Reflexões sobre a narrativa indígena contemporânea

entre a tradição e a modernidade dos moldes de escrita

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v33i65.53469

Palavras-chave:

narrativas de autores indígenas, tradição, modernidade, formas de escrita

Resumo

Este trabalho tem como proposta geral discutir a maneira pela qual determinadas narrativas contemporâneas de autores indígenas estão estrutural e tematicamente organizadas. Nesse sentido, a fim de avaliar de que modo certas produções ficcionais se destacam em meio ao debate crítico atual, nosso objetivo específico é analisar as obras O filho da ditadura (2009), de Juvenal Payayá; Tardes de agosto: manhãs de setembro: noites de outubro (2013), de Jaider Esbell; Memórias de índio (2016), de Daniel Munduruku. Ao nosso ver, esses textos trazem configurações formais e temáticas peculiares, uma vez que pretendem escapar às regras que, com frequência, pautam a teoria, história e crítica literárias tradicionais. Isso ocorre porque, para elaborar seus escritos, esses autores optaram por utilizar um estilo sui generis, pois por vezes têm como finalidade destacar aspectos inerentes ao universo indígena e amazônico. Não por acaso, por mais que se aproximem do gênero romanesco, esses modelos textuais problematizam, entre outros, os conceitos de autoria, dando ênfase a uma performance inseparável do ato de narrar, tendo em vista que esse tipo de composição circula em torno de representações do imaginário que são distintas de características expressas – ao longo do tempo – por muitas correntes literárias ocidentais. Para nós, é assim que a análise das produções ficcionais de autoria indígena também sugere uma espécie de exercício transcultural. Por fim, para traçar nossa apreciação, temos como suporte analítico teorias de Fábio Almeida de Carvalho (2023), Walter Mignolo (2017), Mikhail Bakhtin (1998), Fernando Ortiz (1983), entre outros.

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Publicado

31-08-2024

Como Citar

Simplício dos Santos, F. (2024). Reflexões sobre a narrativa indígena contemporânea: entre a tradição e a modernidade dos moldes de escrita. Revista Cerrados, 33(65), 170–179. https://doi.org/10.26512/cerrados.v33i65.53469