O aparato das coisas

arqueologia e os usos políticos do passado na Amazônia ao final do século XIX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/emtempos.v1i38.34606

Palavras-chave:

Amazônia. História. Arqueologia

Resumo

No fim da última década do século XIX, a “Guyana Brazileira”, atual Amapá, foi alvo seletivamente de buscas, coletas e explorações de materiais arqueológicos. No âmbito dessas buscas, principalmente urnas e vasilhas cerâmicas dos indígenas pré-coloniais da região foram transformadas em objetos do Museu de História Natural e Etnografia do Pará, dirigido pelo naturalista e zoólogo Emílio Goeldi. Este texto apresenta uma análise breve das peças, uma leitura a contrapelo das fontes que englobaram documentos abarcados por Goeldi e seus colabores, sobre essas explorações, e dialoga com as historiografias envolvidas nesses estudos. Reflete-se sobre questões que podem evidenciar o caráter das práticas científicas, culturais e históricas daquele momento. Assim, segue a argumentação de que há nessa última década oitocentista uma recorrência de elaborações sobre narrativas de circulações arqueológicas, com fundamentação cientificista, em uma estética material indígena e elencada ao modelo de passado ocidental para a Amazônia

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Publicado

2021-06-25

Como Citar

SANTOS, Queiton Carmo dos. O aparato das coisas: arqueologia e os usos políticos do passado na Amazônia ao final do século XIX. Em Tempo de Histórias, [S. l.], v. 1, n. 38, 2021. DOI: 10.26512/emtempos.v1i38.34606. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/emtempos/article/view/34606. Acesso em: 24 nov. 2024.

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