v. 8 n. 1 (2020): Dossiê "Formas da Razão"
O Dossiê que apresentamos não pretende oferecer uma visão exaustiva dos temas abordados por Gilles-Gaston Granger e Jules Vuillemin, nem tem, na verdade, um objetivo apenas exegético. Ele ambiciona se inspirar do núcleo racionalista do projeto desses filósofos para mostrar em que sentido ele tem uma relevância hoje, para vários tipos de problemas que desafiam e enriquecem a filosofia. Daí, esse título amplo das “formas da razão”, que respeita a inspiração de cada autor, mesmo que o enfoque principal esteja sobre as ciências formais (as diversas lógicas e matemáticas), que constituíram um objeto de investigação privilegiado de Granger e Vuillemin.
Este Dossiê é o resultado de um trabalho coletivo de vários anos, começado em 2017. Efetivamente, foram organizados dois colóquios sobre Granger, Vuillemin e o racionalismo, numa perspectiva ampla. O primeiro encontro aconteceu em Paris, no mês de fevereiro de 2018, e foi organizado pelo Colégio Internacional de Filosofia. Reuniu quatro autores durante um dia, para debater da tentativa de “reinvenção da razão” dos dois epistemólogos franceses. O segundo aconteceu no mês de maio de 2018, na Universidade de Brasília, e foi organizado pelo departamento de Filosofia da UnB, com o apoio da FAPDF, e em colaboração com o Colégio Internacional de Filosofia. Durante dois dias, reuniu quinze intelectuais de vários países, principalmente da França e do Brasil, para discutir as transformações contemporâneas das “formas da razão” (os vídeos do colóquio estão disponíveis online: https://tinyurl.com/y4dakbnv). Várias comunicações desses colóquios foram publicadas em outras revistas e a Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea selecionou alguns para este dossiê, adicionando os artigos de alguns autores que não estiveram presentes nos eventos supracitados.
Obviamente, o dossiê não pretende elucidar todos as dimensões das obras de Granger e Vuillemin. Ele junta várias contribuições que enfocam seja sobre alguns tópicos da racionalidade contemporânea que prolongam as reflexões dos dois filósofos franceses sobre o assunto, seja sobre um aspecto da obra deles que necessita um esclarecimento. A primeira parte do dossiê, então, é mais investigativa, enquanto a segunda é mais exegética. Nos dois casos, porém, esperamos que as análises estejam voltadas para problemas que hoje ainda têm uma relevância para pesquisas em curso, como fizeram precisamente esses dois autores quando estudaram obras contemporâneas ou históricas, científicas ou filosóficas.