Diálogos entre as concepções de autodefesa de Elsa Dorlin e “A sedução e as artimanhas do poder” (2022), de Saidiya Hartman: violência necessária à constituição da subjetividade das escravizadas
DOI:
https://doi.org/10.26512/emtempos.v24i45.54116Palavras-chave:
Autodefesa, Escravizadas, ViolênciaResumo
O presente artigo objetiva explorar, a partir do livro “Autodefesa: uma filosofia da violência” (2020), de Elsa Dorlin, e do ensaio “A sedução e as artimanhas do poder” (2022), de Saidiya Hartman, a categoria da violência como forma legítima de defesa e resistência no contexto escravista estadunidense do século XIX. Com relação às mulheres negras, a violência adentrava o campo da sexualidade, aberto a estupros legitimados e justificados, configurando uma linguagem de afeto mútuo entre senhor e escravizada. Como principais aportes teórico-metodológicos, utilizou-se a noção de objetividade feminista e parcialidade da visão, de Haraway, além das teorizações de Díaz-Benítez, Spillers, Silva e Wynter para problematizar a necessidade de politizarmos nossas próprias subjetividades, partindo da premissa de olhar para o outro por uma conotação transversal e muito mais plural. Essa pode ser uma forma de avançar nos debates feministas antirracistas pela perspectiva responsável e localizada, estendendo a categoria da autodefesa a uma prática de si capaz de permitir o exercício de considerar o outro.
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