A acumulação originária que se renova

aproximações antropológico-jurídicas ao confronto entre a saúde do capital minerário e a dos atingidos de Barra Longa

Autores

  • Ricardo Prestes Pazello
  • Guilherme Cavicchioli Uchimura Universidade Federal do Paraná
  • Matheus Soares Ferreira

DOI:

https://doi.org/10.26512/insurgncia.v7i1.35954

Palavras-chave:

Barra Longa/MG; Barragem de Fundão; Samarco; Movimento dos Atingidos por Barragens; acumulação originária permanente.

Resumo

A partir de trabalho em campo de observação participante, pretendemos discutir a categoria da acumulação originária permanente a partir de dados e informações sobre o contexto epidemiológico de Barra Longa/MG, município brutalmente atingido pelo rompimento da Barragem de Fundão no ano de 2015. Observamos que os movimentos que organizam as populações atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Barra Longa, em especial o Movimento dos Atingidos por Barragens, têm no centro de sua intencionalidade política a reivindicação na participação e controle da proposta de reparação dos danos à saúde. Trata-se de uma participação protagônica, em oposição à participação agônica, esta realizada sob a forma da gestão empresarial do processo de reparação.

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Publicado

31.01.2021

Como Citar

PRESTES PAZELLO, Ricardo; UCHIMURA, Guilherme Cavicchioli; SOARES FERREIRA, Matheus. A acumulação originária que se renova: aproximações antropológico-jurídicas ao confronto entre a saúde do capital minerário e a dos atingidos de Barra Longa. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, Brasília, v. 7, n. 1, p. 279–301, 2021. DOI: 10.26512/insurgncia.v7i1.35954. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/article/view/35954. Acesso em: 19 abr. 2024.

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