Comunidades remanescentes de quilombos em áreas ocupadas pelas Forças Armadas no Brasil (pós-1964): uma síntese desafiadora

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/revistainsurgncia.v11i1.56065

Palavras-chave:

Territórios negros rurais, Ditadura empresarial-militar, Reparação histórica, Concentração fundiária, Modernização conservadora

Resumo

O objetivo deste artigo é refletir sobre o histórico de conflitos agrários em regiões de ocupação tradicional por populações negras rurais a partir da ocupação militarizada pelas forças armadas durante o período ditatorial no Brasil (1964-1988) e a resistência das famílias, posteriormente reconhecidas como comunidades remanescentes de quilombos. Este é o caso da comunidade quilombola da Ilha da Marambaia (RJ). Pretende-se compreender a articulação entre a ocupação militarizada de territórios negros tradicionais em meio à ditadura empresarial-militar (Dreifuss, 2006) e o processo histórico de modernização conservadora do campo brasileiro ao longo do século XX, caracterizada pela permanência das formas de concentração fundiária, pelo fortalecimento da moderna empresa rural e o esgarçamento das relações camponesas no país.

Biografia do Autor

Aline Caldeira Lopes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Professora Adjunta da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutora em Teoria do Estado e Direito Constitucional (PUC-Rio). Coordenadora do Projeto de Extensão “Por Uma Noção Ampliada do Direito ao Território Quilombola” (DATEQ). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Marxistas em Política Social (GEMPS). Atualmente realiza Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (PPGH/UFF).

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Publicado

30.03.2025

Como Citar

LOPES, Aline Caldeira. Comunidades remanescentes de quilombos em áreas ocupadas pelas Forças Armadas no Brasil (pós-1964): uma síntese desafiadora. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, Brasília, v. 11, n. 1, p. 73–95, 2025. DOI: 10.26512/revistainsurgncia.v11i1.56065. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/article/view/56065. Acesso em: 13 abr. 2025.

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