“Chega de tanta gente falando pela gente”

a autoria indígena em questão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v33i65.53604

Palavras-chave:

Autoria Indígena, Ancestralidade, Apagamentos

Resumo

Neste texto propomos uma discussão sobre a autoria indígena. Tencionamos discutir os apagamentos/silenciamentos que acometeram os povos indígenas na literatura brasileira, na condição de personagens e, principalmente na condição de autores/as. Partimos do pressuposto de que o índio (como é chamado na literatura escrita por brancos), serviu, para a literatura brasileira como ingrediente, na forma de um personagem estereotipado, para a formação de uma suposta identidade nacional. Assim, partimos também da proposta de Jaider Esbell, artista indígena, falecido em 2021, que exclamava, insatisfeito, na coleção Tembetá, que chega de tanta gente não indígena falando por esses povos. É a partir dessa insatisfação de Esbell (2019), que este texto surge e trilha o seguinte percurso: breve discussão acerca do texto literário indianista de José de Alencar, sobre a construção do personagem índio; análise de obras literárias de Auritha Tabajara e Denízia Fulkaxó, sobre a autoria indígena que reivindica ser ouvida; e, por fim, abordaremos como o texto indígena, além de demarcar a própria voz, serve também como espaço que expressa memória, ancestralidade, que denuncia a necropolítica, o colonialismo e o imperialismo, e reivindica novos modelos de análise.

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Biografia do Autor

Joel Vieira da Silva Filho, Universidade Federal de Alagoas

Doutorando em Estudos Literários no PPGLL-UFAL.

Susana Souto Silva, UFAL

Professora Dra. da Faculdade de Letras e do PPGLL da Universidade Federal de Alagoas.

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Publicado

31-08-2024

Como Citar

Vieira da Silva Filho, J., & Souto Silva, S. (2024). “Chega de tanta gente falando pela gente”: a autoria indígena em questão . Revista Cerrados, 33(65), 16–26. https://doi.org/10.26512/cerrados.v33i65.53604

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