O reconhecimento do Português Língua de Herança no Japão como um direito humano linguístico

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.26512/rhla.v22i2.42642

Palabras clave:

Português Língua de Herança, Brasileiros no Japão, Escolarização de Imigrantes no Japão, Direitos Humanos Linguísticos

Resumen

O propósito deste estudo foi, inicialmente, realizar o mapeamento de iniciativas de Português como Língua de Herança (PLH) no Japão. Além disso, buscou-se discutir o reconhecimento da língua portuguesa em contexto migratório de brasileiros no Japão como um direito humano linguístico, isto é, a possibilidade de reconhecimento da inviolabilidade do direito de uso e preservação da língua do imigrante. Essa articulação é baseada na noção de liberdade de expressão como um direito fundamental salvaguardado na Declaração Universal de Direitos Humanos (Organização das Nações Unidas, 2008). Nesse sentido, defende-se que o PLH no Japão pode ser compreendido no rol dos direitos humanos para manutenção da dignidade humana e, desse modo, assegurar o direito de usar a língua portuguesa em ambientes públicos e privados, bem como o direito de nutrir essa herança para gerações atuais e futuras.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Tábata Quintana Yonaha, Universidade Federal de São Carlos

É graduada em Letras (Português, Inglês e Japonês), mestra em Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília e Doutora em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos. Possui especialização em Linguagem, Tecnologia e Ensino pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Faz parte do Projeto de Pesquisa "Interculturalidade, representações sociais e identidade(s) no ensino-aprendizagem e uso de língua estrangeira, segunda língua e língua de herança", coordenado pelo prof. Dr. Nelson Viana. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas. É pesquisadora da área de Português em suas diferentes modalidades e autora de materiais didáticos para o ensino de português como língua estrangeira e língua materna. Entre 2021 e 2022 atuou como professora visitante na Universidade Estadual de Nova York (State University of New York), como participante do Programa Leitorado (Ministério das Relações Exteriores/Capes).

Citas

ABREU, Ricardo Nascimento. Prolegômenos para a compreensão dos direitos linguísticos: uma leitura a partir da Constituição da República Federativa do Brasil. In: FREITAG, Raquel Meister Ko. et al. (Org.). Sociolinguística e política linguística: olhares contemporâneos. São Paulo: Blucher, 2016. p. 163-188.

APPADURAI, Arjun. The capacity to aspire: culture and the terms of recognition. In: VIJAYENDRA, Rao; WALTON, Michael (Ed.). Culture and public action. Stanford, CA: Stanford University Press, 2004. p. 59-84.

BAKER, Colin. Fundamentos de educação bilíngue y bilinguismo. Madri: Cátedra, 1997.

BORDIN, Antônio Carlos. Japão: psicóloga coleta dados de crianças brasileiras diagnosticadas com transtornos. Portal Alternativa, 28 maio 2016. Disponível em: https://www.alternativa.co.jp/Noticia/View/57792/Japao-psicologa-coleta-dados-de-criancas-brasileiras-diagnosticadas-com-transtornos. Acesso em: 25 out. 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Relação de escolas brasileiras no Japão, 2000. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/escolas_japao.pdf. Acesso em: 25 out. 2022.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores (MRE). Subsecretaria Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior (SGEB). Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior (DCB). Divisão das Comunidades Brasileiras no Exterior (DBR). Estimativas populacionais das comunidades brasileiras no mundo. 3. ed. Junho 2011. Disponível em: https://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/BRMundo/pt-br/file/Brasileiros%20no%20Mundo%202011%20-%20Estimativas%20-%20Terceira%20Edi%C3%A7%C3%A3o%20-%20v2.pdf. Acesso em: 25 out. 2022.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Orientações gerais sobre o ensino para brasileiros no Japão. Paula Regina Ferreira da Silva e Magda Maria Ribeiro Coelho (Org)., 2018a. Disponível em: https://bityli.com/ZgbHv. Acesso em: 25 out. 2022.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores (MRE). Consulado-Geral do Brasil em Tóquio. Estatísticas sobre a comunidade brasileira no Japão, 2018b. Disponível em: http://cgtoquio.itamaraty.gov.br/pt-br/. Acesso em: 16 nov. 2022.

BUGARIN, Maurício Soares. Projeto de Pesquisa: “Escola japonesa ou escola brasileira? A inserção dos estudantes brasileiros na escola no Japão”, Universidade de Brasília, 2017. Disponível em: https://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/CgToquio/pt-br/file/BUGARIN_%20Escola%20japonesa%20ou%20brasileira.pdf. Acesso em: 16 nov. 2022.

CALLEGARI, Cesar. Notas sobre a questão educacional das comunidades de brasileiros no exterior, a atuação governamental e seus desafios. 2010. Documento elaborado pelo portal Brasileiros no Mundo do Itamaraty. Disponível em: <http://www.brasileirosnomundo.itamaraty.gov.br/file/Cesar_Callegari.pdf>. Acesso em: 25 out. 2022.

CANDAU, Vera Maria. Cotidiano escolar, formação docente e interculturalidade. In: _____. (Org.). Interculturalizar, descolonizar, democratizar: uma educação “outra”? Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016. p. 188-202.

CAPOTORTI, Francesco. Study on the rights of persons belonging to ethnic, religious and linguistic minorities, 1979. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/10387. Acesso em: 18 nov. 2022.

CARREIRA, Maria; HITCHINS, Chik; KAGAN, Olga. Module I, Lesson 2: What are the characteristics of heritage language speakers. Materials for online certificate Teacher training for the 21st century: Teaching heritage languages. Available from National Heritage Language Resources Center, 2017.

DERVIN, Fred. Interculturality in Education – a theoretical and methodological toolbox. London: Macmillan Publisher Ltd., 2016.

DIAS, Nilta. Crianças e jovens brasileiros no Japão: educação, cultura e inquietudes. Quaestio – Revista de Estudos em Educação, v. 19, n. 3, p. 607-629, 2017.

FLORES, Cristina; MELO-PFEIFER, Silvia. O conceito “Língua de Herança” na perspectiva da Linguística e da Didática de Línguas: considerações pluridisciplinares em torno do perfil linguístico das crianças luso-descendentes na Alemanha. Domínios de Linguagem, v. 8, n. 3, ago./dez. 2014.

GARCÍA, Ofelia. Decolonizing foreign language education. New York: Routledge, 2019.

GARCÍA, Ofelia; WEI, Li. Translanguaging: Language, Bilingualism and Education. Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan, 2014.

GOV’T SEEKS more inclusive education for foreign children in Japan, Kyodo News, 2020.

HAINO, Sumiko. O recurso linguístico da segunda geração de brasileiros na sociedade japonesa. Portuguese Language Journal, v. 9, Article 5, p. 1-23, 2015.

HAMEL, Rainer. Introduction: linguistic human rights in a sociolinguistic perspective. International Journal of the Sociology of Language, v. 127, n. 1, p. 1-24, 1997.

HATANO, Lilian. Burajiruji gakko no genjo kara miru kadai [Problemas vistos pelas condições das escolas brasileiras]. Kyoto: The Bulletin of Kyoto Human Rights Research Institute, n. 13, 2008a.

HATANO, Lilian. Foreign and Ethnic Schools: A matter of Social Justice. The case of Brazilian Schools in Japan’ (Gaikokujin Gakko, Minzoku Gakko: Shakai Seigi wo Kangaeru – Nihon ni okeru Burajiru Gakko no jirei wo toshie). Ritsumeikan Studies in Language and Culture, v. 19, p. 61-72, 2008b.

HATANO, Lilian. A educação de crianças brasileiras no Japão – desafios para os próximos 10 anos. In: Vinte anos dos brasileiros no Japão, editado por FUNAG, 2010. p. 41-49.

HATANO, Lilian Terumi. Papel das escolas brasileiras e as iniciativas de português como língua de herança no Japão. In: ALVAREZ, Maria Luisa Ortiz; GONÇALVES, Luis (Org.). O mundo do português e o português no mundo afora: especificidades, implicações e ações. Campinas, SP: Pontes Editores, 2016. p. 231-262.

HIGH ratio of foreign students put in special education after sitting IQ tests in Japanese, Mainichi Shimbun, 2019a.

JAPÃO. Guia de informações sobre as Escolas Públicas de Toyohashi, 2002.

JAPÃO. Agência de Serviços de Imigração do Japão. Gerenciamento de residência e controle de imigração, 2020a.

JAPÃO. Situação atual e questões relativas à educação de estudantes estrangeiros, 2020b

KANASIRO, Alvaro. Etnografia em uma escola brasileira no Japão. Ponto Urbe. Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, Núcleo de Antropologia Urbana, 2011.

KANASIRO, Alvaro. How non-returning students affect the educational role of Brazilian schools in Japan: A case study in Kanto and Chubu areas. MA Thesis, University of Tsukuba, 2014.

KAWAMURA, Lili. O processo educativo dos brasileiros no Japão. Pro-Posições, v. 6, n. 2, p. 64-84, 1995.

KAWAMURA, Lili. Para onde vão os brasileiros? Imigrantes brasileiros no Japão. Campinas, SP: Editora Unicamp, 1999.

KAWANAMI, Silvia. Ijime, maus-tratos nas escolas do Japão, 2012.

KITAWAKI, Yasuyuki. A educação de crianças brasileiras no Japão – desafios para os próximos 10 anos. Vinte anos dos brasileiros no Japão. Brasília: FUNAG, 2010. p. 21-40.

LAGARES, Xoán. Qual política linguística: desafios glotopolíticos contemporâneos. São Paulo: Parábola, 2018.

LICO, Ana Lúcia Cury. Família, escola e comunidade no processo de ensino-aprendizagem de PLH: do começo ao fim. In: JENNINGS-WINTERLE, Felicia; LIMA-HERNANDES, Maria Célia. Português como Língua de Herança: a filosofia do começo, meio e fim. New York: Brasil em Mente, 2015. p. 216-228.

LIMA, Emília. Uma aproximação à interculturalidade nas práticas pedagógicas escolares: qual o lugar dos saberes docentes. In: CADAU, Vera Maria (Org.). Interculturalizar, descolonizar, democratizar: uma educação “outra”?. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016. p. 322-340.

MENDES, Edleise. Vidas em português: perspectivas culturais e identitárias em contexto de português língua de herança. Revista do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, IILP, Cabo Verde, 2012.

MONTRUL, Silvina. Is the heritage language like a second language? Eurosla Yearbook, v. 12, p. 1-29, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1075/eurosla.12.03mon. Acesso em: 01 nov. 2022.

MORONI, Andreia. Português como língua de herança: o começo de um movimento. In: JENNINGS-WINTERLE, Felicia; LIMA-HERNANDES, Maria Célia (Org.). Português como língua de herança: a filosofia do começo, meio e fim. New York: Brasil em Mente, 2015. p. 28-55.

MORONI, Andreia. Português como língua de herança na Catalunha: representações sobre identificação, proficiência e afetividade. 2017. 287 f. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2017.

MORONI, Andreia; GOMES, Juliana Azevedo. O português como língua de herança hoje e o trabalho da Associação de Pais de Brasileirinhos na Catalunha. REB - Revista de Estudios Brasileños, La Rioja, p. v. 2, n. 2, p. 21-35, jan. 2015.

MOTA, Kátia. Aulas de português fora da escola: famílias imigrantes brasileiras, esforços de preservação da língua materna. Cadernos CEDES, v. 24, n. 63, p. 149-163, 2004.

NAKAGAWA, Kyoko. Crianças e adolescentes brasileiros no Japão: províncias de Aichi e Shizuoka. 2005. 245 f. Tese (Doutorado em Serviço Social) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas (ONU). Direitos Humanos: os direitos das minorias. Gabinete de documentação e Direito Comparado, 2008.

OTA, Haruo; TSUBOYA, Myoko. Gakkou ni kayowanai kodomotachi: Fushuugaku no genjyou [Children who do not attend schools: Current conditions of unschooled children]. In: MIYAJIMA, Takashi; HARUO, Ota (Ed.). Gaikokujin no kodomo to nihon no kyouiku. Tokyo: Tokyo University Press, 2005. p. 17-36.

PINTO, Ana Estela de Sousa. Crianças diagnosticadas como autistas no Japão preocupam brasileiros. 2017. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/06/1895771-criancas-diagnosticadas-como-autistas-no-japao-preocupam-brasileiros.shtml#:~:text=Foram%20identificadas%2096%20crian%C3%A7as%20que,passaram%20a%20frequentar%20as%20aulas. Acesso em: 25 out. 2022.

POLINSKY, Maria; KAGAN, Olga. Heritage languages: In the “wild” and in the classroom. Language and Linguistics Compass, v. 1, n. 5, p. 368-395, 2007.

PRADO, Gisele. Em busca de identidades: crianças brasileiras no Japão. In: ANAIS DOS ENCONTROS INTERNACIONAIS, UFES/PARIS-EST, 2017.

“PRISON camps for Brazilians”: Foreign kids in Japan being ushered into special education, Mainichi Shimbun, 2019b.

RAMOS, Ana. A realidade das crianças brasileiras no Japão. Brasileiras pelo Mundo, 2019. Disponível em: https://www.brasileiraspelomundo.com/a-realidade-das-criancas-brasileiras-no-japao-3102121865. Acesso em: 16 nov. 2022.

RAMOS, Ana. Brasileira de 13 anos enfrenta crises emocionais depois de sofrer bullying e ameaças em escola no Japão. RecordTV Japan, 2021a.

RAMOS, Ana. A luta de brasileiros contra o bullying recorde em escolas no Japão: “minha filha adolescente foi ameaçada de morte”. BBC Brasil, 2021b. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55860613. Acesso em: 16 nov. 2022.

RODRIGUES, Fernanda C. A noção de direitos linguísticos e sua garantia no Brasil: entre a democracia e o fascismo. Línguas e Instrumentos Línguísticos, v. 42, n. 42, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/lil/article/view/8661563. Acesso em: 16 nov. 2022.

SABJA. Serviço de Assistência aos Brasileiros no Japão. Facebook: nposabja, 2022. Disponível em: https://www.facebook.com/nposabja/about_details. Acesso em: 25 out. 2022.

SASAKI, Elisa Massae. Dekasseguis: trabalhadores migrantes Nipo-Brasileiros no Japão. Campinas, SP: UNICAMP, Núcleo de Estudos de População, 2000.

SUEYOSHI, Ana; NAKAGAWA, Kyoko. Crianças brasileiras e peruanas após o Retorno ao seu país de origem. Estudos Japoneses, n. 32, p. 11-28, jul. 2012. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ej/article/download/143095/137904/282651. Acesso em: 16 nov. 2022.

TANAKA, Edna. A volta dos filhos de dekassegui ao Brasil: escolarização, dificuldades e superação. 2009. 151 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.

TOBACE, Ewerthon. O que pode estar por trás do alto índice de autismo entre crianças brasileiras no Japão?, 2016. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-36580919#:~:text=Para%20Ivan%20Carlo%20Padre%20Seixas,integre%20os%20estrangeiros%20ao%20pa%C3%ADs. Acesso em: 25 out. 2022.

VALDÉS, Guadalupe. Heritage language students: Profiles and possibilities. In: PEYTON, Joy et. al. Heritage languages in America: preserving a national resource. Washington, DC: Center for Applied Linguistics and Delta Systems, 2001. p. 37-77.

YAMAMOTO, Yoko. Immigrant Children’s Schooling and Family Processes in Japan: trends, challenges, and implications. Global Perspectives On Well-Being In Immigrant Families, v. 1, p. 55-74, 13 nov. 2013. Springer New York. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1007/978-1-4614-9129-3_4. Acesso em: 16 nov. 2022.

YAMAMOTO, Yoko. Immigrant children’s schooling and family processes in Japan: trends, challenges, and implications. In: RADOSVE, Dimitrova et. al. (Ed.). Global Perspectives on well-being in immigrant Families. Springer Social Sciences, 2014. p. 55-74.

YAMANAKA, Keiko. Return Migration of Japanese-Brazilians to Japan: The Nikkeijin as ethnic minority and political construct. Diaspora: A Journal of Transnational Studies, v. 5, n. 1, p. 65-97, 1996. Disponível em: doi:10.1353/dsp.1996.0002. Acesso em: 16 nov. 2022.

YONAHA, Tábata Quintana. O PLH no contexto de emigrantes brasileiros no Japão: crenças e ações de mães brasileiras. 2016, 137 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) – Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

Publicado

2023-10-19

Cómo citar

Yonaha, T. Q. (2023). O reconhecimento do Português Língua de Herança no Japão como um direito humano linguístico. Revista Horizontes De Linguistica Aplicada, 22(2), DT3. https://doi.org/10.26512/rhla.v22i2.42642

Número

Sección

Dossiê: Português e outras línguas de herança