As representações do erótico e a construção da pornotopia nas capas de Ele Ela (1970-1977)
DOI:
https://doi.org/10.26512/emtempos.v0i25.14817Keywords:
Ele ela. Pornotopia. erotismo.Abstract
Ele Ela foi criada em 1969 como uma revista para os casais, voltada principalmente para discussões sobre a sexualidade conjugal e tendo como objetivo declarado a busca pela manutenção dos casamentos. Em 1976 a revista completava uma mudança no seu direcionamento editorial que começara cerca de dois anos antes: adequando-se a uma segmentação do mercado, Ele Ela tornava-se apenas masculina, e textos, imagens e temáticas sofriam as necessárias alterações para a adequação ao novo nicho. Neste processo de reformulação, os códigos de representação erótica foram utilizados para, gradualmente, construir um modelo de utopia pornográfica, representado pelo corpo feminino reduzido a sua sexualidade. O objetivo deste artigo é, a partir da análise de capas da revista Ele Ela produzidas entre 1970 e 1977, compreender como as representações do feminino sumarizam a construção de uma pornotopia que passará a estar presente nas páginas da publicação. Além do conceito de pornotopia, desenvolvido por Steven Marcus (2009), o artigo parte da metodologia de análise proposta por Artur Freitas (2004), que destaca como as imagens devem ser compreendidas em seus aspectos formais, semânticos e sociais. Além disso, utiliza-se do conceito de schemata, de Ernst Gombrich (1995), para compreender a construção dos modelos de representação do erótico utilizados. Pela análise pôde-se perceber que, no processo de sua reformulação, as capas passaram de temas inicialmente românticos, adequados a uma publicação voltada aos casais (ainda que a sensualidade estivesse sempre presente), para destacar exclusivamente a sensualidade feminina, reduzindo as mulheres a seu erotismo.
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