Convivência com a escassez de água: a importância do capital social nas áreas susceptíveis à desertificação no Semiárido

Autores

  • JENNIFER CICERA DOS SANTOS FAUSTINO UniversidadeFederal do Ceará - UFC
  • Patrícia Verônica Pinheiro Sales de Lima Universidade Federal do Ceará ”“ UFC
  • Francisco Casimiro Filho Universidade Federal do Ceará ”“ UFC
  • Maria Ivoneide Vital Rodrigues Centro Universitário Estácio do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.18472/SustDeb.v7n0.2016.18357

Palavras-chave:

Escassez de água, Semiárido Brasileiro, Participação Popular

Resumo

Este artigo objetiva analisar como os indicadores de capital social se relacionam com a percepção dos líderes de comunidades rurais quanto à sua capacidade de conviver com a escassez de água decorrente das secas periódicas na região semiárida. Para tanto, optou-se por um estudo empírico nas comunidades rurais em Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASDs) da Paraíba. Como métodos de análise, foram adotadas técnicas de estatística descritiva, construção de um índice de capital social e coeficiente eta para análise de relação entre variáveis. Os principais resultados mostraram que, de acordo com as lideranças locais, as comunidades apresentam baixo nível de capital social e se encontram com baixa capacidade de conviver com a escassez de água apesar das tecnologias sociais aí existentes. A análise da relação entre essas duas variáveis mostrou a necessidade de investimentos na dotação de capital social como forma de aumentar o desempenho das comunidades rurais no enfrentamento das restrições hídricas nas ASDs paraibanas.

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Publicado

2016-12-07

Como Citar

FAUSTINO, J. C. D. S., Lima, P. V. P. S. de, Casimiro Filho, F., & Rodrigues, M. I. V. (2016). Convivência com a escassez de água: a importância do capital social nas áreas susceptíveis à desertificação no Semiárido. Sustainability in Debate, 7, 114–135. https://doi.org/10.18472/SustDeb.v7n0.2016.18357

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