Reflexões sobre a atuação do intérprete de língua de sinais na mediação da avaliação clínica em serviço de saúde mental

Autores

  • Felipe Venâncio Barbosa Universidade de São Paulo
  • Leonardo Sampaio
  • Janice Marques

DOI:

https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v8.n1.2019.12985

Palavras-chave:

Interpretação simultânea, Relação médico-paciente, Língua de sinais atípica

Resumo

A mediação da relação entre médico psiquiatra e paciente surdo pelo tradutor-intérprete de língua de sinais deve levar em consideração aspectos frequentemente negligenciados em interações fora do ambiente de saúde. Expressões atípicas da língua de sinais podem ocorrer nessa relação em decorrência de desordens psiquiátricas, demandando do tradutor-intérprete sensibilidade e aptidão para realizar o processo de interpretação de forma eficaz levando para o médico as informações necessárias para a composição do diagnóstico e seguimento. O objetivo deste artigo é discutir a atuação do tradutor e intérprete de língua de sinais (TILS) na mediação da comunicação na relação médico-paciente em ambulatório de saúde mental de um hospital terciário em São Paulo. A discussão terá ênfase em questões de ordem pragmática e na análise e interpretação da qualidade de sinalização tomando como linha organizadora os dados comumente observados no Exame Psíquico conduzido por médico psiquiatra, com a atuação do TILS. A atuação do profissional na mediação é determinante para a condução do diagnóstico em saúde mental e influencia a qualidade do cuidado. Os aspectos linguísticos que podem ser expressos de forma atípica não devem ser omitidos pelo TILS mas veiculados de forma imparcial, desde aquelas que provocam quebras comunicativas na interação até aquelas que, mesmo sem provocar quebras comunicativas, carregam informações pertinentes à história clínica e indicação terapêutica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDRADE, C. R. F.; JUSTE, F. S.; BARBOSA, F. V.; ALVES, R. C.; MOURA, G. M. Avaliação da Fluência de Sinalização na Libras. IN: BARBOSA, Felipe Venâncio; NEVES, Sylvia Lia Grespan (Org.). Língua de Sinais e Cognição ”“ LiSCo: Estudos em avaliação fonoaudiológica baseada na Língua Brasileira de Sinais. 1ed. Barueri: Pró-Fono, 2017, v. 1, p. 45-56.

ATKINSON, J.; MARSHALL, J.; WOLL, B.; THACKER, A. Testing Comprehension Abilities in Users of British Sign Language following CVA. Brain and Language: Amsterdam, v. 94, n. 22, Ago, 2005.

BARBOSA, F. V. As Interferências no Processamento da Linguagem de um Adolescente Surdo com Lesão Cerebral. In: Simpósio Linguística e Cognição, 2007, Belo Horizonte. Trabalho Apresentado no Evento. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2007.

BARBOSA, F. V. Language Processing Interferences in a Sign Language Produced by a Deaf With Brain Injury. Trabalho Apresentado ao Language Impairment in Monolingual and Bilingual Society ”“ LIMoBiS. Aalborg, 2010.

BARBOSA, F. V. A Clínica Fonoaudiológica Bilíngue e a Escola de Surdos na Identificação da Língua de Sinais Atípica. Educação e Realidade, v. 41, p. 731-754, Set. 2016.

BARBOSA, F. V. Triagem de Habilidades Linguísticas da Língua Brasileira de Sinais. IN: BARBOSA, F. V.; NEVES, S. L. G. (Org.). Língua de Sinais e Cognição ”“ LiSCo: Estudos em avaliação fonoaudiológica baseada na Língua Brasileira de Sinais. 1. ed. Barueri: Pró-Fono Editora, v. 1, p. 1-24, 2017.

BARBOSA, F. V.; LICHTIG, I. Protocolo do perfil das habilidades de comunicação de crianças surdas. Revista de Estudos da Linguagem, v. 22, n.1, p. 95-118, Jun. 2014.

BARBOSA, F. V.; NEVES, S. L. G. (Org.). Língua de Sinais e Cognição ”“ LiSCo: Estudos em avaliação fonoaudiológica baseada na Língua Brasileira de Sinais. 1. ed. Barueri: Pró-Fono Editora, v. 1. 162p., 2017.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência de Média e Alta Complexidade no SUS / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. ”“ Brasília: CONASS, 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro9.pdf. Acesso em: 19 de março de 2018.

CASSOL, M.; REPPOLD, C. T.; FERÃO, Y.; GURGEL, L. G.; ALMADA, C. P. Análise de características vocais e de aspectos psicológicos em indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, São Paulo , v. 15, n. 4, p. 491-496, Dez. 2010.

CHANTRAINE, Y.; JOANETTE, Y.; CARDEBAT, D. Impairments of discourse-level representations and processes. In: B. STEMMER; H. A. WHITAKER (Eds.). Handbook of Neurolinguistics (p. 262-275). London: Academic Press, 1998.

COSTA, H. O.; MATIAS, C. O impacto da voz na qualidade da vida da mulher idosa. Revista Brasileira de Otorrinolaringol. v.71, n. 2, p. 172-178, Abr. 2005.

CUMMINGS, L. Clinical Pragmatics In: CUMMINGS, L. (ed.) The Routledge Pragmatics Encyclopedia. Abingdon, Oxon: Routledge, 2010.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Editora Artes Médicas do Sul, 2000a, p. 124.

DEWART, H.; SUMMERS, S. The Pragmatics Profile of Early Communication Skills. 2 ed. Windsor: NFER-Nelson, 1994.

FAROOQ, S.; FEAR, C.; OYEBODE, F. An investigation of the adequacy of psychiatric interviews conducted through an interpreter. Psychological Bulletin, v.21, n.4, p. 209-213, Abr. 1997.

FERNANDES, F.; DREUX, M. Autismo Infantil: repensando o enfoque fonoaudiológico: aspectos funcionais da comunicação. São Paulo: Lovise, 1996.

FERREIRA, Ademir Pacelli; NETTO, Vitor Mello. O ensino da clínica psicopatológica: o caso da sessão clínica. Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo , v. 12, n. 3, p. 481-496, Set. 2009.

FLORES, G. The Impact of Medical Interpreter Services on the Quality of Health Care: A Systematic Review. Medical Care Research and Review, Vol. 62, n. 3, p. 255-299, Jun. 2005.

GILE, D. The Effort Models in Interpretation. In: Basic Concepts and Models for Interpreter and Translator Training. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1995, p. 159-190.

GERBER, S.; GURLAND, G. B. Applied Pragmatics in the Assessment of Aphasia. Seminars in Speech and Language, v. 10, n. 4, p. 263”“279, 1989.

HOUGH, M. S.; PIERCE, R. S. Pragmatics and Treatment. In: CHAPEY, R. Language Intervention Strategies in Adult Aphasia. Williams & Williams, Baltimore, 1993.

LEE, T. H. Ear Voice Span in English into Korean Simultaneous Interpretation. Meta: Translators' Journal, vol. 47, n. 4, 596-606, Dez. 2002.

MARCHETTI, R. L.; CARVALHO, V. B. Consciência e Atenção. In: MIGUEL E.C.; GENTIL V.; GATTAZ W. F. (org.). Clínica Psiquiátrica. 1ª ed. Barueri: Manole, 2011. p. 451-468.

MASON, K.; ROWLEY, K.; MARSHALL, C.; ATKINSON, J.; HERMAN, R.; WOLL, B.; MORGAN, G. Identifying Specific Language Impairment in Deaf Children Acquiring British Sign Language: implications for theory and practice. British Journal of Developmental Psychology, v. 28, v.1, p. 33-50, Mar. 2010.

METZGER, M. Interactive Roleplays as a teaching strategy. In: ROY, C (ed.). Innovative Practices for Teaching Sign Language Interpreters. Washington, D.C.: Gallaudet University Press, 2000. p. 83”“108.

RAMOS, R. T. O exame psíquico. In: ABREU C. N.; SALZANO F. T.; VASQUES F.; FILHO R. C.; CORDÁS, T. A. Síndromes psiquiátricas: diagnóstico e entrevista para profissionais de saúde mental. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 25-29.

SALLET P. C.; GORDON, P. C. Alterações da psicomotricidade. In: MIGUEL, E. C.; GENTIL, V.; GATTAZ, W. F. (org.). Clínica Psiquiátrica. 1ª ed. Barueri: Manole, 2011. p. 550-56.

SAVIGNON, S. Beyond Communicative Language Teaching: what's ahead? Journal of Pragmatics, Amsterdam, v. 39, v.1, p. 207-220, Jan. 2007.

TENG C. T.; FALCÃO, M. I.; TAVEIRA A. Alterações das funções cognitivas: Memória e inteligência. In: MIGUEL, E. C.; GENTIL, V.; GATTAZ, W. F. (org.). Clínica Psiquiátrica. 1ª ed. Barueri: Manole, 2011. p. 469-488.

VAN HERREWEGHE, M. Teaching turn-taking and turn-yielding in meetings with deaf and hearing participants. In.: ROY, C. B. (ed.) Advances in Teaching Sign Language Interpreters. Washington, D.C.: Gallaudet University Press, 2005.

WANG Y-P.; BIONDO, M.; MACHADO, B. H.; LOCH A. A. Alterações do pensamento (forma e conteúdo) e linguagem. In: MIGUEL, E. C.; GENTIL V.; GATTAZ, W.F. (org.). Clínica Psiquiátrica. 1ª ed. Barueri: Manole, 2011. p. 504-518.

WOLL, B.; MORGAN, G. Language Impairments in the Development of Sign: do they reside in a specific modality or are they modality-independent deficits? Bilingualism, Language & Cognition, Cambridge, v. 15, n.1, p. 75-87, Jan. 2012.

Downloads

Publicado

31-01-2019

Como Citar

BARBOSA, Felipe Venâncio; SAMPAIO, Leonardo; MARQUES, Janice. Reflexões sobre a atuação do intérprete de língua de sinais na mediação da avaliação clínica em serviço de saúde mental. Belas Infiéis, Brasília, Brasil, v. 8, n. 1, p. 229–250, 2019. DOI: 10.26512/belasinfieis.v8.n1.2019.12985. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/belasinfieis/article/view/12985. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.