O capitalismo de vigilância informacional no contexto da ciência da informação
DOI:
https://doi.org/10.26512/rici.v15.n1.2022.42439Palavras-chave:
Capitalismo de vigilância, Ciência da Informação, Dados, Redes sociaisResumo
Dualidades como informação é poder, informação é conhecimento, informação como coisa, informação como processo, informação como mercadoria, são frequentemente debatidas no campo da Ciência da Informação. Logo, não existe uma corrente dentro do próprio campo que traga uma definição específica do que se trata o conceito de informação, visto que esse é um conceito que está em constante discussão no campo. Desse modo, a informação recebe uma definição a partir de seu contexto e também do estabelecimento de um significado, seja ele tecnológico, administrativo, comunicacional, político, social e cultural. Este trabalho analisa de forma teórica e interdisciplinar a noção de Capitalismo de Vigilância Informacional no campo da Ciência da Informação. Além disso, busca compreender como essa vigilância atua na captação e manipulação de dados fornecidos por usuários em plataformas manuais ou automatizadas. O termo “Capitalismo de Vigilância” foi cunhado pela professora e psicóloga social estadunidense da Harvard Business School, Shoshana Zuboff. Com base em autores consagrados do campo, como Borko, Saracevic, Capurro, trata-se de um conceito que ainda não foi analisado e discutido com rigor na Ciência da Informação. A metodologia de pesquisa foi a revisão bibliográfica para o levantamento, seleção, análise, leitura e fichamento dos materiais sobre o conceito de Capitalismo de Vigilância e Ciência da Informação. Os materiais foram coletados em dicionários e manuais, nas bases de dados, em periódicos especializados, em eventos científicos nacionais e internacionais realizados na Ciência da Informação e de Tecnologia. Outras fontes de informação, como artigos, monografias, dissertações, teses e livros foram utilizados para dar sustentação teórica à pesquisa. Com base na análise da literatura e na interpretação textual dos materiais, considera-se que a ideia de Capitalismo de Vigilância Informacional é um conceito que precisa ser mais bem analisado do ponto de vista teórico-crítico, visto que, dados e informações são elementos fundamentais e que são inerentes às práticas sociais e humanas. Além disso, constatou-se que dois elementos fundamentais possibilitam a interação dialógica entre Capitalismo de Vigilância e Ciência da Informação, são eles: Informação e Interdisciplinaridade.
Downloads
Referências
ALMEIDA, M. A de; GANZERT, C. C. Informação e mudanças sociais no capitalismo informacional. Achegas. net–Revista de Ciência Política, v. 40, n. 1, p. 44-57, 2008.
ARRUDA, R. E. Sistemas algorítmicos e governamentalidade: perspectivas da sociedade de controle e capitalismo de vigilância. In: SIMPÓSIO NACIONAL DA ABCIBER, 12., DEVIRES DA CIBERCULTURA: POLÍTICAS E PRÁTICAS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 23 a 25 de julho de 2019.
BARRETO, A. de A. A condição da informação. São Paulo em Perspectiva, v. 16, n. 3, p. 67-74, 2002.
BORKO, H. Information science: what is it?. American Documentation, v. 19, n. 1, p. 3-5, 1968.
BUCKLAND, M. K. Information as a thing. Journal of the American Society for Information Science, v. 42, n. 5, p. 351-360, 1991.
CAPURRO, Rafael. Epistemologia e Ciência da Informação. IN: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5., 2003. Belo Horizonte. Anais Eletrônicos [...] Belo Horizonte: Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação, 2003.
CARIBÉ, J. C. R. Vigilância cega, o que as pegadas digitais podem revelar sobre o indivíduo. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL NETWORK SCIENCE, 2., 2018.
CARIBÉ, J. C. R. Uma perspectiva histórica e sistêmica do capitalismo de vigilância. Inteligência Empresarial, v. 41, p. 5-13, 2019.
CASTELLS, M. La era de la información. Volumen 1: La sociedad red. Madrid: Alianza editorial, 1997.
DANTAS, M. Informação e trabalho no capitalismo contemporâneo. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 60, p. 5-44, 2003.
EVANGELISTA, R. de A. Capitalismo de Vigilância no sul global: por uma perspectiva situada. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL LAVITS, 5., Vigilancia, Democracia y Privacidad en América Latina: Vulnerabilidades y resistencias. 29 y 30 de noviembre, 01 de diciembre de 2017. Santiago, Chile, p. 243-253.
FERREIRA, A. E. S. C da S. Capitalismo de Vigilância na Sociedade da Transparência: Um estudo discursivo sobre as bibliotecas da Universidade de Berkeley. Mosaico, v. 10, n. 16, p. 155-173, 2019.
FORNASIER, M. de O; KNEBEL, N. M. P. O titular de dados como sujeito de direito no capitalismo de vigilância e mercantilização dos dados na Lei Geral de Proteção de Dados. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 1002-1033, Junho 2020.
GUIDOLINI, P. O. da S; NIPPES, G. O dilema do capitalismo de vigilância. Revista Pet Economia UFES, v. 1, n. 2, p. 27-32, 2020
KOBASHI, N.Y; TÁLAMO, M. F .G . M. Informação: fenômeno e objeto de estudo da sociedade contemporânea. Transinformação, Campinas, v. 15, n. 3 , p. 7-21, 2003.
KOERNER, A. Capitalismo e vigilância digital na sociedade democrática. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 36, n. 105, p. 1-6, 2021.
LE COADIC, Y.F. A Ciência da Informação. Brasília, DF : Briquet de Lemos/Livros, 1996.
MEIRELES, A. V. Algoritmos e autonomia: relações de poder e resistência no capitalismo de vigilância. Opinião Pública, v. 27, n. 1, p. 28-50, 2021.
MONTOYA, A. N. Educación y comunicación: del capitalismo informacional al capitalismo cultural. Universidad Pedagógica Nacional, 2013. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/Colombia/dcs-upn/20151022043743/edu.pdf Acesso em: 23 de set. 2021.
PIGNATARI, D. Informação, Linguagem e Comunicação. 3. ed.- Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2008.
POTER, G. B; SOUTO, C. Capitalismo de vigilância. Seminário de Tecnologia, gestão e educação, v. 1, n. 2, p. 31-34, 2019.
RENDÓN–ROJAS, M. Á. Epistemologia da Ciência da Informação: objeto de estudo e principais categorias. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 3, n. 1, p. 3-14, 2012.
RODRIGUES, C. Capitalismo informacional, redes sociais e dispositivos móveis: hipóteses de articulação. Galáxia. Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, n. 20, 2010. ISSN 1982-2553
SAMPAIO, J. A. L. et al. Capitalismo de Vigilância e a ameaça aos direitos fundamentais da privacidade e da liberdade de expressão. Revista Jurídica, v. 1, n. 63, p. 89-113, 2021.
SARACEVIC, T. Information science: origin, evolution and relations. In: VAKKARI, Pertti; CRONIN, Blaise; YLIOPISTO, Tampereen. Conceptions of Library and Information Science Historical, Empirical and Theoretical Perspectives. 1992. p. 6-27
SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em ciência da informação, v. 1, n. 1, 1996.
VATTUONE, X. R. Teletrabajo y capitalismo de vigilancia. Telos, v. 23, n. 1, p. 177-188, 2021.
ZUBOFF, S. Big other: surveillance capitalism and the prospects of an information civilization. Journal of Information Technology, v. 30, n. 1, p. 75-89, 2015.
ZUBOFF, S. The age of surveillance capitalism: the fight for a human future at the new frontier of power. New York: Public Affairs, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Wilson Roberto Veronez Júnior, Bianca Savegnago de Mira, Edmilson Alves dos Santos Júnior, Daniel Martínez-Ávila
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Notas de direitos autorais
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License 4.0, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: distribuir em repositório institucional ou publicar como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.