As irmandades negras na encruzilhada do “sincretismo”

leituras sobre o Catolicismo e as religiosidades afro-baianas nos séculos XIX e XX

Autores

  • Mariana de Mesquita Santos Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.26512/emtempos.v1i36.31701

Palavras-chave:

Religiosidades Negras. Irmandades Negras. Salvador.

Resumo

Objetos de pesquisa explorados desde o início do século XX, as religiosidades afro-baianas foram analisadas em larga medida por narrativas folclorizantes e eivadas de diferentes preconceitos e racismos, que acabaram nutrindo o senso comum a respeito das suas práticas. A partir do último quartel dos novecentos, estas narrativas foram enfrentadas pela crítica de diferentes grupos étnicos e religiosos, além da academia. Neste artigo traçamos uma breve leitura a respeito desta encruzilhada de práticas religiosas e suas respectivas interpretações, utilizando como ponto de partida a experiência de membros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Pelourinho e de outras manifestações religiosas soteropolitanas, entre os séculos XIX e XX. Neste espaço a religiosidade afro-baiana foi e ainda é experimentada entre os seus integrantes e nos oferece aportes para sugerir uma outra forma de se interpretar as suas práticas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABREU, Martha. O império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: FAPESP, 1999.
ALBUQUERQUE, Wlamyra. O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios. 27ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1977. pp. 153-155.
ANZALDÚA, Gloria. “La conciencia de la mestiza / Rumo a uma nova consciência”. In.: Estudos Feministas. Florianópolis, 13(3): 320, setembro-dezembro/2005. Pp. 704-719.
AZEVEDO, Thales. O catolicismo no Brasil: um campo para pesquisa social. Salvador: Edufba, 2002. (1ª edição: 1953).
BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. Contribuição a Uma Sociologia das Interpenetrações de Civilizações. Segundo Volume. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1971.
CARNEIRO, Édison. Negros Bantus. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1937.
CASTILLO, Lisa Earl. “O Terreiro do Gantois: redes sociais e etnografia histórica no século XIX”. In.: Revista de História. São Paulo, n 176, ago 2017.
CUNHA, Maria Clementina Pereira. “Acontece que eu sou baiano”: identidades em Santana ”“ Rio de Janeiro, no início do século XX. In.: AZEVEDO, Elciene... [et al.]. Trabalhadores na cidade: cotidiano e cultura no Rio de Janeiro e em São Paulo, séculos XIX e XX. Campinas: Editora da Unicamp, 2009. Pp. 313-355.
FARIAS, Juliana [et al.]. Cidades Negras: africanos, crioulos e espaços urbanos no Brasil escravista do século XIX. São Paulo: Alameda, 2006.
FARIAS, Sara. “Irmãos de cor, de caridade e de crença: a Irmandade do Rosário do Pelourinho na Bahia do século XIX”. Dissertação (Mestrado) ”“ Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1997.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2012.
GONZALEZ, Lélia. “A categoria político-cultural de amefricanidade”. In.: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, nº 92/93 (jan./jun.). 1988. Pp. 69-82.
HALL, Stuart. “Pensando a diáspora: reflexões sobre a terra no exterior”. In. HALL, Stuart. Da Diáspora. Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003. pp. 25-50.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LIRA NETO. Uma história do samba: volume I (as origens). São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
NASCIMENTO, Wanderson Flor. “Olhares sobre o candomblé na encruzilhada: sincretismo, pureza e fortalecimento da identidade”. In: Revista Calundu. Vol. 1, n. 1, jan-jun 2017. (Disponível em https://calundublog.files.wordpress.com/2017/07/wanderson-olhares-sobre-os-candomblc3a9s.pdf. Acesso em Maio/2020). Pp. 21-36.
NGUMBA, Phambu. “Para uma leitura antropológica das manifestações religiosas afro-brasileiras no âmbito e ao interior do catolicismo”. Dissertação (Mestrado) ”“ Faculdade Nossa Senhora da Assunção de São Paulo (PUC), São Paulo, 1999.
PARÉS, Luis Nicolau. A formação do Candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia. 2º ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.
REGINALDO, Lucilene. Os Rosários dos Angolas: irmandades de africanos e crioulos na Bahia setecentista. São Paulo: Alameda, 2011.
SANTANA, Analia. “A Irmandade do Rosário dos Homens Pretos do Pelourinho: memória e identidade afro católica na Bahia”. Africanias.com, UNEB, Ed. 1, 2011.
__________, “A participação política das mulheres na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Pelourinho (1969-2001)”. Dissertação (Mestrado) ”“ Universidade do Estado da Bahia. Salvador, 2013.
SILVEIRA, Renato da. “Repensando a irmandade negra na sociedade colonial”. In. Dossiê Irmandades Negras. Biblioteca Virtual Consuelo Pondé ”“ Governo da Bahia. In.:http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=68. (Acesso Jul./2017).
SIMAS, Luiz Antonio. O corpo encantado nas ruas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.
SOUSA, Vilson Caetano de. Orixás, santos e festas: encontros e desencontros do sincretismo afro-católico na cidade de Salvador. Salvador: Editora UNEB, 2003.
SWEET, J. Recriar África: cultura, parentesco e religião no mundo afro-português (1441-1770). Lisboa: Edições 70, 2007.
VAINFAS, Ronaldo. “As religiosidades como objeto da historiografia brasileira”. Entrevista com Laura de Mello e Souza. In.: Tempo, vol. 6, nº 11, Julho, 2001. Pp. 251-254.

Downloads

Publicado

2020-07-04

Como Citar

SANTOS, Mariana de Mesquita. As irmandades negras na encruzilhada do “sincretismo”: leituras sobre o Catolicismo e as religiosidades afro-baianas nos séculos XIX e XX. Em Tempo de Histórias, [S. l.], v. 1, n. 36, 2020. DOI: 10.26512/emtempos.v1i36.31701. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/emtempos/article/view/31701. Acesso em: 4 nov. 2024.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)