Tradução comentada do conto Cinta grabada do escritor paraguaio Mario Halley Mora
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v8.n4.2019.22981Palavras-chave:
Tradução. Literatura paraguaia. Mario Halley Mora. Jopara. Sociolinguística.Resumo
O texto apresenta a tradução comentada ao português do conto Cinta grabada do escritor paraguaio Mario Halley Mora. Temos como objetivo discorrer brevemente sobre as escolhas tradutórias com o intuito de problematizar, sob o viés da Sociolinguística, a diversidade dos sistemas linguísticos envolvidos no texto fonte: o espanhol e o guarani; assim como os recursos utilizados na língua de chegada: a variedade do português brasileiro. Segundo Rabadán (1991), é usual na literatura o uso de variedades diatópicas ou diastráticas na caracterização dos personagens. Observa-se que a literatura paraguaia está permeada de usos da língua guarani, seja no emprego de léxicos, seja na manifestação de sua influência na variedade do espanhol paraguaio. O autor, com o objetivo de retratar a realidade linguística do Paraguai, mobiliza, na fala de seu personagem, características da classe social menos escolarizada (dimensão diastrática). Desse modo, na tradução, consideramos o bilinguismo paraguaio multissecular, produto do contato entre o guarani e o espanhol, que gerou influências mútuas entre ambas as línguas envolvidas. Na variedade do espanhol paraguaio, é possível avistar não só influências lexicais do guarani (resultado mais evidente do contato), senão influências fonéticas e morfossintáticas. Tais características estão formuladas no conto e desafiam o trabalho do tradutor. A riqueza do conto não se restringe apenas à variedade recriada na fala do narrador. Os causos rememorados por ele apresentam ao leitor fatos marcantes na história paraguaia, como a Guerra da Tríplice Aliança e suas consequências sociais, bem como o papel da Igreja Católica na sociedade. O leitor também poderá acessar um breve glossário dos léxicos em guarani utilizados no conto, os quais foram mantidos na tradução a modo de aproximá-lo à realidade sociocultural do Paraguai.
Downloads
Referências
ANTUNES, Leonardo. Profissionais qualificam de livros no País. Jornal do Comércio, 2019. Disponível em: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cultura/2019/02/668718-traducao-literaria.html?fbclid=IwAR2q58G1EYh-dVdlRlwCJsJhH6-lhFvzOiJDVxQf5E2rZl7UYsf_5o4RZkU. Acesso em: 4 out. 2019.
ARECES, Nidia R. De la Independencia a la Guera de la Triple Alianza. In: TELESCA, Ignacio. Historia del Paraguay. 3. ed. Asunción: Santillana, 2011. p. 149-197.
BARCO, José Vicente Peiró. Literatura y sociedad. La narrativa paraguaya actual (1980-1995). Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes (TESE), 2002.
BENISZ, Carla. Dos versiones de Judas. Acerca de dos novelas del exilio: Respiración artificial de Ricardo Piglia y El Fiscal de Augusto Roa Bastos. Revista Paraguay desde las Ciencias Sociales, Buenos Aires, v. 2, p. 45-64, 2013. Disponível em: https://publicaciones.sociales.uba.ar/index.php/revistaparaguay/article/view/1730. Acesso em: 4 out. 2019.
CANESE, Natalia Krivoshein de.; ALCARAZ, Feliciano Acosta. Ñe'eryru. Asunción: Universidad Católica de Asunción, 2015.
CERNO, Leonardo. Descripción fonológica y morfosintáctica de una variedad de la lengua guaraní hablada en la provincia de Corrientes (Argentina). 2011. Tese (Doctorado) - Facultad de Humanidades y Artes, Universidad Nacional de Rosario, Rosario, Argentina.
CHAMORRO, Graciela. Cuerpo Social: Historia y Etnografia de la Organización Social en los Pueblos Guarani. v. II. Asunción: Tiempo de Historia - FONDEC, 2007.
CORTÉS, Eladio; BARREA-MARLYS, Mirta. Encyclopedia of Latin American Theater. 1. ed. Westport: Greenwood Press, 2003.
DELGADO, Suzy. Nombres Capitales de la Literatura Paraguaya: compilación y selección. Asunción: Servilibro, 2012.
FARACO, Carlos A. Linguística Histórica. São Paulo: Ática, 1998.
FERRER, Renée. Narrativa paraguaya actual : dos vertientes. Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, [2001] 2011. Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/obra/narrativa-paraguaya-actual-dos-vertientes--0/. Acesso em: 4 out. 2019.
GARCEZ, Pedro M. Diversidade linguística: considerações para a tradução. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 33, p. 59-70, 1999.
KALLFELL, Guido. ¿Cómo hablan los paraguayos con do s lenguas? Gramática del jopara, 2016. Tese, Westfälischen Wilhelms-Universität zu Münster, Münster, 2016.
LUSTIG, Wolf. Literatura Paraguaya en Guaraní. América sin nombre, p. 54-61, 2002. Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/nd/ark:/59851/bmc4f3r3. Acesso em: 4 out. 2019.
MÉNDEZ-FAITH, Teresa. Breve diccionario de la literatura paraguaya. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervante, 2001.
MORÃNIGO, José Nicolás. La transición circular. Novapolis, p. 3-20, 2002.
PEIRÓ, José Vicente. El robinsonismo de la narrativa paraguaya. In: BAY, Carmen Alemany; MATAIX, Remedios; ROVIRA, José Carlos. La isla posible. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 2001. Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/obra/la-isla-posible--0/. Acesso em: 4 out 2019.
POTTHAST, Barbara. La Mujer en la Historia del Paraguay. In: TELESCA, Ignacio. Historia del Paraguay. 3. ed. Asunción: Santillana, 2011. Cap. XIII, p. 317-335.
RABADÁN, Rosa. Equivalencia y traducción: problemática de la equivalencia traslémica inglés-españo. León: Universidad de León, 1991.
SUÁREZ, Victorio V. Proceso de la Literatura Paraguaya. 4. ed. Asunción: Fondec, 2015.
THUN, Harald. A dos mil la uva, a mil la limón. Historia, función y extensión de los artículos definidos del castellano en el guaraní jesuítico y paraguayo. In: SYMEONIDIS, O. W. D. H. Guaraní y Mawetí-Tupí-Guaraní. Berlím: Lit Verlag, 2006. p. 357-414.
THUN, Harald; CERNO, Leonardo; OBERMEIER, Franz. Guaranihape tecocue - Lo que pasó en la guerra (1704 - 1705). Kiel: Westensee Verlag, 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Dado ao acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista
A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. As contribuições publicadas são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
Os autores, ao submeterem trabalhos para serem avaliados pela revista Belas Infiéis, mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).