Tradução feminista e o poder de tirar vozes do confinamento
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v10.n3.2021.33133Palavras-chave:
Tradução. Confinamento. Feminismos. Mulheres. Alfonsina Storni.Resumo
Entre as muitas consequências provocadas pela pandemia do covid-19, um problema antigo tem se intensificado atualmente em função do confinamento: a opressão que é perpetrada contra as mulheres em um sistema patriarcal ainda vigente. Nesse sentido, os movimentos feministas vêm, há muitos anos, produzindo diálogos com diversos campos para destituir esse sistema injusto, que subjuga e encerra as mulheres em confinamentos ”“ literais e simbólicos. Este trabalho, portanto, busca apresentar a contribuição da tradução nesse sentido, destacando a perspectiva da tradução feminista, que, há décadas, vem oferecendo instrumentos teórico-metodológicos para dar voz a mulheres confinadas ao contexto no qual escreveram pela falta de tradução para outros públicos. Assim, com o objetivo de contribuir para tirar do isolamento o trabalho de escritoras mulheres ignoradas pelo mercado editorial, que as silencia ao não traduzi-las, este trabalho apresenta, além de uma breve revisão histórica de teorias feministas da tradução, dados que mostram que muitas mulheres latino-americanas seguem intraduzidas no Brasil. Como forma de contribuir para o imprescindível trabalho de dar voz a essas mulheres, apresenta-se um resumo da vida e da obra de uma das mais potentes e afirmativas escritoras argentinas do início do século XX, Alfonsina Storni, que reivindicou, justamente, em sua escrita, um espaço justo e libertador para as mulheres ”“ no entanto, ainda assim, quase um século depois de sua morte, segue praticamente desconhecida no Brasil. Como ilustração desse esforço, apresenta-se a tradução para o português de “Hombre pequenito”, poema da autora que enuncia a voz de uma mulher que quer sair do confinamento ao qual é submetida. Entende-se, como resultado da discussão proposta, a necessidade, ainda longe de estar suprida, de apresentar outras inúmeras vozes, por meio da tradução ao português, para o público brasileiro, tirando-as do isolamento de seu contexto de partida.
Downloads
Referências
Araújo, C. de G. S., Silva, L. de M., & Silva-Reis, D. (2019). Estudos da Tradução & mulheres negras à luz do feminismo. Revista Ártemis, (27)1, 2-13. https://periodicos.ufpb.br/index.php/artemis/issue/view/2337.
Berenstein, M. (2008). Alfonsina Storni: pequeña, grande, eterna. Capital Intelectual.
Castro, O. (2017). (Re)examinando horizontes nos estudos feministas de tradução: em direção a uma terceira onda? (B. R. G. Barboza, Trad.). Tradterm, 29, 216-250. https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v29i0p216-250.
Castro, -O., & Spoturno, M. (2020). Hacia una traductología feminista transnacional. Mutatis Mutandis, (13)1, 2-10.
Chamberlain, L. (1988). Gender and Metaphorics of Translation. Signs, 13(3), 454-472. https://www.jstor.org/stable/3174168?origin=JSTOR-pdf&seq=1.
Derrida, J. (1979). Living on/borderlines (J. Hulbert, Trad.). In H. Bloom, P. de Man, G. Hartman, & J. H. Miller. (Eds.), Deconstruction and criticism (pp.75-176). Seabury Press.
Estadão Conteúdo (2020). Violência contra a mulher aumenta em meio à pandemia; denúncias ao 180 sobem 40%. https://www.istoedinheiro.com.br/violencia-contra-a-mulher-aumenta-em-meio-a-pandemia-denuncias-ao-180-sobem-40/.
Federici, E. (2011). The Visibility of the Woman Translator. In E. Federici (Ed.), Translating Gender (pp. 79-91). Peter Lang.
Godard, B. (1989). Theorizing Feminist Discourse/Translation. Tessera, 6, 42-53.
Guardia, S. B. (2007) Literatura e escritura feminina na América Latina. In Anais do XII Seminário Nacional e III Seminário Internacional Mulher e Literatura. UESC.
Mistral, G. (2019). Balada da estrela e outros poemas (L. Cunha, Trad.). Edições Olho de Vidro.
ONU Mulheres Brasil (2020). Violência contra as mulheres e meninas é pandemia invisível, afirma diretora executiva da ONU Mulheres. http://www.onumulheres.org.br/noticias/violencia-contra-as-mulheres-e-meninas-e-pandemia-invisivel-afirma-diretora-executiva-da-onu-mulheres/.
Revista Arcadia (2019). Cien años, cien libros de escritoras en español. http://especiales.revistaarcadia.com/los-cien-mejores-libros-recomendados-de-los-ultimos-cien-anos-escritos-por-mujeres/index.html.
Rocha, N. A. (2013). A constituição da subjetividade feminina em Alfonsina Storni: uma voz gritante na América. Unesp.
Simon, S. (2005). Gender in Translation. Routledge.
Storni, A. (1999). Obras/Poesía (T. I). Losada.
Venuti, L. (1996). The Translator's Invisibility: A History of Translation. Routledge.
Von Flotow, L. (1991). Feminist Translation: Contexts, Practices, Theories. TTR, (4)2, 69-84.
Von Flotow, L. (1997). Translation and Gender: Translating in the “Era of Feminism”. University of Ottawa Press, 1997.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 CC BY
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Dado ao acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista
A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. As contribuições publicadas são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
Os autores, ao submeterem trabalhos para serem avaliados pela revista Belas Infiéis, mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).