A questão do livro enquanto arquivo biológico
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v17i1.51454Palavras-chave:
Christian Bök, Experimento Xenotexto, Arquivo, DerridaResumo
No alvorecer do sec. XXI Christian Bök, um poeta experimental canadense, dá início àquilo que chama de “Experimento Xenotexto”, um híbrido entre poesia e bioengenharia. O “Experimento” orquestra uma rede de agências geralmente não explícitas quando se trato do fazer literário, uma vez que Bök pretende inserir um gene artificial dentro de uma bactéria extremófila (a Deinococcus Radioduras) com a intenção de produzir um organismo não humano que seja a um só tempo capaz de armazenar e produzir um poema. Nesse artigo, gostaria de delinear um aspecto específico do projeto: aquele que se relaciona a própria noção de arquivamento. Ora, se como afirma Derrida, a estrutura arquivante determina a própria qualidade e matéria do arquivo, do que seria de um texto, e do jogo de sentidos e temporalidades que esse estabelece, quando inserido em um bactéria que provavelmente sobreviverá (literalmente) a todos os leitores humanos que jamais tenham contato com ela? O que restaria, portanto, da própria ideia de leitura (e de todo um sistema correlato, como a escritura e a autoria)? É a partir do Xenotexto, e das peculiaridades conceituais que esse propõe em relação a própria ideia de arquivo, que acredito que estaríamos diante de um tipo de Xenoescritura.
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