Por uma teoria da História pela História: Sobre o fetiche do distanciamento

Autores

  • João Francisco Schramm Universidade de Brasíla

DOI:

https://doi.org/10.26512/emtempos.v0i31.14717

Palavras-chave:

Historiografia. Teoria. Distanciamento.

Resumo

O surgimento e abandono de modas e de modelos teóricos alienígenas à História são tratados muitas vezes pela historiografia como algo trivial, havendo na maior parte das pesquisas apenas exposição dos debates da época, ao expor as correntes teóricas anteriores e as que mais tarde vieram se firmar no novo cenário epistemológico. No entanto, o presente artigo expõe que tais modelos teóricos, tão logo configurados como a moda de uma época, revelam problemas maiores, ainda não assumidos pela História, que demonstram o estado de experimentalismo, sujeição e dependência epistemológica a que a disciplina esteve sujeita durante o séc. XX. Ao fazer se submeter às modas teóricas e às repentinas mudanças de outras disciplinas, a História durante o séc. XX (especialmente na França e em consequência no Brasil), acabou por assumir questões epistemológicas que estão na raiz do próprio surgimento das ciências sociais, quando esta defendia a criação de um método semelhante ao das ciências da natureza, a que pudesse desvelar leis gerais que regem o comportamento humano. Sobre essa questão em particular, este artigo oferece uma crítica à ideia corrente do distanciamento sociológico e antropológico, que poderia trazer a estas disciplinas modelos teóricos e sistemas de interpretações que tornariam supérfluo a singularidade do conhecimento histórico ou mesmo a empiria. Portanto, o artigo discute o lugar não somente da História, mas das ciências humanas, quanto a seu objeto específico de estudo em relação às ciências naturais, ao destacar diferenças relevantes entre objetos culturais e objetos naturais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações, Lisboa: Difel, 1990.

DELACROIX, Christian; DOSSE, François; GARCIA, Patrick (Dir.). As correntes históricas na França. Rio de janeiro: Ed. FGV, 2012.

DOSSE, François. A História. Bauru, São Paulo, EDUSC, 2003.

DURKHEIM, É.As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Martins Fontes, 2007.

GADAMER Hans-Georg. Verdade e Método. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

GUSMÃO, Luís de. O fetichismo do conceito. Limites do conhecimento teórico na investigação social. Rio de Janeiro: Top Books, 2012.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/PUC-Rio, 2006.

REVEL, Jacques. Cultura, culturas: uma perspectiva historiográfica. In: Jacques Revel. Proposições. Ensaios de história historiografia. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2009.

REVEL, Jacques. História e historiografia. Curitiba: Ed. UFPR, 2010.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alain François et al. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2007. Publicando originalmente em 2000.

SCHRAMM, J.F.Por uma teoria da História pela História. Monções, UFMS/CPCX, v.1, n.1, p. 159-173, 2014,

SILVA B.H. Encontros entre História e Sociologia: primeiros embates metodológicos na França. História e Cultura,Franca, v.3, n.3 (Especial), p. 7-27, dez. 2014.

TARDE, Gabriel. Monadologia e Sociologia. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

Downloads

Publicado

2018-03-06

Como Citar

SCHRAMM, João Francisco. Por uma teoria da História pela História: Sobre o fetiche do distanciamento. Em Tempo de Histórias, [S. l.], n. 31, 2018. DOI: 10.26512/emtempos.v0i31.14717. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/emtempos/article/view/14717. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê