O exercício de “proximidade crítica” na formação de professores de línguas como um aceno aos inéditos viáveis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rhla.v20i2.39091

Palavras-chave:

Linguística aplicada, Ensino crítico, Formação de professores, Pedagogia freireana, Proximidade crítica

Resumo

Moita Lopes e Fabrício (2019) argumentam que um olhar atento a micromovimentos e seus potenciais transgressores possibilitam imaginar o impossível, traços distintivos da produção de “crônicas de proximidade crítica” em Linguística Aplicada. De modo similar, Paulo Freire (2021 [1992]) nos incita a buscar inéditos viáveis, ou seja, construir algo novo, aparentemente utópico, com base em nossa percepção de sua viabilidade. Alinhados a esses construtos, nesse relato autoetnográfico, construímos uma “crônica de proximidade crítica” freireana sobre nossas práticas pedagógicas, com base no que entendemos como ensino crítico, em duas experiências distintas que compartilhamos como formadores de professores de línguas. Focalizamos dois percursos pedagógicos: uma disciplina de graduação para calouros, “Introdução à Linguística Aplicada”, e um curso de extensão para professores da rede básica de educação, “Mobilizando saberes docentes”. As discussões nos encontros remotos, informadas por textos e materiais didáticos, buscavam problematizar práticas e refletir sobre caminhos possíveis, nos quais epistemologias e ontologias hegemônicas seriam colocadas em escrutínio, abrindo espaço para a circulação de narrativas múltiplas. O processo de escrita dessa crônica constitui-se como um espaço de construção de sentidos de nossas práticas pedagógicas, buscando (res)significá-las ao nos debruçarmos sobre nossas percepções acerca dos dispositivos narrativos produzidos pelos grupos nos percursos analisados.

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Biografia do Autor

Alison Roberto Gonçalves, Universidade Federal do Paraná

Professor Adjunto I na área de Inglês do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas (DELEM), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Inglês - Estudos Linguísticos, na Universidade Federal de Santa Catarina (2017). Possui mestrado em Letras (Inglês e Literatura Correspondente) pelo mesmo programa (2014), e graduação em Letras Português/ Inglês e respectivas Literaturas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2011). É membro do Núcleo de Pesquisa em Fonética e Fonologia Aplicada à Língua Estrangeira (NUPFFALE). Sua linha de pesquisa aborda a aquisição da habilidade oral sob viés psicolinguístico ou, ainda, o ensino da habilidade oral sob perspectivas críticas atuais (Inglês como Língua Franca ou Língua Internacional). Atua, principalmente, nos seguintes eixos: aquisição e processamento da linguagem, bilinguismo e multilinguismo, ensino-aprendizagem de língua inglesa, fonética e fonologia. E-mail para contato: arg@ufpr.br

Ana Paula Marques Beato-Canato, Universidade Federal do Paraná

Docente do curso de Letras Inglês e do Programa de Pós-Graduação em Letras na Universidade Federal do Paraná (UFPR), é mestre e doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina e pós-doutora em Linguística Aplicada pelo Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (UFRJ). Atualmente, seus focos de investigação são: discursos sobre educação, discurso de ódio, elaboração e análise de materiais didáticos, formação de professores e ensino-aprendizagem de línguas.

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Publicado

2021-11-25

Como Citar

Roberto Gonçalves, A., & Beato-Canato, A. P. M. . (2021). O exercício de “proximidade crítica” na formação de professores de línguas como um aceno aos inéditos viáveis. Revista Horizontes De Linguistica Aplicada, 20(2), AG6. https://doi.org/10.26512/rhla.v20i2.39091

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