“Gênero epistêmico”, patologia social e classificação nosológica na Armada Imperial (1839-1850): formulação de uma biopolítica e aplicação de um imposto disciplinar
DOI:
https://doi.org/10.26512/emtempos.v23i44.53443Palavras-chave:
Gênero Epistêmico, Biopolítica, Imposto DisciplinarResumo
O presente artigo visa apresentar a discussão sobre dois conjuntos documentais distintos envolvendo a marinha imperial. Sua primeira hipótese é de que os relatórios dos ministros da marinha, no bojo de demais relatórios produzidos pelos ministros de Estado, compunham um gênero epistêmico próprio. Em segundo lugar, tenta-se demonstrar que a política médica na marinha da década de 1850 é alheia à teoria dominante da doença enquanto variação quantitativa de um dado estado “normal”. Além disso, a análise dos documentos permitiu a cunhagem do termo "imposto disciplinar", a serviço de uma biopolítica levada a cabo pela marinha imperial como braço do Estado brasileiro.
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