A infância e o território da favela
entre proteção e participação
DOI:
https://doi.org/10.26512/lc.v27.2021.36018Palavras-chave:
Infância, Relações espaciais, Crise sanitária, Desigualdades sociaisResumo
O artigo analisa as significações conferidas por uma comunidade à presença e à participação infantil nas ruas e na vida social da favela. Os procedimentos de investigação obedeceram a duas etapas. A primeira, desenvolvida antes da pandemia da COVID-19, consistiu em caminhadas guiadas pela região e visitas a residências. Após a adoção do distanciamento social, foi realizada a análise de vídeos produzidos por crianças para programas sociais organizados pela comunidade. Como primeiros resultados, observa-se que, tanto no espaço real, como no virtual, coexistem o esforço de proteção das crianças e o convite para que participem na configuração da favela como um espaço familiar.
Downloads
Referências
Authier, J. Y., & Lehman-Frisch, S. (2012). Variations sur un thème: Les manières d’habiter des enfants dans les quartiers gentrifiés à Paris, Londres et San Francisco. Sociologias, 19 (46), 230-266. https://doi.org/10.1590/15174522-019004611
Bourdieu, P. (2007). A distinção. Edusp.
Buckingham, D. (2007). Crescer na era das mídias eletrônicas. Edições Loyola.
Caldeira, T. (2000). Cidade de muros: crime, segregação e cidadania. Editora 34.
Câmara Municipal de Belo Horizonte. (2018). Relatório parcial. Comissão Especial de Estudo sobre o Homicídio de Jovens Negros e Pobres. https://drive.google.com/file/d/1rNvnRWGtVdZCpbXDPmOd-Ta4qpv-PtLD/view
Carvalho, A., & Müller, F. (2010). Ética nas pesquisas com crianças: uma problematização necessária. Em F. Müller. Infância em perspectiva: políticas, pesquisas e instituições (pp. 65-84). Cortez.
Carvalho, C. N. de. (2019). Quartos das crianças contemporâneas: a construção de um novo objeto de pesquisa. Pro-Posições, v. 30, 2019. https://doi.org/10.1590/1980-6248-2017-0176
Carvalho, L. D. (2015). Educação integral e institucionalização da infância: o que as crianças dizem da/na escola. Cadernos de Pesquisa em Educação ”“ PPGE/UFES, 19 (42), 45-68. https://periodicos.ufes.br/educacao/article/view/12168
Casey, J. (1992). A história da família. Ática.
Christensen, P., & O’Brien, M. (2003). Children in the City. Routledge
Coelho, G. D. N. (2007). Brincadeiras na favela: a constituição da infância nas interações com o ambiente. Em V. M. R. de Vasconcellos, & M. J. Sarmento. Infância (in)vísivel (pp. 173-203). Junqueira & Marin Editores.
Cohn, C. (2005). A Antropologia da Criança. Zahar
Cortado, T. (2019). A força do olhar que a pequena janela tem - Entrelaçando casas e corpos na periferia do Rio de Janeiro. Simpósio “Etnografar o íntimo: famílias, instituições e violências”, Campinas, São Paulo, Brasil. https://www.researchgate.net/publication/339099270_A_forca_do_olhar_que_a_pequena_janela_tem_Entrelacando_casas_e_corpos_na_periferia_do_Rio_de_Janeiro
Cortado, T. (2020). Tem de enfrentar a chuva: Casa, vida e mobilidade entre camadas populares brasileiras. DILEMAS: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social. Reflexões na Pandemia. https://www.reflexpandemia.org/texto-37
Cruz, M. (2009). Morro do Papagaio. Conceito Editorial
DaMatta, R. (1997). A casa & a rua. Editora Rocco.
Davis, M. (2006). Planeta favela. Boitempo Editorial.
Érnica, M., & Batista, A. A. G. (2011). Educação em territórios de alta vulnerabilidade social na metrópole: um caso na periferia de São Paulo. Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC), Informe de pesquisa, 3. https://www.cenpec.org.br/wp-content/uploads/2015/08/Informe_de_Pesquisa3a.pdf
Ferreira, V. (2016) Deslocamento de crianças nos bairros de Curitiba e sua relação com processos de socialização. Revista Eletrônica de Educação, 10 (1), 52-68. http://doi.org/10.14244/198271991231
Ferretti, C. J., Zibas, D. M. L., & Tartuce, G. L. B. P. (2004). Protagonismo juvenil na literatura especializada e na reforma do ensino médio. Cadernos de pesquisa, 34 (122), 411-423. http://doi.org/10.1590/S0100-15742004000200007
Garcez, A., Duarte, R., & Eisenberg, Z. (2011). Produção e análise de vídeogravações em pesquisas qualitativas. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 249-261. https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200003
Garnier, P. (2015). L’“agency” des enfants. Projet scientifique et politique des “childhood studies”. Education et sociétés, 2 (36), 159-173. http://doi.org/10.14244/198271991231
Giddens, A. (2003). Novas Críticas: Foucault sobre a distribuição de tempo e de espaço. A constituição da sociedade. Martins Fontes.
Gouvêa, M. C. S., Carvalho, L. D., Freitas, F. A. de, & Bizzotto, L. M. (2019). O protagonismo infantil no interior de movimentos sociais contemporâneos no Brasil. Sociedad e Infancias, 3, 21-63. https://doi.org/10.5209/soci.63525
Gregori, M. F. (2000). Viração: experiências de meninos nas ruas. Editora Companhia das Letras.
Grignon, C., & Passeron J. C. (1989). Le savant et le populaire. Miserabilisme et populisme en sociologie et en literature. Gallimand.
Guizzo, B. S., Marcello, F. de A., & Müller, F. (2020). A reinvenção do cotidiano em tempos de pandemia. Educação e Pesquisa, 46, 1-18. https://doi.org/10.1590/s1678-4634202046238077
Hart, R. (1993). La participación de los niños: de la participación simbolica a la participación autentica, Innocenti Essay, 4, International Child Development Centre. https://www.unicef-irc.org/publications/538-la-participaci%C3%B3n-de-los-ni%C3%B1os-de-la-participaci%C3%B3n-simbolica-a-la-participaci%C3%B3n.html
Honorato, A., Flores, C., Salvaro, G., & Leite, M. I. (2006). A vídeo-gravação como registro, a devolutiva como procedimento: pensando sobre estratégias metodológicas na pesquisa com crianças. 29ª Reunião Anual da Anped ”“ Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Educação, cultura e conhecimento na contemporaneidade: desafios e compromissos, Caxambu, Minas Gerais, Brasil. http://29reuniao.anped.org.br/trabalhos/trabalho/GT16-2172--Int.pdf
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2010). Censo Demográfico 2010. Aglomerados subnormais: primeiros resultados. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/92/cd_2010_aglomerados_subnormais.pdf
Lansdown, G. (2005). ¿Me haces caso? El derecho de los niños pequeños a participar en las decisiones que los afectan. Cuadernos sobre Desarrollo Infantil Temprano, 36, Fundación Bernard Van Leer. https://www.observatoriodelainfancia.es/ficherosoia/documentos/1930_d_Me_haces_caso_20081110.pdf
Lansky, S., Gouvêa, M. C. S., & Gomes, A. M. R. (2014). Cartografia das infâncias em região de fronteira em Belo Horizonte. Educação & Sociedade, 35(128), 717-740. https://doi.org/10.1590/ES0101-73302014128647
Latour, B. (2020). Imaginer les gestes-barrières contre le retour à la production d’avant-crise. AOC-Media. https://aoc.media/opinion/2020/03/29/imaginer-les-gestes-barrieres-contre-le-retour-a-la-production-davant-crise
Leonard, M. (2015). The sociology of children, childhood and generation. Sage.
Libânio, C. (2004). Guia cultural das vilas e favelas de Belo Horizonte. Habitus.
Liebel, M., & Gaitán, L. (2019). El poder de los niños y niñas. Anotaciones sobre el protagonismo de movimientos infantiles en la actualidad. Sociedad e Infancias, 3, 15-20. https://doi.org/10.5209/soci.65352
Lima, R. (2012). Barragem Santa Lucia e comunidade Alto Santa Lucia ou Morro do Papagaio ao fundo em Belo Horizonte, Minas Gerais. Nitro Imagens. https://nitroimagens.photoshelter.com/image?&_bqG=19&_bqH=eJxNjssKwjAQRf.mGxFqFi4KWcQ0xfhISh5quxmi9QVqpLb_b1JEXczMuQNz7yxoua8fyG.2S1rs5kVXO3frx4D6NEOTbJKmsULnkGuK775t_ajxo6d7urO7.mTYAxE57gJTbiocpjbEsAhUWmFUBVzLKLkGxVaMaJZ_ZPmvpeJMhFMuxeAilcGKiGVgq5kCnmMbv2nONZqS2RGd1gnQGfBgE_I_aL.oih.uIxJq8Ovo2sMlodHtDUr1THc-&GI_ID=
Martuccelli, D. (2002). Grammaires de l'individu. Gallimard.
Mateus, B. (2020, julho 4). Covid-19: estudo sugere que internações graves em BH vêm de áreas vulneráveis. Jornal O Tempo [online]. https://www.otempo.com.br/coronavirus/covid-19-estudo-sugere-que-internacoes-graves-em-bh-vem-de-areas-vulneraveis-1.2356596
Miller, D. (2020) Como conduzir uma etnografia durante o isolamento social. Blog do Sociofilo. https://blogdolabemus.com/2020/05/23/notas-sobre-a-pandemia-como-conduzir-uma-etnografia-durante-o-isolamento-social-por-daniel-miller
Müller, F. (2007). Retratos da infância na cidade de Porto Alegre. [Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. Lume Repositório Digital. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/12859
Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte da Universidade Federal de Minas Gerais (OSUBH/UFMG). (2020). InfoCovid-OSUBH. https://www.medicina.ufmg.br/noticias/wp-content/uploads/sites/91/2020/06/Informe-OSUBH-n-01-1.pdf
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). (2014). Atlas do desenvolvimento humano nas regiões metropolitanas brasileiras. https://secid.ma.gov.br/files/2015/04/Atlas-do-Desenvolvimento-Humanonas-Regi%C3%B5es-Metropolitanas.pdf
Qvortrup, J. (2015). A dialética entre a proteção e a participação. Currículo sem Fronteiras, 15 (1), 11-30. https://www.curriculosemfronteiras.org/vol15iss1articles/qvortrup.pdf
Sennet, R. (1988). O declínio do homem público: as tiranias da intimidade. Companhia das Letras.
Shier, H. (2010). Teoría de la participación infantil y su relevancia en la práctica cotidiana. CESESMA - Universidad del Norte.
Silva, R. C. da. (2011) Circulando com os meninos: infância, participação e aprendizagens de meninos indígenas Xakriabá. [Tese de Doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais]. Repositório Institucional a UFMG. http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8M3FJJ
Spyrou, S. (2018). Disclosing childhoods. Em S. Spyrou. Disclosing Childhoods. Palgrave Macmillan.
Tomassi, M. L. (2016). Jovens produtores culturais de favela. Linhas Críticas, 22 (47), 41-62. https://doi.org/10.26512/lc.v22i47.4766
Trilla, J., & Novella, A. (2001). Educación y participación social de la infancia. Revista Ibero-americana de Educación, 26, 137-164. https://doi.org/10.35362/rie260982
Vicente, E. (2015). Consumo e estima social: análise sobre as motivações do consumo ostentação por parte dos jovens das camadas populares. Conselho Editorial.
Voltarelli, M., Gaitán Munõz, L., & Leyra Fatou, B. (2018). La sociología de la infancia y Bourdieu: diálogos sobre el campo en países hispano-hablantes. Política y Sociedad, 55 (1), 283-309. https://doi.org/10.5209/POSO.56119
Zeiher, H. (2003). Shaping daily life in urban environments. Em P. Christensen, & M. O’Brien. Children in the city: home, neighbourhood and community (pp. 66-81). RoutledgeFalmer.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Cibele Carvalho
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.