A criança soteropolitana e o direito à capoeira

Autores

Palavras-chave:

Infância, Capoeira, Corpo, Direito

Resumo

Problematizar o direito à cultura e ao lazer, partindo do sentido da roda e da diversão para crianças soteropolitanas, praticantes de capoeira, é o objetivo deste artigo. Para tanto, analisamos o conteúdo do registro de quarenta e sete crianças praticantes de capoeira em Salvador através da pergunta: o que é a capoeira para você? Selecionamos registros cujo conteúdo está direcionado ao direito à aprendizagem e à ludicidade da capoeira. Concluímos então que a ludicidade, o tempo de lazer, embebido de cultura, aproxima infância e capoeira. Um aparente distanciamento justifica-se pela perseguição e criminalização da capoeira. Após resistir e ser ressignificada, vemos que eles estão numa mesma roda, numa relação de camaradagem, de vadiagem, afirmando o lugar de direito das crianças à capoeira.

Biografia do Autor

Edinei Gonçalves Garzedin, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil

Mestre em Educação. Professora de Ensino Fundamental e Ensino Superior. Baiana, sempre trabalhou com ensino de crianças, curiosa das questões do corpo, especialmente na infância, mãe de Evandro e Ana Victoria, com formação inicial em Letras e em Pedagogia.

Bruno Otávio Lacerda Abrahão, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil

Doutor em Educação. Professor de graduação e pós-graduação da UFBA (Universidade Federal da Bahia). Mineiro, quase baiano, pai de Benjamin e Gael. Capoeirista e pesquisador, com formação inicial em Educação Física.

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Publicado

22.03.2024

Como Citar

GONÇALVES GARZEDIN, Edinei; LACERDA ABRAHÃO, Bruno Otávio. A criança soteropolitana e o direito à capoeira. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, Brasília, 2024. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/article/view/46931. Acesso em: 31 out. 2024.

Edição

Seção

Em Defesa da Pesquisa