel inferior da tradução, associada ao feminino, em contraste ao original, identificado como masculino. Também a questão da infidelidade, ilustrada pela máxima traduttore traditore, é refutada por Nancy Huston tanto em sua prática de auto-tradução como no texto intitulado Traduttore non è traditore, publicado na coletânea Pour une littérature-monde. Ela retoma, em seus textos, o tema da maternidade e à dicotomia homem-espírito/mulher-corpo. Nota-se tanto uma certa ansiedade relacionada à língua materna e ao corpo em sua ficção, quanto um questionamento relacionado à máscara e à s identidades múltiplas. O exílio, esse “sentimento de estar dentro/fora”, para Nancy Huston, abre a questão da identidade pessoal e das identidades múltiplas (linguística, sexual, nacional ou política), de tal maneira que a identidade dos autores e tradutores pode igualmente se embaralhar e se confundir. Em busca de sentido, autores e leitores são engajados em um trabalho infinito de tradução, de tal modo que é toda a experiência humana que se inscreveria nos termos de um paradigma da tradução.
Downloads
Referências
ARGAND, Catherine. Nancy Huston. Lire, n. 293, p. 31-35, 2001.
CASSIN, Barbara. (Ed.). Vocabulaire européen des philosophies : Dictionnaire des intraduisibles. Paris: Éditions du Seuil, Dictionnaire Le Robert, 2004.
CHAMBERLAIN, Lori. (2000). Gender and the Metaphorics of Translation. In: VENUTI, Lawrence. (Ed.). The Translation Studies Reader. New York: Routledge, 2004. p. 306-321.
CHARDON, Elisabeth. Nancy Huston et Sacha Todorov sans masques. Le Temps, Geneva, p. 33, 21 fev. 2008.
CHOLLET, Mona. « Je suis, donc je pense » : la révolution copernicienne de Nancy Huston. Disponível em: <http://www.peripheries.net/article254.html>. Acesso em: 16 jul. 2009.
COLLIN, Françoise. Le Différend des sexes. Paris: Éditions Pleins Feux, 1999.
COURTIVRON, Isabelle. (Ed.). Lives in Translation: Bilingual Writers on Identity and Creativity. Palgrave Macmillan, 2003.
DJEBAR, Assia. Écrire dans la langue de l’autre. In: ______. Ces voix qui m’assiègent : En marge de ma francophonie. Paris: Albin Michel, 1999.
ENRIGHT, Anne. Le Choc de la maternité. Traduzido por: Chloé Baker, prefácio de Nancy Huston. Paris: Actes Sud, 2008.
HUSTON, Nancy. Lettres parisiennes : Autopsie de l’exil, correspondance entre Nancy Huston et Leïla Sebbar. Paris: Éditions J’ai lu 5394. 1986a.
¬¬¬¬
______. Le féminisme face aux valeurs éternelles. La Vie en rose, Montréal, n. 34, p. 28-30, 1986b.
¬¬¬¬
______. Journal de la création. Paris: Actes Sud, 1990.
¬¬¬¬
______. Cantique des plaines. Paris: Actes Sud, 1993a.
¬¬¬¬
______. Une enfance d’ailleurs, 17 écrivains racontent. In: ______.; SEBBAR, Leïla. (Eds.). Paris: Éditions J’ai lu 6247, 1993b.
¬¬¬¬
______. Plainsong. Toronto: HarperPerennial, 1994.
¬¬¬¬
______. Désirs et réalités : Textes choisis 1978-1994. Paris: Actes Sud, 1995.
¬¬¬¬
______. Limbes/Limbo : un hommage à Samuel Beckett, édition bilingue. Paris: Actes Sud, 1998.
¬¬¬¬
______. Nord perdu suivi de Douze France. Paris: Actes Sud/Leméac, 1999.
¬¬¬¬
______. Dolce Agonia. Paris: Actes Sud, 2001a.
¬¬¬¬
______. Healing the Split. l’it, News & Views from infinitheatre, Montréal, v. 2, n. 3, p. 3, 2001b.
¬¬¬¬
______. Dolce Agonia. Londres: Chatto & Windus, 2002.
¬¬¬¬
______. The Mask and the Pen. In: COURTIVRON, Isabelle. (Ed.). Lives in Translation: Bilingual Writers on Identity and Creativity. New York: Palgrave Macmillan, 2003. p. 55-68.
¬¬¬¬
______. Traduttore non è traditore. In: LE BRIS, Michel; ROUAUD, Jean. (Eds.). Pour une littérature-monde. Paris: Éditions Gallimard, 2007. p. 151-160.
IVEKOVIC, Rada. De la traduction permanente (Nous sommes en traduction)/On Permanent Translation (We are in Translation). Transeuropéennes : Traduire entre les cultures/Translating Between Cultures, n. 22, p. 121-143, 2002.
KELLEY-LAINE, Kathleen. Peter Pan, la mère morte et la création du double pathologique . Imaginaire & Inconscient, p. 87-96, 2002. Disponível em: <http://www.cairn.info/article.php?ID_REVUE=IMIN&ID_NUMPUBLIE= IMIN_007&ID_ARTICLE=IMIN_007_0087>. Acesso em: 16 jul. 2009.
KLEIN-LATAUD, Christine. Les voix parallèles de Nancy Huston. TTR, Traduction, Terminologie, Rédaction, Montréal, v. 9, n. 1, Montréal, Université Concordia, p. 211-231, 1996. Disponível em: <http://id.erudit.org/iderudit/037245ar>. Acesso em: 16 jul. 2009.
KRISTEVA, Julia. Étrangers à nous-mêmes. Paris: Librairie Fayard, 1988.
LAZARRE, Jane. Splendeur (et misères) de la maternité. Tradução e prefácio por: Nancy Huston. La Tour d’Aigues: Éditions de l’Aube, 2001.
LIVRESSE. Cette plume anglophone qui écrit en français : Une Canadienne à Paris, or is she? Disponível em: <http://www.livresse.com/Auteurs/huston-nancy-010226.shtml>. Acesso em: 16 jul. 2009.
LOTBINIERE-HARWOOD, Susanne. Re-belle et infidèle : La traduction comme pratique de réécriture au féminin. The Body Bilingual, Translation as a Re-writing in the Feminine, Montréal: Les Éditions du remue-ménage/Women’s Press, 1991.
RICOEUR, Paul. Sur la traduction. Paris: Bayard, 2004.
SARDIN, Pascale. Nancy Huston: l’exil, ce “fantasme qui permet d’écrire”. In: DE VRIES, Esther Heboyan. (Ed.). Exil à la frontière des langues Arras: Artois Presses Université, 2001. p. 9-20.
______. Au nom de la mère, de la fille et de la Mort : de la création au féminin ou la nouvelle trinité féministe selon Nancy Huston. In: CAMUS, Marianne. (Ed.). Création au féminin, v. 1. Dijon: Éditions Universitaires de Dijon, 2006. p. 67-76.
¬¬¬
______. Samuel Beckett/Nancy Huston ou le bilinguisme de malentendus en contrefaçons : deux expériences similaires ? In: GASQUET, Axel; SUAREZ, Modesta. Écrivains multilingues et écritures métisses: L’hospitalité des langues. Clermont-Ferrand: Presses universitaires Blaise Pascal, 2007. p. 257-269.
SCOTT, Joan. Genre : une catégorie utile d’analyse historique. Les Cahiers du Grif 37/38. Paris: Éditions Tierce, 1988. p. 125-153.
SHREAD, Carolyn. Redefining Translation through Self-Translation: the Case of Nancy Huston. FLS, Amsterdam, v. XXXVI, p. 51-66, 2009.
SIGRIST, Ilona. The Stakes of Self-Translation in Nancy Huston’s Dolce Agonia and Instruments des ténèbres. In: FIDECARO, Agnese; PARTZSCH, Henriette; DIJK, Suzan; COSSY, Valérie (Eds.). Femmes écrivains à la croisée des langues / Women Writers at the Crossroads of Languages, 1700-2000. Genebra: MétisPresses, 2009.
SIMON, Sherry. Gender in Translation. Londres: Routledge, 1996.
STAROBINSKI, Jean. La littérature et l’irrationnel. Cahiers roumains d’études littéraires, Bucarest, 1974.
STEINER, George. After Babel: Aspects of Language and Translation. New York: Oxford University Press, 1975.
______. De la traduction comme “condition humaine”. Le magazine littéraire, n. 454, p. 41-43, 2006.
WILHELM, Jane. Autour de Limbes/Limbo : un hommage à Samuel Beckett de Nancy Huston. Palimpsestes, Paris, n. 18, p. 59-85, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Dado ao acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista
A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. As contribuições publicadas são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
Os autores, ao submeterem trabalhos para serem avaliados pela revista Belas Infiéis, mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).