Traduzir o écart ou por que não confiar na fidelidade

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v13.n1.2024.51291

Palabras clave:

Tradução segundo François Jullien. De- e re- categorização. Écart e entre. Assimilar e desassimilar. Tradução e alteridade.

Resumen

O filósofo, helenista e sinólogo francês François Jullien desenvolveu um método de sondar algumas das noções chaves do pensamento europeu-ocidental ao adotar uma outra perspectiva para examiná-las, a do pensamento chinês-oriental.  Ele propõe uma forma de “de- e re- categorização de um conceito”, ou seja, sem ficar paralisado em nenhum destes dois pontos de vista, mas se libertando de um por meio do outro e assim permitir que se interpretem. É com este exercício que ele aborda a tradução. Ele elabora a sua reflexão sobre o tema valendo-se de certas proposições desenvolvidas e dispersas em várias de suas obras. A questão que o filósofo se coloca é: como a tradução, bem como o próprio pensamento europeu-ocidental pode ser renovado e, até mesmo modificado, ao se traduzir uma língua que não pertence à família linguística do indo-europeu, como o chinês que, além disso, é o único idioma existente atualmente cuja escrita não é fonética, mas ideográfica. Para responder a esta indagação, ele faz estremecer alguns dos constructos base do pensamento helenista que reverberam no que chama de “trabalho da tradução” como as categorias de Aristóteles e Kant, ou ainda, o Ser, Deus, a liberdade, etc. Criticando expressões que usualmente são empregadas no debate acerca da tradução, como “perda”, “traição”, “fidelidade”, “luto”, “diferença”, “equivalência”, “comparáveis”, Jullien ilustra as suas proposições com exemplos práticos de traduções do chinês para o francês e vice-versa. Ele pensa a tradução em termos de écart e entre. Écart é o fenômeno responsável pela abertura de uma distância que faz surgir o entre, o espaço onde o Outro – a língua e culturas de partida – é colocado e mantido em relação. A tradução se opera neste entre aberto pelo écart. Traduzir, segundo Jullien, é, em um primeiro momento, assimilar para, a seguir, desassimilar e, no entre, deixar passar o Outro, sem obliterar a alteridade. Em suma, écart e entre promovem a partilha que é a tradução.

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Biografía del autor/a

Ana Magda Stradioto-Casolato, FFLCH - USP

Ana Magda Stradioto-Casolato é pesquisadora e tradutora. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-graduação LETRA, na área de Tradução e Poética do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e Bacharela em Letras, Habilitação Francês pela mesma instituição.

Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/2254957935421727

ORCID: http://orcid.org/0000-0003-2491-7078

E-mail: ana.stradioto@usp.br

Citas

Jullien, F. (2008). De l’universel, de l’uniforme, du commun et du dialogue entre les cultures. Fayard.

Publicado

2024-08-06

Cómo citar

STRADIOTO-CASOLATO, Ana Magda; JULIEN, François. Traduzir o écart ou por que não confiar na fidelidade. Belas Infiéis, Brasília, Brasil, v. 13, n. 1, p. 01–29, 2024. DOI: 10.26512/belasinfieis.v13.n1.2024.51291. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/belasinfieis/article/view/51291. Acesso em: 25 ago. 2024.

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