Edições anteriores

  • Filosofia Francesa
    v. 11 n. 1 (2023)

  • Dossiê "Bernard Mandeville"
    v. 10 n. 3 (2022)

    Este número da Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea marca um passo importante no desenvolvimento dos estudos sobre Bernard Mandeville (1670-1733) no Brasil, pois é a primeira coletânea de artigos dedicada exclusivamente a este autor. Embora haja abundância de literatura sobre os filósofos ingleses do século XVIII, ainda há escassez de material escrito sobre o pensamento do médico e satírico holandês. Da mesma forma, Mandeville foi um autor cujas ideias foram muitas vezes ofuscadas por seus contemporâneos mais famosos e influentes, seja na literatura, nos comentários políticos ou na filosofia, como Daniel Defoe, Jonathan Swift, Anthony Ashley-Cooper, o 3º Conde de Shaftesbury, George Berkeley , Alexander Pope e Francis Hutcheson. É evidente que as suas obras foram mais amplamente reconhecidas e aclamadas nos círculos intelectuais e na opinião pública do seu tempo do que as de Mandeville. No entanto, suas obras seminais, especialmente sua obra-prima A Fábula das Abelhas: ou, Vícios Privados, Benefícios Públicos (1714), desafiaram as noções convencionais de moralidade e sociedade, e geraram controvérsias que reverberaram muito além de seu tempo, fornecendo um estímulo provocativo a diversos debates.

  • Dossiê "Fenomenologias e Interfaces com a Clínica Interdisciplinar"
    v. 10 n. 2 (2022)

    O presente Dossiê visa refletir sobre a interface entre Fenomenologia, Clínica e Saúde Mental. Assume-se que o diagnóstico e o tratamento clínico de transtornos mentais são permeados por pressupostos filosóficos, e que ambos se beneficiam especialmente da abordagem fenomenológica, desenvolvida entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. Trata-se de uma metodologia que permite identificar, examinar e interpretar elementos próprios da experiência de mundo dos pacientes acometidos por transtornos mentais. Neste sentido, orientados por concepções desenvolvidas por diversos filósofos da vertente fenomenológica, os textos a seguir se ocuparão de questões atuais suscitados no contexto da atividade clínica relativa à saúde mental.

  • Dossiê "I Encontro de Pós-graduação em Filosofia da UnB"
    v. 10 n. 1 (2022)

    O I Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade de Brasília (I-ENPGFil/UnB), realizado virtualmente entre os dias 23 e 25 de fevereiro de 2022, e organizado pelos(as) estudantes de Mestrado e Doutorado em Filosofia da UnB, com apoio do Departamento de Filosofia, do Instituto de Ciências Humanas (ICH), bem como do Decanato de Pós-Graduação (DPG) e da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF), focalizou os Estudos filosóficos no Brasil e possíveis contribuições para a construção de uma identidade coletiva. Motivado especialmente pelo momento histórico mundial, fortemente marcado pela pandemia do COVID-19 e suas implicações para a saúde física e mental de todos, o evento buscou não apenas proporcionar um ambiente seguro para a retomada das interações acadêmicas, mas também estimular discussões acerca de diversas questões relevantes para a sociedade, que foram tensionadas e acirradas pela pandemia. Neste sentido, além de complementar a formação filosófica dos estudantes participantes por meio do debate qualificado com seus pares em âmbito nacional, pretendeu-se em particular fomentar discussões que pudessem contribuir para a construção e o fortalecimento das concepções/ideias que nos conectam socialmente.

    Inserido nas comemorações dos 22 anos do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UnB (PPGFil/UnB), o evento recebeu cerca de 300 inscrições – dentre as quais foram selecionados 125 trabalhos, sobre as mais diversas áreas da pesquisa filosófica –, provenientes de 30 programas de pós-graduação em Filosofia de todas as regiões do Brasil, e contou com público médio de 100 pessoas por dia, acompanhando Conferências, Minicursos, e Mesas-Redondas conduzidas por professores convidados, bem como Sessões Temáticas, nas quais foram proferidos os trabalhos dos estudantes. A programação completa do Encontro pode ser consultada no seguinte endereço: <https://www.even3.com.br/iepgfilunb/>. Os resumos dos referidos trabalhos foram publicados eletronicamente nos Anais do Encontro de Pós-graduação em Filosofia da UnB (ISBN: 978-65-5941-656-1), e também podem ser acessados pelo link <https://www.even3.com.br/anais/iepgfilunb/>. Alguns desses trabalhos foram selecionados para compor o presente Dossiê da Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea.

  • Dossiê "Tempo, Crítica, Catástrofe"
    v. 9 n. 3 (2021)

    O dossiê reúne um conjunto de autores e autoras cujo pensamento tem procurado lidar, histórica e criticamente, com a especificidade política e social do tempo presente, sem restringir a reflexão filosófica a escolas de pensamento ou a campos disciplinares particulares. As reflexões aqui presentes possuem, por isso, um caráter, predominantemente, ensaístico, pois atravessam e articulam livre e imaginativamente diversos campos – como filosofia, antropologia, psicanálise, educação, economia, história – no esforço de apreender aquilo que, de modo deliberadamente inacabado, poderíamos denominar como crítica das catástrofes do tempo presente. Pela expressão “Tempo, Crítica, Catástrofe”, subentende-se tanto as catástrofes climáticas e epidemiológicas, quanto aquelas da ascensão político-institucional da extrema-direita, do aprofundamento das desigualdades sociais, do desmonte da educação pública em todos os níveis, da heteronomia das formações culturais correlatas à expansão das redes sociais. 

    Os textos examinam desde as origens históricas do assim chamado “negacionismo” até a discussão a respeito das potencialidades do conceito moderno de autonomia estética e das figurações artísticas de um suposto “irrepresentável”, como se exemplificou no século 20. Especulam sobre os aspectos menos evidentes do recrudescimento contemporâneo do fascismo e das relações entre pedagogia, aniquilação do mundo do trabalho e os processos de formação das subjetividades “empreendedoras”. São, sobretudo, análises criteriosas do presente e de alguns de seus fenômenos políticos e sociais mais específicos.

  • Dossiê "Franz Brentano"
    v. 9 n. 2 (2021)

    Franz Brentano (1838 -1917) foi um importante filósofo e psicólogo do final do século dezenove. O impacto do ensinamento de Brentano na filosofia de língua alemã foi tão grande que levou à fundação de uma escola -  a Escola de Brentano - e a uma nova abordagem da filosofia científica que contrariou a tradição idealista e pós-Kantiana alemã. Edmund Husserl (1859-1938), Alexius Meinong (1853-1920), Christian von Ehrenfels (1859-1932), Kasimierz Twardowski (1866-1938), Carl Stumpf (1848-1936) e Anton Marty (1847-1914) foram todos alunos de Brentano, assim como Sigmund Freud (1856-1939). Brentano desempenhou igualmente um papel crucial na fundação da filosofia austríaca, ele teve uma enorme influência no trabalho do jovem Heidegger, assim como na origem da filosofia analítica. O conceito de “intencionalidade do pensamento”, situado entre o movimento fenomenológico e a tradição analítica, como redefinido por Brentano, foi - e continua sendo - um conceito chave da filosofia da mente dos séculos vinte e vinte um. Mas Brentano não apenas redefiniu a filosofia da mente; ele foi um pensador notável e inovador em vários campos da filosofia. Debates recentes em metaética, ontologia, metafísica, estudos da consciência e a história da filosofia analítica mostram um forte ressurgimento do interesse pelo pensamento de Brentano.

    Suas teorias eram bem conhecidas e debatidas não apenas nos países de língua alemã da Europa Central e Oriental, mas também no mundo anglo-saxão, especialmente em Cambridge, onde James Ward, George F. Stout, Bertrand Russell e George E. Moore prestaram grande atenção ao trabalho de Brentano. Entretanto, Brentano foi muitas vezes ofuscado por seus alunos, como Husserl ou Meinong, e sua fama começou a desvanecer-se nos anos vinte e trinta. Ele foi parcialmente reavaliado durante as décadas de cinquenta e sessenta e, mais consistentemente, nas últimas décadas.

    Durante muito tempo Brentano foi mencionado apenas como o filósofo que reintroduziu o conceito de intencionalidade no debate filosófico contemporâneo. É por isso que ele já foi citado como o “avô” do movimento fenomenológico e o precursor da filosofia analítica, mas suas visões e argumentos filosóficos raramente foram discutidos.

  • Dossiê "A Segunda Pessoa"
    v. 9 n. 1 (2021)

    O conflito entre as perspectivas da primeira e da terceira pessoa é bem conhecido por qualquer pessoa familiarizada com a literatura de filosofia da mente. Temos um acesso privilegiado aos nossos próprios estados mentais, atos ou eventos; há claramente uma assimetria entre a maneira como conhecemos nossos próprios estados mentais e a maneira como conhecemos os estados mentais de outras pessoas por meio da leitura mental ou da empatia. Assim, a perspectiva da primeira pessoa é subjetiva. Nessa perspectiva, pensamos em nós mesmos como seres conscientes e racionais, com responsabilidades, compromissos e valores. Este é o ponto de partida obrigatório de todos. O conhecimento que temos sobre nós mesmos a partir dessa perspectiva não é científico e não requer nenhum treinamento especial.

    A perspectiva da terceira pessoa é a das ciências naturais. É objetivo. Dessa perspectiva, somos organismos presos na rede causal do mundo, como qualquer outro objeto ao nosso redor. Quando as ciências naturais olham para o corpo humano, o que se vê é mostrado por tábuas anatômicas. Temos uma perspectiva de terceira pessoa quando diferentes pessoas podem olhar para os mesmos objetos, considerar e pesar as mesmas evidências, compartilhar os mesmos métodos, chegar às mesmas conclusões. A perspectiva de terceira pessoa pressupõe a possibilidade de se envolver no mesmo tipo de atividade (investigar, teorizar) e concordar com outras pessoas, assim, acessar, de alguma forma, e avaliar, as crenças de outras pessoas. Sem esse acesso (imperfeito) às crenças dos outros, não haveria objetividade. Mas isso é o que chamamos de intersubjetividade. Portanto, a objetividade está alicerçada na intersubjetividade. Mas a intersubjetividade é baseada na capacidade de se colocar na pele do outro. Esta é uma habilidade de primeira pessoa, a de representar os estados mentais de outras pessoas, uma capacidade meta-representacional baseada na perspectiva de primeira pessoa.

    Agora é fácil ver por que a ideia de introduzir uma perspectiva de segunda pessoa tornou-se conceitualmente tão urgente. A perspectiva de segunda pessoa é intersubjetiva, enraizada na perspectiva de primeira pessoa e fundamentando a perspectiva de terceira pessoa da ciência. A perspectiva da segunda pessoa é necessária para completar o quadro, para fechar a lacuna e explicar geneticamente como podemos sair do círculo fechado da subjetividade compartilhando crenças e métodos. É assim que alcançamos coletivamente "uma visão de lugar nenhum".

    Existem muitos ângulos diferentes para abordar o conceito SEGUNDA PESSOA. A perspectiva da segunda pessoa aparece como indispensável para aprofundar a compreensão de nós mesmos como agentes dotados de habilidades para se comunicar e usar termos mentalísticos. Há muito tempo, em Port-Royal, o grande Arnauld viu claramente que as nossas mentes não são completamente opacas; podemos "penetrar imperfeitamente" nas mentes uns dos outros, e isso é o que fazemos em qualquer interação verbal. Falamos como falamos porque temos aquela “penetração imperfeita” das mentes uns dos outros: “Não podemos refletir, por pouco que seja, sobre a natureza da linguagem humana, sem reconhecer que ela se baseia inteiramente nesta penetração imperfeita da mente do outros. É por isso que, na conversa, há tantas coisas que não expressamos”. Hoje, chamamos essa capacidade de “leitura da mente”. De acordo com psicólogos do desenvolvimento, ela começa a se desenvolver muito cedo, por volta dos 18 meses, e se completa por volta dos 48 meses, quando as crianças passam no teste de crença falsa. Um século depois, Thomas Reid introduziu a ideia de operações sociais da mente.

  • Dossiê "O Governo dos Algoritmos: A Morte da Política?"
    v. 8 n. 3 (2020)

    É inegável que a internet, os dispositivos móveis e as plataformas digitais provocaram uma verdadeira revolução no modo como produzimos, fazemos circular e recebemos informações. As mudanças são de tal ordem que é comum se falar em revolução, em uma nova realidade e em um modo de vida inédito no seio de uma nascente sociedade da informação. Essas transformações trazem, contudo, novos problemas e desafios, sendo preciso avaliar criticamente o mundo que se avizinha, que está longe de ser simplesmente uma utopia enfim realizada. Nesse contexto, convém refletir também sobre o futuro da política em diversas de suas dimensões, tocando em temas como a deformação da esfera pública, a crise institucional, os retrocessos sociais e o desmoronamento das democracias liberais.

    O que podemos entender por um “governo dos algoritmos”? Em seu sentido mais próprio, de acordo com Michel Foucault, governar envolve dirigir a si mesmo ou a outrem de uma maneira mais ou menos racional e sistemática, visando fins específicos. Trata-se de uma atividade que afeta, guia e formata nossa ação. O foco do governo reside assim em “conduzir condutas” e “ordenar a probabilidade”, ou seja, no direcionamento dos comportamentos por meio de incitação, indução, sedução ou constrangimento e proibição, de modo a tornar mais ou menos provável um determinado curso de ação. Nesse sentido, podemos dizer que uma nova estratégia de governo é colocada em funcionamento por meio de complexos algoritmos, que cada vez mais direcionam nossas condutas e influenciam decisivamente nossas práticas de consumo, nossas escolhas políticas e a formação de nossas opiniões. Esse novo governo baseia-se fundamentalmente na vigilância e extração automatizada de dados (dataveillance) que são processados, filtrados e correlacionados (datamining) de modo a permitir a elaboração algorítmica de perfis (profiling), capazes de antecipar comportamentos e agir sobre as ações futuras.

  • Dossiê “Origens da Filosofia Contemporânea”
    v. 8 n. 2 (2020)

    O grupo de pesquisa “Origens da Filosofia Contemporânea” realizou seu 10º encontro internacional anual em 2019. Para celebrá-lo, organizamos este dossiê de ensaios de vários professores que participaram dos encontros ao longo de sua história. O dossiê oferece uma razoável representação da rede de relações institucionais em que o grupo se insere, bem como do trabalho intelectual produzido nesse ambiente.

    O objetivo do grupo é estudar as relações entre as filosofias analítica e a fenomenológico-hermenêutica, com enfoque nas origens da filosofia contemporânea, a partir do estabelecimento de suas raízes comuns e seu posterior isolamento recíproco. A hipótese de trabalho do grupo é que tanto a filosofia analítica quanto a fenomenológico-hermenêutica representam uma mudança comum, do ponto de vista da história da filosofia, que pode ser caracterizada como o deslocamento do conceito de validade (Geltung) para o conceito de sentido (Sinn).

  • Dossiê "Formas da Razão"
    v. 8 n. 1 (2020)

    O Dossiê que apresentamos não pretende oferecer uma visão exaustiva dos temas abordados por Gilles-Gaston Granger e Jules Vuillemin, nem tem, na verdade, um objetivo apenas exegético. Ele ambiciona se inspirar do núcleo racionalista do projeto desses filósofos para mostrar em que sentido ele tem uma relevância hoje, para vários tipos de problemas que desafiam e enriquecem a filosofia. Daí, esse título amplo das “formas da razão”, que respeita a inspiração de cada autor, mesmo que o enfoque principal esteja sobre as ciências formais (as diversas lógicas e matemáticas), que constituíram um objeto de investigação privilegiado de Granger e Vuillemin.

    Este Dossiê é o resultado de um trabalho coletivo de vários anos, começado em 2017. Efetivamente, foram organizados dois colóquios sobre Granger, Vuillemin e o racionalismo, numa perspectiva ampla. O primeiro encontro aconteceu em Paris, no mês de fevereiro de 2018, e foi organizado pelo Colégio Internacional de Filosofia. Reuniu quatro autores durante um dia, para debater da tentativa de “reinvenção da razão” dos dois epistemólogos franceses. O segundo aconteceu no mês de maio de 2018, na Universidade de Brasília, e foi organizado pelo departamento de Filosofia da UnB, com o apoio da FAPDF, e em colaboração com o Colégio Internacional de Filosofia. Durante dois dias, reuniu quinze intelectuais de vários países, principalmente da França e do Brasil, para discutir as transformações contemporâneas das “formas da razão” (os vídeos do colóquio estão disponíveis online: https://tinyurl.com/y4dakbnv). Várias comunicações desses colóquios foram publicadas em outras revistas e a Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea selecionou alguns para este dossiê, adicionando os artigos de alguns autores que não estiveram presentes nos eventos supracitados.

    Obviamente, o dossiê não pretende elucidar todos as dimensões das obras de Granger e Vuillemin. Ele junta várias contribuições que enfocam seja sobre alguns tópicos da racionalidade contemporânea que prolongam as reflexões dos dois filósofos franceses sobre o assunto, seja sobre um aspecto da obra deles que necessita um esclarecimento. A primeira parte do dossiê, então, é mais investigativa, enquanto a segunda é mais exegética. Nos dois casos, porém, esperamos que as análises estejam voltadas para problemas que hoje ainda têm uma relevância para pesquisas em curso, como fizeram precisamente esses dois autores quando estudaram obras contemporâneas ou históricas, científicas ou filosóficas.

  • Dossiê “A Ideia de Universidade Pública e os Desafios Atuais da Formação em Filosofia”
    v. 7 n. 3 (2019)

    Em tempos de redefinição do lugar social da formação superior, não surpreende que a filosofia seja, talvez, a disciplina mais exposta a dúvidas quanto a sua legitimidade epistemológica e pedagógica. De fato, se a inquietude da autorreflexão é, desde sempre, uma característica de toda ciência humana, a filosofia sem dúvida se destaca pela radical incerteza ou pluralidade de interpretações que paira sobre seu estatuto, método, objeto, sua relação com a história, e sobre sua própria existência enquanto esfera específica do conhecimento. Apenas “normal”, portanto, que ela tenha sido alçada de repente ao centro do debate.

    As perguntas não são novas. Tampouco são um marco invariante, independente de transformações históricas e sociais. De fato, podemos encontrar problemas análogos ”“ ou “afinidades arquitetônicas” ”“ certamente em debates filosóficos que se pode colher no apogeu do florescimento universitário de língua árabe dos séculos IX, X, XI, ou também em sua recepção escolástico-cristã ao longo dos séculos seguintes, quando, e não por acidente, assentava raízes o próprio sistema universitário católico-europeu. Mas, desde o Iluminismo em particular, à medida que o sistema da formação universitária se fixava cada vez mais em uma justaposição de saberes setoriais, opunha-se à ideia clássica da philosophia perennis ”“ ciência atemporal de objetos atemporais ”“ a concepção de um certo “ponto de vista do todo”, desprovido de um objeto próprio, mas porta-voz da destinação humana e socialmente emancipatória da cultura. Com isso, a história ”“ tanto sua própria história quanto a contingência histórica e seu potencial a cada vez irrealizado ”“ entrou na filosofia como questão de método. Os dilemas da filosofia, seus objetos teóricos, encontraram, assim, sua contraparte real-efetiva, e se fizeram, com ou sem o expresso propósito ou consciência de causa, “traduções” a partir do, e em direção ao, mundo das instituições sociais.

  • Dossiê "Espinosa"
    v. 7 n. 2 (2019)

    A violência nas palavras. De família portuguesa, escolhido o nome de Bento (ou Baruch) ao nascer na comunidade judaica de Amsterdã, ninguém imaginaria que Espinosa, ainda na tenra juventude e neste mesmo lugar, dela seria excomungado sob a mais violenta acusação que inverteria o sentido de seu nome, transformando-o sob a pecha de "Maldito". Proscrito uma vez, e, logo depois, mais uma vez acusado de herege pela Santa Sé, Espinosa será o primeiro filósofo de origem judaica a ser incluído no Index. Mais ainda, ninguém imaginaria que, um século depois, a palavra "espinosista" seria usurpada de seu sobrenome para tornar-se sinônimo de grave acusação da qual muitos tiveram que se defender e que, contudo, não se encerrou no século XVIII, pelo contrário, persevera nas polêmicas das tantas querelas dos espinosimos dos séculos seguintes.

    Contudo, se no fio da história a filosofia de Espinosa é constantemente retomada no turbilhão por vezes ensurdecedor de múltiplas acusações daqueles tomados pelo horror frente ao seu sistema, é preciso ressaltar todavia que sua retomada nunca é consensual e que, simultaneamente, apresentaram-se intensos elogios, por dissonantes vozes, em reinterpretações por vezes divergentes que procuraram defendê-lo, muitos dos quais nele identificaram o seu próprio projeto filosófico e por isso de se aproximaram ou, inversamente, por nele encontrarem um caminho sem volta rumo a uma filosofia encerrada em si mesma, dela afastaram-se vigorosamente para evitar o perigo de serem engolidos em sua trama geométrica, aquela "máquina infernal" de proeza demonstrativa inescapável.

  • Dossiê "Michel Foucault"
    v. 7 n. 1 (2019)

    Desde a década de 70, época em que Michel Foucault proferiu várias palestras no Brasil, o interesse por sua obra tem crescido continuamente, sobretudo com a influência da Teoria Francesa na América do Norte e na América Latina. Atualmente, o estudo do seu pensamento experimenta renovada projeção em virtude da publicação de diversos inéditos (cursos, manuscritos, etc.), e do acesso a seus arquivos pessoais (contendo notas de leitura, e correspondência). A relevância filosófica da sua obra na atualidade parece indiscutível, dada a influência que exerce sobre vários autores de destaque da contemporaneidade, como Judith Butler, Giorgio Agamben, Achille Mbembe, entre outros. O objetivo deste Dossiê consiste em oferecer uma contribuição ao panorama da pesquisa internacional recente sobre Foucault, tanto no que toca a exegese crítica da obra quanto aos debates que ela continua a provocar, e os possíveis cruzamentos para se pensar a ontologia do “nosso” presente.

    A parte exegética deste Dossiê insiste na dimensão pós-marxista de Foucault, e na busca de uma nova racionalidade prática, talvez de uma nova definição da liberdade subjetiva, que permitisse justificar as revoltas na sua diversidade, desde as contracondutas mais íntimas até as insurreições mais coletivas. O Dossiê apresenta também alguns debates que a filosofia de Foucault continua a provocar. A explicitação das críticas e objeções a Foucault permitem testar a obra, para saber se ela tem a coerência que reivindica. Finalmente, o Dossiê apresenta algumas tentativas de apropriações. O que fazer de Foucault hoje? Como utilizar os seus conceitos para enfrentar a análise do nosso presente? Dois artigos tentam cruzamentos com o pensamento de outros autores. A filosofia contemporânea também se fortalece dessa mescla.

  • Dossiê "Colóquio UnB-USP de Lógica e Filosofia da Lógica"
    v. 6 n. 2 (2018)

    O Colóquio UnB-USP de Lógica e Filosofia da Lógica teve sua primeira edição em janeiro de 2016 como uma das atividades regulares do grupo de pesquisa Lógica Filosófica e Filosofia da Lógica (CNPq) cujos membros permanentes são professores de Lógica dos Departamentos de Filosofia da Universidade de Brasília Universidade de São Paulo.

    A lógica combina métodos matemáticos e conceitos filosóficos, e a ideia do colóquio é refletir esse perfil. O evento tem como característica principal a realização de palestras longas que são em geral conduzidas por palestrantes que utilizam apenas giz e quadro. A organização do colóquio é realizada ora em Brasília, ora em São Paulo, com membros ligados aos dois centros. Sempre ocorre no mês de janeiro, em duas tardes consecutivas.

    O presente número da Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea (UnB) contém um dossiê dedicado à publicação de artigos escritos por participantes de edições prévias do colóquio, não retratando uma edição específica.

  • Dossiê "O Homem e seus Mundos - Perspectivas Filosóficas e Científicas"
    v. 6 n. 1 (2018)

    Depois de três décadas de contribuição ao ensino, à  pesquisa, à  orientação e à  coordenação de grupos de pesquisa, particularmente em Filosofia da Biologia, nosso colega Paulo Abrantes aposentou-se do cargo de professor titular da Universidade de Brasília, no Departamento de Filosofia e no Instituto de Biologia. Pesquisador amplamente reconhecido em sua área de trabalho, bolsista de produtividade do CNPq, nível I, a aposentaria do professor Abrantes não poderia ficar indiferente aos que tiveram e têm o privilégio de trabalhar com ele. Assim, com o apoio do Departamento de Filosofia, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPG-FIL), do Projeto Douta Ignorância e do Instituto de Biologia, foi organizado um colóquio em sua homenagem, e coube a nós a grata tarefa de organizá-lo. Convidamos colegas que trabalham nas áreas de pesquisa do professor Abrantes ”“ História e Filosofia da Ciência, Filosofa da Biologia e Filosofia da Mente ”“ para apresentarem trabalhos nesses temas. Dessa maneira, entre os dias 28 e 30 de junho de 2017 ocorreu o Colóquio O Homem e seus Mundos ”“ Perspectivas filosóficas e científicas: Encontro em torno do Percurso Acadêmico do Professor Paulo C. Abrantes. Quinze professores de universidades do Brasil e do exterior participaram do Colóquio, com apresentações de suas pesquisas. Os debates que se seguiram às palestras também não poderiam ter sido mais proveitosos.

    Os trabalhos resultantes do Colóquio, que compõem essa edição da Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, são parte do que foi apresentado no auditório do Instituto de Biologia e na Biblioteca Central da UnB, naqueles dias do agradável inverno brasiliense. Os temas refletiram as áreas que o professor Abrantes tem estudado nessas três décadas de atividade científica e foram bem representativos de suas pesquisas. Os títulos das palestras e mesas-redondas foram os seguintes: As relações entre História da Ciência e Filosofia da Ciência; Por que o pluralismo interessa à  epistemologia?; Estruturas linguísticas, paradigmas e holismo; Uma definição integradora do conceito de informação: aproximações deaconianas; Una Biología, muchas Biologías: ¿estamos frente a un proceso de fragmentación em la Biología?; Sistemas de herança: as múltiplas dimensões da Evolução; A trajetória evolutiva humana contada pelos fósseis; Mutações no estilo de pensamento: Ludwik Fleck e o modelo biológico na historiografia da ciência; Filosofia, Biologia e Ciências Sociais; Causação na biologia e na psicologia; La atribución mental y La segunda persona; La epistemología evolucionista y el debate sobre el realismo; Paulo C. Abrantes e Alvin Plantinga em torno do naturalismo: pelo menos dois modos de fazer filosofia da ciência. Após o Colóquio, alguns autores alteraram os títulos ou fizeram acréscimos, como pode ser visto nos artigos a seguir, mas sempre dentro da temática original.

    O leitor dos artigos deste número certamente encontrará textos de altíssimo interesse para a filosofia atual. É possível, porém, que alguns desses trabalhos sejam considerados pouco filosóficos por alguns pesquisadores mais acostumados com a ênfase costumeiramente dada à  história da filosofia no universo acadêmico brasileiro. O estranhamento maior vai se dar provavelmente na leitura de textos de autores originalmente da Biologia. A Filosofia da Ciência, da qual a Filosofia da Biologia é uma subárea, se dedica a refletir sobre os fundamentos conceituais e metodológicos das ciências empíricas modernas; e, principalmente desde os trabalhos de Thomas Kuhn nos anos 1960, ela é tida pela maioria dos seus especialistas como indissociável da História da Ciência. Alguns dos trabalhos aqui que mais fogem ao padrão de história da filosofia que temos no Brasil se dedicam a esses temas e problemas em história e filosofia das ciências modernas. O pressuposto por trás dessa ligação estreita entre a reflexão filosófica e o conhecimento científico é o de que o estudo das grandes questões que sempre interessaram à filosofia (o ser, o conhecer, o agir) se enriquece enormemente com o diálogo com as ciências. Para se responder a questão antropológica, por exemplo, (o que é o homem? ”“ a quarta pergunta central da filosofia para Kant e a qual Abrantes se dedicou mais nos últimos anos), não há como deixar de lado o que dizem as ciências empíricas sobre as origens da espécie humana e a relação entre natureza e cultura. E essa é uma atitude assumida de forma central pela filosofia moderna e contemporânea; não nos esqueçamos que Descartes era matemático, que o título da principal obra de Isaac Newton (um marco fundamental da ciência moderna) se chamava Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, que Kant era geógrafo e astrônomo e que Marx deu importantes contribuições a ciências como Economia ou História. Assim, além de trazer artigos que têm valor por si mesmos, o presente volume pretende fazer pensar sobre a filosofia em nosso tempo e seu diálogo imprescindível com as ciências.

  • Dossiê "Reforma Protestante"
    v. 5 n. 2 (2017)

    No ano de 2017 foi comemorado em todo o mundo os 500 anos da Reforma Protestante. Nesse mesmo espírito, o Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB), como o apoio do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UnB, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal e do Decanato de Extensão da UnB, se propôs a dedicar-se ao tema por intermédio da sua anual Semana de Filosofia, a saber, a 45ª Semana de Filosofia. Na oportunidade, contamos com inúmeros palestrantes convidados e com muitas comunicações de professores, doutores, mestres, mestrandos e doutorandos tanto do Brasil como do exterior, o que muito abrilhantou todo o evento cujo título era efetivamente A filosofia e os 500 anos da Reforma Protestante: pressupostos e desdobramentos. Em outras palavras, foi um objetivo do Departamento de Filosofia da UnB reconhecer a importância da Reforma Protestante não apenas como um evento importante do ponto de vista religioso, mas também por julgá-lo de importância capital para a reflexão filosófica moderna e contemporânea, acreditando haver nele tanto importantes antecedentes medievais como desdobramentos significativos em contexto moderno e contemporâneo. Assim, o presente dossiê é fruto de tal evento. Aqui estão contidas algumas palestras apresentadas nele e outras que não o foram, mas que revelam estreita relação com o tema e suas reflexões.

  • Dossiê "Nietzsche"
    v. 4 n. 1 (2016)

    Gestado e concebido a partir de proveitoso diálogo com os editores da RFMC, esse Dossiê torna público resultados de pesquisa realizados tanto por professores brasileiros quanto estrangeiros. Em sua maior parte, esses artigos são frutos de um convite realizado ainda em 2015, por ocasião do V Colóquio Nietzsche da UnB, coordenador também por professores do Departamento de Filosofia. Em 2015, o tema sugerido muito contribuiu para interlocuções não apenas entre pesquisadores da filosofia nietzscheana, mas também entre estudiosos da pesquisa-Schopenhauer. Ao conceber o Colóquio Nietzsche em 2015 a partir da recepção e diálogo entre as filosofias de Nietzsche e Schopenhauer, os organizadores logo se dirigiram a RFMC para propor um projeto de publicação de alguns artigos lá debatidos, projeto este que foi muito bem acolhido pelos seus editores.

    Por um lado, os “Colóquios Nietzsche da UnB” têm visado a aprofundar e ampliar a malha de pesquisa sobre esse importante filósofo alemão, apresentando pesquisas atuais e reconhecidas entre os pares para o público acadêmico da UnB. Com essa edição especial, acredita-se que o Colóquio terá destaque não apenas pelo prestígio que a RFMC assumiu no cenário acadêmico brasileiro, mas, principalmente, porque torna concreto, ou melhor, “palpável” para o estudantes de graduação e pós-graduação também de outras universidades aquilo que está sendo produzido de mais relevante na pesquisa nacional e internacional sobre Nietzsche.

  • Dossiê "GT Fenomenologia - ANPOF"
    v. 3 n. 2 (2015)

    A fenomenologia se diz de muitos modos. É polifônica por natureza. Os artigos que se apresentam no dossiê deste número da Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea o testemunham. Eles foram ocasionados pela participação de diversos fenomenólogos do Brasil no Encontro de Fenomenologia, promovido pelo Grupo de Trabalho de Fenomenologia da ANPOF, nos dias de 28 a 30 de setembro de 2015, em Belo Horizonte, e realizado graças ao apoio da FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas) da UFMG.

    A fenomenologia vem à fala de muitos modos e em diversos sentidos. De modo originário e num sentido inaugural, fenomenologia é o lógos do próprio fenômeno, isto é, a coisa mesma se manifestando, doando-se, clareando-se, evidenciando-se a si mesma desde si mesma. É o evento do ser se dando e se retraindo, se dizendo e se silenciando, no acontecer dos seres. Em sua originariedade, a fenomenologia dos fenômenos é o que provoca o pensamento a pensar. Com efeito, o pensar só é, propriamente, em correspondendo, ele mesmo, à fenomenologia dos fenômenos. Neste sentido, já Aristóteles, no livro I da Metafísica, ao expor as doutrinas hesitantes dos primeiros filosofantes, está atento ao decisivo: a coisa mesma (autò tò pragma) abriu o caminho para eles e os constringiu a investigar para além dos caminhos que tinham, até então, percorrido (cf. Metafísica A 3, 984a: 18-19). Fenomenologia se torna, assim, conceito de método do questionamento do pensar, da investigação filosófica. Método, no sentido de um estar a caminho numa busca investigadora, que se deixa aviar pelas vias abertas pelas coisas mesmas e se deixa constranger pela necessidade das intuições e das evidências que estas doam desde si mesmas e por si mesmas. O caminho e a coisa para a qual o caminho se encaminha, como busca questionadora, investigativa, não podem ser duas coisas. Precisam ser um. Esta unidade de método e coisa é o fenomenológico de uma investigação filosófica. À medida que isso acontece, o pensar revela sua essência fenomenológica.

    A busca da radicalidade da filosofia entendida como investigação, que se dirige, em sua intencionalidade, às coisas mesmas que estão em questão, as quais provocam o pensamento a pensar, abrem caminhos para os pensadores e os constrangem em seus esforços de perseguir o sentido de ser do que, a cada vez, se mostra, fez surgir a fenomenologia como um dos movimentos reflexivos mais importantes do pensamento no século XX. Por caminhos cada vez singulares que se cruzam num diálogo sempre plural, diversos pensadores, partindo de diversas arrancadas, se empenham por elucidar, clarear, a relação significativa do fenômeno com o homem. O caminho de Husserl, em diálogo com o qual estão os demais participantes desse movimento, se avia pelas vias da análise fenomenológica da intencionalidade. É um caminho de retorno, ou melhor, de recondução às fontes geradoras de todas as estruturações de sentido, a qual acontece ao modo de uma tríplice redução (fenomenológica, eidética e transcendental). Tematiza-se como o que se mostra numa experiência intuitiva da verdade se dá a uma consciência; como isso esboça de si uma estrutura, uma forma essencial; como encontra a sua gênese constitutiva no processo gerador de estruturações de sentido produzido pela subjetividade, e, enfim, pela intersubjetividade transcendental. Outros pensadores deste movimento reflexivo da filosofia contemporânea encontrarão a abertura de outros caminhos de investigação fenomenológica, que se cruzam, no entanto, com o caminho de Husserl. Assim, só para citar um destes, para Heidegger, a coisa mesma que provoca o pensamento a pensar, abre caminho e constrange a investigar a fenomenologia dos fenômenos em sua referência como o homem, dando-se e retraindo-se na ambivalência da verdade manifestativa do ser, enquanto mistério, isto é, enquanto o abrigar de toda a abertura e descoberta, se dando no jogo de encobrimento e desencobrimento.

    A fenomenologia, no sentido do movimento reflexivo da filosofia contemporânea, apresenta-se como uma comunidade de pensadores, envolvida num perene diálogo, e que se estrutura com círculo de círculos de investigação fenomenológica. É essencial a este movimento, para não se cristalizar em escola, corrente ou ponto de vista, colocar-se a si mesmo continuamente em questão, medindo-se com a radicalidade da sua proposta de método investigativo. Acima, portanto, da realidade histórica já formada, está a possibilidade do pensamento, que responde aos apelos do porvir.

    Os artigos que o leitor encontrará neste dossiê de fenomenologia, que a Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea oferece neste número, trazem contribuições de uma comunidade de pensadores, filósofos, estudiosos, que se reconhece como um Grupo de Trabalho de Fenomenologia. A expressão “Grupo de Trabalho” aqui não tem a função de apenas nomear um elemento da organização acadêmica, focada na produtividade da pesquisa, que se dá no nível institucional da educação superior no Brasil. Para a fenomenologia, a noção de trabalho investigativo, desenvolvido numa comunidade de pensadores, marcada pela pluralidade de caminhos, perspectivas, interesses, não é algo de acidental, de acessório, mas sim algo de essencial, de estruturante.

  • Dossiê "Kierkegaard"
    v. 2 n. 1 (2014)

    Em novembro de 2013, o Departamento de Filosofia e sua pós-graduação, juntamente com a CAPES, a Embaixada da Dinamarca e o Centro Cultural da Dinamarca, promoveram a 41ª Semana de Filosofia ”“ O Debate acerca da subjetividade nos 200 anos do Nascimento de Kierkegaard. Sob curadoria geral de Marcio Gimenes de Paula, professor da UnB cujos interesses de pesquisa há muito se voltam ao filósofo dinamarquês, a Semana propiciou seis dias de fóruns e palestras, envolvendo não apenas pesquisadores voltados ao próprio Søren Kierkegaard, mas também professores dedicados a outros temas correlatos que levaram à formulação do problema moderno da subjetividade. Os artigos compilados no número três da Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea em sua maioria foram apresentados no mencionado evento. Muitos dos textos conservam inclusive o tom aberto de pensamento em processo, próprio à peça de apresentação oral, proposta inconclusiva para fomentar debate, como era intenção do curador do ciclo de palestras.