Dévoilement, uma nãotradução literária do Apocalipse
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v12.n1.2023.44679Palavras-chave:
Jacques Brault. Nãotradução. Retradução literária das Escrituras. Bíblia dos escritores. Livro do Apocalipse.Resumo
Este artigo pretende analisar alguns mecanismos da nãotradução – a poética tradutória do escritor québécois Jacques Brault – empregados em um texto sensível. A nãotradução estabelece uma relação enunciativa tríplice entre o original, a tradução e o texto final. Assim, à voz de João de Patmos juntou-se a de Brault para – por meio de procedimentos característicos de referida poética – dissipar o esoterismo que a tradição conferiu ao livro do Apocalipse com suas diversas retraduções. Trata-se de uma reescrita que, ao negligenciar a sua filiação bíblica, fez com que o caráter de “testemunho” do Apocalipse – que é dado à obra por seu autor – determinasse as escolhas nãotradutórias. Visto por Brault como um poderoso poema de estatura épica, o derradeiro tomo das Escrituras foi objeto de uma nãotradução que deixou de lado a sua ascendência religiosa e se concentrou em seu aspecto poético. O resultado é Dévoilement [Revelação], uma nãotradução literária daquele que é considerado um dos mais difíceis e polêmico livro da Bíblia.
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