Por uma teoria da História pela História: Sobre o fetiche do distanciamento

Autores

  • João Francisco Schramm Universidade de Brasíla

DOI:

https://doi.org/10.26512/emtempos.v0i31.14717

Palavras-chave:

Historiografia. Teoria. Distanciamento.

Resumo

O surgimento e abandono de modas e de modelos teóricos alienígenas à História são tratados muitas vezes pela historiografia como algo trivial, havendo na maior parte das pesquisas apenas exposição dos debates da época, ao expor as correntes teóricas anteriores e as que mais tarde vieram se firmar no novo cenário epistemológico. No entanto, o presente artigo expõe que tais modelos teóricos, tão logo configurados como a moda de uma época, revelam problemas maiores, ainda não assumidos pela História, que demonstram o estado de experimentalismo, sujeição e dependência epistemológica a que a disciplina esteve sujeita durante o séc. XX. Ao fazer se submeter às modas teóricas e às repentinas mudanças de outras disciplinas, a História durante o séc. XX (especialmente na França e em consequência no Brasil), acabou por assumir questões epistemológicas que estão na raiz do próprio surgimento das ciências sociais, quando esta defendia a criação de um método semelhante ao das ciências da natureza, a que pudesse desvelar leis gerais que regem o comportamento humano. Sobre essa questão em particular, este artigo oferece uma crítica à ideia corrente do distanciamento sociológico e antropológico, que poderia trazer a estas disciplinas modelos teóricos e sistemas de interpretações que tornariam supérfluo a singularidade do conhecimento histórico ou mesmo a empiria. Portanto, o artigo discute o lugar não somente da História, mas das ciências humanas, quanto a seu objeto específico de estudo em relação às ciências naturais, ao destacar diferenças relevantes entre objetos culturais e objetos naturais.

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Publicado

2018-03-06

Como Citar

SCHRAMM, João Francisco. Por uma teoria da História pela História: Sobre o fetiche do distanciamento. Em Tempo de Histórias, [S. l.], n. 31, 2018. DOI: 10.26512/emtempos.v0i31.14717. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/emtempos/article/view/14717. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê

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