ONIROCRACIA, PANDEMIA E SONHOS CIBORGUES
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v8i2.37654Palavras-chave:
Onicracia, Pandemia, Sonho CiborguesResumo
A partir do referencial de alguns fragmentos teóricos, configuramos uma pequena estrutura sobre a "rede de inconscientes". É uma provocação conceitual que articula o humano, a natureza e a tecnologia, promovendo a ideia do inconsciente como um ambiente complexo, em constante mudança, que funciona como um campo de comunicação entre as coisas, uma comunicação que não é objetiva mas intuitiva, transversal, multitemporal e multiespecífica. Um inconsciente que não existe exclusivamente no humano, mas na teia invisível entre as coisas. Além de incorporar os diversos animismos, a rede de inconscientes também visa problematizar o inconsciente das máquinas inteligentes. Neste ponto, colocamos algumas questões: Seria possível um inconsciente das máquinas? Como seria essa conexão dos sonhos humanos com esse inconsciente das máquinas que, além de gerar dados e informações, poderia gerar um campo de subjetividade ciborgue? Se a teia do inconsciente é um campo de comunicação com agências extra-humanas, a subjetividade do ciborgue poderia acessar um campo mais profundo no panteão das multiespécies? Com o Pandemic Dreams Archive, nosso arquivo de narrativas de sonhos coletados durante os primeiros meses da pandemia, esses temas se tornaram relevantes. As diferentes séries e diferentes modelos de sonhos foram analisados por meio de gráficos e mapas interativos, o que nos permitiu examinar os sonhos de forma metódica. As coincidências semânticas nos permitiram fazer associações entre diferentes sonhos e observar os campos relacionais entre as manifestações dos sonhos. Também criamos um bot chamado MacUnA (Machinic Inconscious Algorithm), um robô baseado em PNL (Natural Language Processing), uma subárea da ciência da computação e inteligência artificial que lida com linguística. MacUnA remixa as narrativas de sonhos do arquivo e cria sonhos derivados. Embora MacUnA ainda seja uma máquina literária cartesiana, ela nos surpreende justamente por quebrar esse cartesianismo com sua capacidade poética, que vem da associação de diferentes sonhos. Sua linguagem é onírica e nos aproxima da especulação sobre o que seria, no futuro, um algoritmo da máquina inconsciente ou mesmo os sonhos ciborgues.
Downloads
Referências
BENSUSAN, N. Hilan. Linhas do Animismo Futuro. Brasília: Ed. IEB / Mil Folhas, 2017.
BORGES, Fabiane. M. Ancestrofuturismo. In. Tecnoxamanismo. São Paulo: Invisíveis Produções, 2016. https://tecnoxamanismo.files.wordpress.com/2018/05/tcnxmnm-22_layout-2.pdf (em inglês: http://europia.org/cac6/CAC-Pdf/12-CAC6-16-Fabi_Malu_Ancestrofuturism.pdf )
BORGES, M. Fabiane. Futuros Sequestrados X Anti-Sequestro dos Sonhos. In.Manzuá: Revista de Pesquisa em Artes Cênicas, v. 2, n. 1, p. 44, 18 ago. 2019. https://periodicos.ufrn.br/manzua/article/view/17422
BORGES, Fabiane. M. Cosmogonias Livres - Rituais Faça Você Mesmo (DIY). In. Tecnoxamanismo. São Paulo: Invisíveis Produções, 2016. https://tecnoxamanismo.files.wordpress.com/2018/05/tcnxmnm-22_layout-2.pdf
BUTLER, Octavia E. Lilith's Brood (xenogenesis, Books 173) Ed. Grand Cene tral Publishing, 2000
CASTANEDA, Carlos. The Art of Dreaming. Connecticut: Easton Press, 1993. 1st edition
CASTRO, Eduardo Viveiros. Metafísica Canibal. Ed. Cosac Naify, 2015.
COCCIA. Emanuele. La vida sensible. Editorial Marea. Buenos Aires, 2011.
COCCIA. Emanuele. La vida de las plantas: Una metafísica de lamixtura. Miño y Dávila editores, 2017
CRARY, Jonathan. 24/7: Late Capitalism and the Ends of Sleep. London /New York: Verso, 2014.
DANOWSKI, Debora; CASTRO, Eduardo Viveiros. Há Mundo Por vir? Ensaio sobre os Medos e os Fins. Ed. Cultura e Barbárie. 2014.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Coleção Mil Platôs. 5 volumes. Ed. 34. 1995
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O Anti-Édipo. Capitalismo e Esquizofrenia. Ed. 24. 2010.
DELIGNY, Fernando. O Aracniano e Outros Textos. 2º Ed. N-1. 2018
DOMHOFF, G. William. The Mystique of Dreams: A Search for Utopia Through Senoi Dream Theory. Berkeley: University of California Press.
FABBRI. Renato and BORGES. M. Fabiane. Text Mining Descriptions of Dreams: Aesthetic and Clinical Eiforts. published at the National Meeting of Computational Modeling on 10/19/2017.
FISHER. Mark. Realismo Capitalista. Buenos Aires, Caja Negra 2018
GLOWCZEWSKI. Barbara. Devires totêmicos: Cosmopolítica do Sonho. N-1 edições, 2015
GUATTARI. Felix. As Três Ecologias. Ed. Papirus Editora. 9a. reimpressão. 1990
GUATTARI, F. O inconsciente maquínico. Campinas: Papirus Editora, (1979) 1988.
HARAWAY. J. Donna. Staying With The Trouble. New York: Duke University Press
Books.2016
HARAWAY, D. J. (1984): Ciencia, cyborgs y mujeres. La reinvención de lanaturaleza, Madrid, Cátedra.
JUNG. Carl Gustav. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Ed. Vozes. 2000.
KOPENAWA. David; ALBERT. Bruce. A Queda do Céu. Palavras de um xamã Yanomami. Companhia das Letras. 2015.
KUZWEIL. Ray. The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology. New York: Viking Penguin. 2006.
LAND. Nick. Fanged Noumena: Collected Writings. Organization of Robin Mackay and Ray Brassier. Falmouth. UK: Urbanomic. 2011.
ROMANDINI. Luduena, Fabian. Comunidade dos Espectros. I. Antropotecnia. Ed. Cultura e Barbárie. 2012.
ROMANDINI. Luduena, Fabian. H. P. Lovecraft: a disjunção no Ser. Ed. Cultura e Barbárie. 2013
STENGERS. Isabelle. No Tempo das Catástrofes. Sao Paulo: Cosac Naify. 2015.
TADEU. Tomaz. Org. Antropologia do Ciborgue: As vertigens do pós-humano. Edição 2.Autêntica Editora. 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Das Questões
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.