Lutas socioambientais e os desafios da pesquisa-ação junto aos movimentos populares
DOI:
https://doi.org/10.26512/revistainsurgncia.v8i2.43515Palavras-chave:
Pesquisa-ação, conflitos socioambientais, resistênciasResumo
Nos dez anos de existência do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais nos parece importante refletir sobre as formas de pensar a pesquisa-ação a luz das lutas socioambientais que vêm marcando a organização de movimentos populares no Brasil. Ao longo dos anos 90 a questão ambiental é incorporada pelo discurso hegemônico através da noção de desenvolvimento sustentável, consolidada na promoção da economia verde. Assim se torna possível pensar na continuidade da produção capitalista incorporando a Natureza, não mais como uma externalidade, mas parte do avanço da mercantilização. Em resistência a isso movimentos populares históricos, bem como novas formas organizativas, especialmente de juventude, têm se articulado para uma politização da questão ambiental, que consiga conectar a luta antissistêmica pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, com a continuidade da vida no planeta terra. Tem-se como pressuposto que esses movimentos trazem inovações nos processos de relação com a pesquisa-ação, já que marcados pela presença de pluralidade de atores, e das relações entre escalas locais e globais. Desse modo o artigo pretende trazer algumas reflexões preliminares sobre essas inovações para pensar o campo de ação dos pesquisadores do Instituto.
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