Implicações da globalização e da padronização linguística nos padrões de legendagem e o dialeto visual como estratégia para legendar a variação linguística

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v8.n4.2019.22986

Palavras-chave:

Globalização. Padronização. Legendagem. Espanhol neutro. Dialeto visual.

Resumo

Globalização e padronização caminham juntas. A padronização linguística é um elemento importante para garantir a unidade de uma língua e, no caso do espanhol, é uma característica fortemente presente nas políticas linguísticas e na consciência dos falantes. O s. XXI tem vivido uma mudança importante com a construção de uma nova política linguística pan-hispânica e o planejamento de uma norma pluricêntrica do espanhol na qual nenhuma variedade deve se impor sobre às demais. Mas, apesar do discurso institucionalizado em favor da unidade do espanhol e de seu fortalecimento como língua de globalização, continuam sendo produzidas traduções diferentes para o espanhol peninsular e o americano, conhecido no meio da tradução como espanhol neutro: uma variedade que se propõe a evitar usos excessivamente localizados. Esta variedade, utilizada também nos noticiários e em algumas telenovelas produzidas para difusão internacional com a intenção de abranger o maior número de espectadores, surgiu nas comunidades da prática como uma construção a muitas mãos desenvolvida de maneira empírica por tradutores e comunicadores sem o amparo de uma padronização oficial. O espanhol neutro tem reconhecimento oficial em vários países, mas ainda apresenta lacunas importantes que precisam ser problematizadas. Além da padronização linguística, a globalização e os avanços tecnológicos têm provocado importantes mudanças nos padrões de legendagem existentes para as diferentes línguas. Este trabalho apresenta um breve histórico dessa evolução e analisa alguns exemplos de tradução para discutir as repercussões negativas que o excessivo apego à norma padrão e ao espanhol neutro pode ter no poder expressivo das legendas de filmes e séries, resultando numa linguagem asséptica que, além de apagar as marcas da oralidade, neutraliza traços dos personagens que dizem respeito a seu estado psicológico, idade, gênero e procedência geográfica e social. Também é trazida à tona a necessidade de um novo olhar para lidar com a legendagem de palavrões e de filmes multilíngues e, por fim, são exploradas as possibilidades criativas do dialeto visual como estratégia para legendar a variação linguística.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Helena Santiago VIGATA, Universidade de Brasília

Doutora em Comunicação (2016) pela Universidade de Brasília. Mestre em Linguística Aplicada (2011) pela mesma instituição. Realizou mestrado profissional em Ensino do Espanhol como Segudna Língua (2011) na Universidad Nacional de Educación a Distancia, Espanha. É especialista em Tradução e localização de videojogos (2019) pela Instituto Superior de Estudios Lingüísticos y Traducción, Espanha. É especialista em Tradução Audiovisual (2002) pela Universitat Autònoma de Barcelona, Espanha. É graduada em Tradução e Interpretação (2002) pela mesma instituição. É professora adjunta na Universidade de Brasília. Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Patrícia Tavares da MATA , Universidade de Brasília

Graduanda do Bacharelado em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação da Universidade de Brasília. Foi bolsista de iniciação científica 2017-2018. Membro do grupo Tradução Audiovisual e Acessibilidade a pessoas Cegas e Surdas (Acesso Livre). Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Referências

ÁVILA, Raúl. Los medios de comunicación masiva y el español internacional. In: II CONGRESO INTERNACIONAL DE LA LENGUA ESPAÑOLA: EL IDIOMA ESPAÑOL EN LA SOCIEDAD DE LA INFORMACIÓN. Anais [...]. Valladolid, 2001. Disponível em: https://cvc.cervantes.es/obref/congresos/valladolid/ponencias/unidad_diversidad_del_espanol/1_la_norma_hispanica/avila_r.htm. Acesso em: 2 out. 2019.

BAKER, Mona. Translating dissent: Voices from and with the Egyptian revolution. Abingdon: Routledge, 2016.

BRISSET, Annie. A Sociocritique of Translation. Toronto: University of Toronto Press, 1996.

CABRERA INFANTE, Guillermo. Tres tristes tigres. Barcelona: Seix Barral, 1967.

DEMONTE BARRETO, Violeta. El español estándar (ab)suelto: algunos ejemplos del léxico y la gramática. In: CVC. II CONGRESO INTERNACIONAL DE LA LENGUA ESPAÑOLA: EL ESPAÑOL EN LA SOCIEDAD DE LA INFORMACIÓN. Anais [...]. Valladolid, 2001. Disponível em: https://cvc.cervantes.es/obref/congresos/valladolid/ponencias/unidad_diversidad_del_espanol/1_la_norma_hispanica/demonte_v.htm. Acesso em: 2 out. 2019.

DÃAZ CINTAS, Jorge. Teoría y práctica de la subtitulación: inglés / español. Barcelona: Ariel, 2003.

ERIKSEN, Thomas Hylland. Globalization: The Key Concepts. Oxford/New York: Berg,

ESQUEDA, Marileide Dias. O filme Tropa de Elite em espanhol: a questão da tradução dos palavrões. Abehache, ano 2, n. 3, p. 145-161, 2012.

GARCÃA CANCLINI, Néstor. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da interculturalidade (3. ed.). Traduzido por: Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.

GOTTLIEB, Henrik. Subtitles and International Anglification. Nordic Journal of English Studies, Copenhagen, p. 229-230, 1998.

MATA, Patrícia Tavares da. Legendagem Ativista: a importância de marcar o socioleto no filme Catadores de História. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) ”“ Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução. Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

MORENO CABRERA, Juan Carlos. Prejuicios sobre el euskera. Nabarraldek argitaratua, 2006. Disponível em: http://www.nabarralde.com/es/archivo/ekarpenak/3094-juan-carlos-moreno-cabrera-prejuicios-sobre-el-euskera. Acesso em: 2 out. 2019.

MORENO FERNÁNDEZ, Francisco. Sociolingüística de la globalización. In: Olímpio de Oliveira Silva, M. E; Penadés Martínez, M. I. (eds.). Investigaciones actuales en Lingüística. Vol. I: Sobre la Lingüística y sus disciplinas. Alcalá de Henares: Servicio de Publicaciones de la Universidad de Alcalá, 2017, p.118-135.

MORTADA, Leil-Zahra. Translation and solidarity in Words of Women from the Egyptian Revolution. In: BAKER, Mona. Translating dissent voices from and with the Egyptian revolution. Abingdon: Routledge, 2016. p. 88-96.

NETFLIX. Brazilian Portuguese Timed Text Style Guide. Disponível em: https://partnerhelp.netflixstudios.com/hc/en-us/articles/215600497-Brazilian-Portuguese-Timed-Text-Style-Guide. Acesso em: 2 out. 2019.

NETFLIX. Castilian and Latin American Spanish Timed Text Style Guide. Disponível em: https://partnerhelp.netflixstudios.com/hc/en-us/articles/217349997-Castilian-Latin-American-Spanish-Timed-Text-Style-Guide. Acesso em: 2 out. 2019.

NUESSEL, Frank. Eye Dialect in Spanish: Some Pedagogical Applications. Hispania: A Journal Devoted to the Teaching of Spanish and Portuguese, 65(3), p. 346-51, 1982.

ORTEGA, Julio. La contemplación y la fiesta. Caracas: Monte Ávila Editores. 1969.

PEDERSEN, Jan. From old tricks to Netflix: How local are interlingual subtitling norms for streamed television? Journal of Audiovisual Translation, 1(1), p. 81-100, 2018.

PINTO, Sara Ramos. How important is the way you say it? A discussion on the translation of linguistic varieties. Target 21, n. 2, p. 289-307, 2009.

SCANDURA, Gabriela. El español neutro para el doblaje: mitos y realidades. Trabalho apresentado no Congreso Hispanoamericano de Traducción Audiovisual. Buenos Aires, 2018.

SILVA, Janailton Mick Vitor da. Que espaço a legendista ocupa? Um estudo sobre estilo do tradutor. 2018. 176 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) ”“ Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução. Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

Referências Audiovisuais

TROPA de Elite. Direção: José Padilha. 2007. 1 filme (118 min). DVD.

CATADORES de História. Direção: Tânia Quaresma. 2015. 1 filme (75 min).

DÃAS: ¿Cómo es vivir y trabajar en la basura? Direção: Catalina Castro, 2017. (61 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AoXsUWNTF_M. Acesso em: 3 out. 2019.

Downloads

Publicado

23-11-2019

Como Citar

SANTIAGO VIGATA, Helena; TAVARES DA MATA , Patrícia. Implicações da globalização e da padronização linguística nos padrões de legendagem e o dialeto visual como estratégia para legendar a variação linguística. Belas Infiéis, Brasília, Brasil, v. 8, n. 4, p. 69–89, 2019. DOI: 10.26512/belasinfieis.v8.n4.2019.22986. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/belasinfieis/article/view/22986. Acesso em: 21 dez. 2024.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.