v. 29 n. 54 (2020): Dossiê: Clarice Lispector: 100 anos entre outras artes
Apesar das variadas datas de nascimento de Clarice Lispector registradas em diferentes documentos, os biógrafos concluíram que a autora nasceu em 10 de dezembro de 1920, portanto, em 2020, comemoraremos os 100 anos da escritora. Um século de uma literatura multifacetada tanto do ponto de vista da escrita como dos meios artísticos através dos quais Clarice Lispector buscou interrogar a si própria e sua escrita e expressar seu (des)entendimento com o mundo. Conhecida e consagrada por seus romances e contos, Clarice foi também tradutora, jornalista, cronista, pintora e dramaturga. Em qualquer uma dessas atividades, Clarice buscava sempre “um modo de se interrogar no interior do ato criativo”, procurando, como G.H., desvendar e problematizar o ser e o estar no instante-já da vida (explosão). Em Clarice Lispector: figuras da escrita, o crítico e ensaísta Carlos Mendes Sousa, um dos organizadores deste dossiê, apresenta alguns questionamentos sobre a escrita clariceana: “O que dissolve a verdade possível da cena? O que desrealiza a consistência verossímil da lembrança?” e, em seguida responde: “Justamente a sensação figurando a escrita. As palavras como que devoram as imagens. Como se se traduzisse a sensação que está na origem do ato da escrita: da imagem à palavra.”
Em edição comemorativa, a Revista Cerrados (Revista do Programa de Pós-Gradução em Literatura), dedica esse dossiê para reunir artigos sobre as relações da autora de Perto do coração selvagem com as outras artes, nas quais Clarice Lispector procurou - e através de transcriações e traduções essa procura ainda continua - uma maneira de atuar política, artística e socialmente sobre sua realidade circundante.
Ao menos um dos autores da contribuição enviada deverá ter a titulação de doutor.