Ensino de língua estrangeira e ensino médio (integrado): sob a mira(gem) da formação omnilateral e politécnica

Autores

  • Daniella de Souza Bezerra IFG
  • Aleksandar Jovanovi USP

DOI:

https://doi.org/10.26512/rhla.v13i1.1343

Resumo

Em face da publicação das novas diretrizes curriculares para a educação básica, para o ensino médio e para a educação profissional técnica, este trabalho resgata: 1) os fundamentos da concepção de formação humana integral que embasa a proposta da etapa final da educação básica brasileira bem como 2) os construtos filosóficos que orientam as práticas de ensino de línguas estrangeiras em contexto brasileiro, com o objetivo de entender suas aproximações e distanciamentos. Para tal, trataremos, primeiramente, dos fundamentos filosóficos, epistemológicos e pedagógicos da concepção de educação omnilateral e politécnica baseada na concepção de educação marxista, e, em seguida, das abordagens de ensino de línguas estrangeiras hegemônicas no Brasil, quais sejam, a formalista e a comunicativa e da abordagem contrahegemônica, a do letramento crítico, assumida nos documentos oficiais. A discussão teórica evidencia que a proposta de letramento crítico para o Ensino de Línguas Estrangeiras, integrada ou não às outras abordagens de ensino de línguas estrangeiras, está coerente com o princípio da formação humana integral em sua totalidade, em termos epistemológicos e pedagógicos. Levando em consideração que a maior parte dos professores de línguas estrangeiras em serviço em escolas de ensino médio (integrado à educação profissional técnica) não recebe(ra)m formação para materializar as dimensões de um ensino de uma língua estrangeira a partir de uma abordagem de letramento crítico, grandes esforços e investimentos terão quer ser demandados pelo Estado (caso lhe convenha que essa abordagem passe de prescrita à adotada), pelas escolas e, principalmente,  pelos professores para que se possa possibilitar de fato uma formação emancipatória que  não dispense, mas que não se restrinja à preparação para o ingresso no ensino superior nem tampouco ao mundo do trabalho.

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Biografia do Autor

Daniella de Souza Bezerra, IFG

Possui graduação em Letras-Português/Inglês (2004) e especialização em Docência no Ensino de Língua e Literatura (2006) pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), mestrado em Linguistíca Aplicada pela Universidade de Brasília (UNB/2007) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP/2012) na linha de pesquisa em Linguagem e Educação. É, desde 2008, professora do ensino básico, técnico e tecnológico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Tem experiência e interesse na interface entre as áreas de Educação, Linguística Aplicada e Ensino de Ciências e Matemática.

Aleksandar Jovanovi, USP

Doutor em Linguística Geral e Semiótica, é professor da Universidade de São Paulo. Trabalha, basicamente, com Linguística Aplicada e formação de professores de linguas estrangeiras. Pesquisa Teorias de Aquisição e Abordagens e Métodos de Ensino de Linguas Estrangeiras. Também é tradutor de algumas línguas da Europa Centro-Oriental.

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Publicado

2015-05-14

Como Citar

de Souza Bezerra, D., & Jovanovi, A. (2015). Ensino de língua estrangeira e ensino médio (integrado): sob a mira(gem) da formação omnilateral e politécnica. Revista Horizontes De Linguistica Aplicada, 13(1). https://doi.org/10.26512/rhla.v13i1.1343

Edição

Seção

Artigos