“Estou aqui fazendo um filme”

relações étnico-raciais e lutas pela memória em Osvaldão (2014)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/emtempos.v1i37.34099

Palavras-chave:

Guerrilha do Araguaia. Ditadura. Negros.

Resumo

O documentário Osvaldão (2014) retrata a trajetória de Osvaldo Orlando da Costa, um dos mais conhecidos personagens da Guerrilha do Araguaia (1972”“1974). O longa tem sua produção vinculada à Fundação Maurício Grabois, ligada ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), ao qual pertenciam os militantes que atuaram no Araguaia. Negro e comunista, Osvaldão perdeu a vida na Amazônia oriental brasileira, onde efetuou um trabalho militante durante cerca de oito anos. No artigo, busca-se problematizar as representações que o filme constrói em relação à história de vida do guerrilheiro e como as relações raciais foram retratadas. Procurou-se compreender as escolhas feitas pelos realizadores quanto aos enquadramentos dados à trajetória do biografado, a partir de disputas pela memória vigentes no Brasil naqueles anos iniciais da década de 2010. Notadamente, os embates sobre a memória da ditadura e a sub-representação dos negros nas narrativas que versam sobre a história nacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUIAR, Marco Alexandre de. Memória e cinema: representação da guerrilha no filme Lamarca (1994). Patrimônio e Memória, Assis, v. 5, n. 1, p. 119-136, out. 2009.

ALMEIDA, Silvio de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

AMORIM, Carlos. Araguaia: histórias de amor e de guerra. Rio de Janeiro: Record, 2014.

ANITA GARIBALDI. Guerrilha do Araguaia: uma epopeia pela liberdade. 4. ed. São Paulo: Editora Anita Garibaldi, 2005.

ARAÚJO, Joel Zito. A Negação do Brasil: o Negro na Telenovela Brasileira. São Paulo, Editora Senac, 2000.

ARROYO, Ângelo. Relatório sobre a luta no Araguaia. In: POMAR, Vladimir. Araguaia: o Partido e a guerrilha. São Paulo: Ed. Brasil Debates, 1980. p. 249”“274.

AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. Dicionário teórico e crítico do cinema. Campinas: Papirus, 2003, p. 92.

BERNADET, Jean-Claude. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 1980. Coleção Primeiros Passos [9].

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório: Volumes III ”“ Mortos e desaparecidos políticos. Brasília: CNV, 2014. Disponível em: <http://cnv.memoriasreveladas.gov.br>. Acesso: out. 2017.

BUONICORE, Augusto Cezar. Reflexões sobre o marxismo e a questão racial. Disponível em: <http://www.escolapcdob.org.br/file.php/1/materiais/pagina_inicial/Biblioteca/85_REFLEXOES_SOBRE_O_MARXISMO_E_A_QUESTAO_RACIAL.pdf>. Acesso: mai. 2018.

CAMPONESES do Araguaia: a guerrilha vista por dentro. Direção: Vandré Fernandes. São Paulo: Fundação Maurício Grabois, 2010. 73min.

CAMPOS FILHO, Romualdo Pessoa. Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas. 2. ed. São Paulo: Anita Garibaldi, 2012.

CARVALHO, Noel dos Santos; DOMINGUES, Petrônio. A representação do negro em dois manifestos do cinema brasileiro. Estudos Avançados, v. 31, n. 89, p. 377”“394, 1 abr. 2017.

CARVALHO, Noel dos Santos; DOMINGUES, Petrônio. Dogma feijoada: a invenção do cinema negro brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 33, n. 96, p. 1”“18, 2018. DOI: 10.17666/339612/2018.

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1990.

COMISSÃO DA VERDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Relatório: Tomo I - Parte II - Perseguição à População e ao Movimento Negros. Disponível em: <http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/relatorio/tomo-i/parte-ii-cap1.html>. Acesso: jun. 2017.

COMISSÃO DA VERDADE DO RIO DE JANEIRO. Relatório / Comissão da Verdade do Rio. Rio de Janeiro: CEV-Rio, 2015. 456 p. Disponível em: <https://www.documentosrevelados.com.br/wp-content/uploads/2015/12/cev-rio-relatorio-final.pdf>. Acesso: mai. 2017.

COMISSÃO DA VERDADE DO RIO DE JANEIRO. Relatório de pesquisa - Colorindo memórias e redefinindo olhares: Ditadura Militar e Racismo no Rio de Janeiro. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2015/12/Pires-T-Colorindo-memorias-e-redefinindo-olhares-Ditadura-militar-e-racismo-no-Rio-de-Janeiro-2.pdf>. Acesso: jul. 2020.

CORRÊA, Carlos Hugo Sudart. Em algum lugar das selvas amazônicas: as memórias dos guerrilheiros do Araguaia (1966-1974). 2013. 619 f., il. Tese (Doutorado em História) - Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

COUTINHO, Eduardo. O cinema documentário e a escuta sensível da alteridade. Projeto História, São Paulo, n. 15, abr. 1997, p. 165-191.

ENCONTRO na Antibabilônia. Sem informação sobre Direção. TV Grabois. Praga: 1961. 20 min. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=i38v3tR1XLE>. Acesso: ago. 2017.

FERNANDES, Vandré. Como Osvaldão chegou ao cinema. Revista Princípios, São Paulo, n. 133, nov”“dez, 2004. Disponível em: <http://revistaprincipios.com.br/artigos/133/cinema/2828/como-osvaldao-chegou-ao-cinema.html>. Acesso: mai. 2019, s/p, grifo do autor em negrito; grifo nosso em itálico.

FERRETI, Mundicarmo. Encantaria de “Barba Soeira”: Codó, capital da Magia negra? São Luís: CMF, 2000. FERRETI, Mundicarmo. A minha maranhense, seu desenvolvimento e suas relações com outras tradições afro-brasileiras. In: MAUÉS, Raymundo Heraldo; VILACORTA, Gisela Macambira (Org.). Pajelanças e religiões africanas na Amazônia. Belém: EDUFPA, 2008. p 191”“202.

FERRO, Marc. Cinema e História. Tradução Flávia Nascimento. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

FUNDAÇÃO MAURÃCIO GRABOIS. Estatuto da Fundação Maurício Grabois. Disponível em: <http://grabois.org.br/conheca-a-fundacao/estatuto/143795/2011-04-08/estatuto-da-fundacao-mauricio-grabois>. Acesso: jul. 2020.

GIRARDET, Raoul. Mitos e mitologias políticas. Tradução Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

GORENDER, Jacob. Combate nas trevas - A esquerda brasileira: das ilusões perdidas à esquerda armada. São Paulo: Editora Ática, 1987, p. 27.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2006.

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX (1914”“1991). Tradução Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

JOFFILY, Bernardo. Osvaldão e a saga do Araguaia. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

KENY, Daniel. Conheça a história de Osvaldão, o grande herói negro na luta contra a ditadura militar. Revista Raça, São Paulo, 14. Out. 2016. Disponível em: <https://revistaraca.com.br/o-heroi-negro-contra-a-ditadura/>. Acesso: dez. 2016.

LUCENA, Eleonora de. Crítica: Política é engolida pelo mito em filme sobre guerrilheiro. [11/12/2015] Ilustrada - Folha de São Paulo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/12/1717444-politica-e-engolida-pelo-mito-em-filme-sobre-guerrilheiro.shtml>. Acesso: mai. 2018, s/p.

LUIZ, Janailson Macêdo. “Minha irmandade, vamos se arreunir”: O Terecô e a Guerrilha do Araguaia. In: Anais eletrônicos do XXIX Encontro Nacional de História da ANPUH: Contra os preconceitos: História e democracia. Brasília-DF. Disponível em: <https://www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1502838282_ARQUIVO_Artigo_OTerecoeaGuerrilha.pdf>. Acesso: dez. 2017a.

LUIZ, Janailson Macêdo. No rastro do herói: mito, política e memória em Osvaldão (2014). In: II COLÓQUIO INTERNACIONAL CINEMA E HISTÓRIA. Caderno de resumos. São Paulo: USP, 2007b. p. 63-64.

LUIZ, Janailson Macêdo. Notas sobre a clandestinidade: Francisco Manoel Chaves e a participação negra nas mobilizações comunistas no Brasil. Lutas Sociais, São Paulo, vol.22, n.40, p. 94-107, jan./jun. 2018.

MACIEL, Lício Augusto. Guerrilha do Araguaia: relato de um combatente. São Paulo: Editora Schoba, 2008.

MARQUES, Aída. Ideias em movimento: reproduzindo e realizando filmes no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.

MORAIS, Taís; SILVA, Eumano. Operação Araguaia: os arquivos secretos da Guerrilha. São Paulo: Geração Editorial, 2005, p. 591.

NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: a história depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi. (org.). Fontes Históricas. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010. p. 235”“290.

NAPOLITANO, Marcos. Recordar é vencer: dinâmicas e vicissitudes da construção da memória social do regime militar brasileiro. Antíteses, Londrina, v. 8, n. 15, p. 9”“45, 2015.

NOSSA, Leonencio. Mata! O major Curió e as guerrilhas no Araguaia. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

O CAMINHO da libertação. A classe operária, n. 80, ano IX, dez. 1973. Disponível em: <http://www.grabois.org.br/cdm/jornal-classe-operaria-arquivo?aba=4>. Acesso: fev. 2019.

OSVALDÃO (Teaser). Direção Vandré Fernandes et al. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iRym-RhEI0Y>. Acesso: jul. 2020.

OSVALDÃO [Página no Facebook]. Post em alusão ao dia da consciência negra. 20/11/2015. Disponível em: <https://www.facebook.com/ondeestaosvaldao/photos/a.219800444866921/497309467116016/>. Acesso: jul. 2020c.

OSVALDÃO [Página no Facebook]. Post sobre a rememoração do golpe militar. 31/03/2014. Disponível em: <https://www.facebook.com/ondeestaosvaldao/photos/a.219800444866921/262283003951998.>. Acesso: jul. 2020a.

OSVALDÃO [Página no Facebook]. Postagem da capa: Onde está Osvaldão?. 24/02/2014. Disponível em: <https://www.facebook.com/photo/?fbid=252153194964979&set=a.219730531540579>>. Acesso: jun. 2020b.

OSVALDÃO. Direção: Vandré Fernandes; Ana Petta, Fábio Bardella e André Lorenz Michiles. São Paulo: F. Maurício Grabois, 2014. 80min.

PC DO B. Cinquenta anos de luta. Lisboa: Edições Maria da Fonte, 1975.

PETTA, Renata Lemos. A memória dos moradores do Araguaia sobre “Osvaldão”: liderança, luta e resistência. 2007. 106 f. Dissertação (Mestrado em Ciências), Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

PINTO, Maria Leal. Histórias que ouvi contar: a Guerrilha do Araguaia nas narrativas do povo de santo na região Araguaia-Tocantins. 126 f. Dissertação (Mestrado em estudos de Cultura e Território) - Universidade Federal do Tocantins, Araguaína, 2018.

PIRES, Thula Rafaela de Oliveira. Estrutura Intocadas: Racismo e Ditadura no Rio de Janeiro. Revista Direito e Práxis., Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 1054”“1079, 2018.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3”“15, 1989.

POMAR, Wladimir. Araguaia: o partido e a guerrilha ”“ documentos inéditos. São Paulo: Ed. Brasil Debates, 1980.

REINA, Eduardo. Cativeiro sem fim: as histórias dos bebês, crianças e adolescentes sequestrados pela ditadura militar no Brasil. São Paulo: Ed. Alameda, 2019.

ROLLEMBERG, Denise. Carlos Marighela e Carlos Lamarca: Memórias de dois revolucionários. Acervo, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 105-122, jul/dez 2008.

SÁ, Glênio. Araguaia: Relato de um Guerrilheiro. 2. ed. São Paulo: Editora Anita Garibaldi, 1990.

SADER, Regina. Lutas e imaginário camponês. Tempo Social: Ver. Sociol. USP, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 115”“125, 1. Sem. 1990.

SAYURI, Juliana. Quem foi condenado e quem foi absolvido no caso Amarildo. Nexo. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/18/Quem-foi-condenado-e-quem-foi-absolvido-no-caso-Amarildo>. Acesso: mar. 2019.

SILVA, Carolinne Mendes da. O negro no cinema brasileiro: uma análise fílmica de Rio, Zona Norte (Nelson Pereira dos Santos, 1957) e A Grande Cidade (Carlos Diegues, 1966). 225 f. Dissertação (Mestrado em História Social) ”” Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

SILVA, Idelma Santiago da. Fronteira cultural: A alteridade maranhense no sudeste do Pará (1970-2008). 2010. 230 f. Tese (Doutorado em História)”“Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.

TELES, Janaína. Os segredos e os mitos sobre a Guerrilha do Araguaia (1972”“1974). História Unisinos, São Leopoldo, v. 18, n. 3, p. 464”“480, set”“dez. 2014.

VENÂNCIO, Sariza Oliveira Caetano. A religião dos encantados: os encantados como mediadores culturais no norte do Tocantins. 251 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2019.

Downloads

Publicado

2020-12-03

Como Citar

LUIZ, Janailson Macêdo. “Estou aqui fazendo um filme”: relações étnico-raciais e lutas pela memória em Osvaldão (2014). Em Tempo de Histórias, [S. l.], v. 1, n. 37, 2020. DOI: 10.26512/emtempos.v1i37.34099. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/emtempos/article/view/34099. Acesso em: 19 abr. 2024.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.