O discurso do rei: o Sistema de Avaliatividade como instrumento de análise da tradução
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v10.n1.2021.32412Palavras-chave:
Texto Original. Legenda. Dublagem. Avaliatividade. O Discurso do Rei.Resumo
É notória, em muitas produções audiovisuais, a discrepância linguística entre legenda e dublagem. Este estudo, à vista disso, objetivou investigar como funcionam os mecanismos avaliativos da linguagem (Martin, 2000; Martin & Rose, 2003; Martin & White, 2005) no discurso em inglês do rei George VI presente no filme O Discurso do Rei (Hooper, 2010), disponibilizado em DVD, em comparação com a legenda e a dublagem em português brasileiro, a fim de verificar se ocorrem mudanças atitudinais (Maciel & Rodrigues-Júnior, 2017) entre as três instâncias do mesmo discurso. Para tal, lançamos mão do aporte teórico-metodológico da Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por Halliday (1994), e do Sistema de Avaliatividade (appraisal system), mais especificamente do subsistema de Atitude, a partir dos estudos de Martin e White (2005), inserindo-se no escopo da metafunção interpessoal. Inicialmente, por meio dos conceitos de avaliatividade, retextualização (Vasconcellos, 1997) e agnação (Matthiessen, 2001), foi delineado o papel do tradutor, constatando seu caráter de participante nos textos traduzidos. As análises mostraram que as escolhas lexicais do tradutor podem impactar o texto traduzido de três formas: mantendo a avaliação presente no texto original; alterando o tipo de avaliação; ou criando/excluindo uma avaliação. Logo, é necessário pontuar que para se traduzir um texto não basta apenas conhecimentos linguísticos, mas também textuais e discursivos. Pode-se observar também a predominância de avaliações do tipo apreciação de valoração, o que indica que o rei buscava conferir valor à s coisas e à s ideologias, não atribuindo avaliações especificamente a pessoas. Assim, o nobre utiliza a linguagem para conscientizar a população da situação catastrófica que estavam vivendo, para depreciar os propósitos do inimigo e para valorizar a tarefa que enfrentariam, imprimindo em suas escolhas lexicais os seus próprios sentimentos. Com isso, através de sua influência como monarca, procurou unir a população contra o inimigo comum: o nazismo.
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