Variabilidade climática, modos de vida agrícola e segurança alimentar no Semiárido brasileiro

Autores

  • Patrícia S. Mesquita CDS/UnB
  • Hannah Wittman Institute for Resources, Environment and Sustainability, Faculty of Land and Food Systems, University of British Columbia, Vancouver-BC, V6T 1Z4, Canada
  • José Aroudo Mota Institute for Applied Economic Research, Setor Bancário Sul Ed. BNDES, Brasília - DF, 70076-900, Brazil.

DOI:

https://doi.org/10.18472/SustDeb.v7n0.2016.18749

Palavras-chave:

Seca, Mudanças climáticas, Segurança alimentar, Vulnerabilidade, Brasil

Resumo

A variabilidade e as mudanças no clima estão entre as principais ameaças para a sustentabilidade
socioambiental em muitas áreas semiáridas do mundo, e são de especial preocupação para agricultores
familiares com limitação de recursos. Na região semiárida do Brasil, os altos níveis de vulnerabilidade
social, em conjunto com os previstos eventos climáticos, podem afetar adversamente culturas de
subsistência e áreas de cultivo com consequências sérias sobre a segurança alimentar rural. Uma seca
extrema, que iniciou em 2010, deixou 174 (de 184) municípios no estado do Ceará, Brasil, em estado
de emergência em 2012. Durante o período de seca, foram estudadas características produtivas do
domicílio, fontes de água para consumo doméstico, percepção de mudanças de temperatura e a relação
de tais variáveis com a percepção de segurança alimentar e nutricional. A segurança alimentar foi
associada com a presença de água encanada e a variedade de animais existentes por domicílio. Além
da importância em observar o papel dessas variáveis em políticas públicas relacionadas com segurança
alimentar e desenvolvimento regional em locais semiáridos do Brasil, é levantada a importância de se
entender o contexto local onde tais políticas são implementadas e os tipos de medidas de adaptação
utilizadas durante períodos de eventos extremos, uma vez que serão mais recorrentes em um cenário
de mudanças climáticas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BASHIR, M. K.; SCHILIZZI, S.; PANDIT, R. Impact of socio-economic characteristics of rural households on food security: the case of the Punjab, Pakistan. Journal of Animal and Plant Sciences, v. 23, p. 611-618, 2013.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Plano Territorial de Desenvolvimento Rural, Sustentável e Solidário ”“ Território Cariri. MDA/SDT/AGROPOLOS, Fortaleza, 2010, 348 p.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Fomento às Atividades Produtivas Rurais. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/seguranca-ali...mento-as-atividades-rurais-produtivas/fomento-brasil-sem-miseria>. Acesso em: 10 set. 2015.

BURNEY, J. et al. Climate change adaptation strategies for smallholder farmers in the Brazilian Sertão. Climatic Change, v. 126, p. 45-59, 2014

BURSZTYN, M. O Poder dos Donos ”“ Planejamento e Clientelismo no Nordeste. Editora Vozes/CNPq, 1984, 288 p.

CARVALHO, F. P. Agriculture, pesticides, food security and food safety. Environmental Science and Policy, v. 9, p. 685-692, 2006.

CASTRO, J. Geografia da Fome. O Dilema Brasileiro: Pão ou Aço. 10 ed. Antares, Rio de Janeiro, 1984, 248 p.

CEDEPLAR-FIOCRUZ. Mudanças Climáticas, Migrações e Saúde: cenários para o Nordeste, 2000-2050. Fiocruz, 2008, 47 p.

CONSEA. A Segurança Alimentar e Nutricional e o Direito Humano à Alimentação Adequada no Brasil. Consea, 2010.

CONFALONIERI, U. E. C. et al. Social, environmental and health vulnerability to climate change in the Brazilian Northeastern Region. Climatic Change, v. 127, p. 123-137, 2014.

DI FALCO, S.; VERONESI, M.; YESUF, M. Does Adaptation to Climate Change Provide Food Security? A Micro-Perspective from Ethiopia. American Journal of Agricultural Economics, v. 93, p. 829-846, 2011.

DOWNING, T. E. Vulnerability to hunger in Africa ”“ a climate change perspective. Global Environmental Change, v. 1, p. 365-380, 1991.


DUTRA, G. Em Tejuçuoca, no Ceará, programa social distribui caprinos a jovens. G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/ceara/noticia/2011/08/municipio-cearense-elege-o-bode-mais-bonito-da-cidade.html>, 2011.

EBI, K. L.; LOBELL, D.; FIELD, C. Climate Change Impacts on Food Security and Nutrition. In: Ebi et al. (Ed.) SCN ”“ Climate Change: Food and Nutrition Security Implications, p. 11-17, 2010.

FAO. A Reference for Designing Food and Nutrition Security Policies:
The Brazilian Fome Zero Strategy. FAO, p. 1-28, 2009.

FETTER, R.; OLIVEIRA, C. H.; SAITO, C. Variabilidade das Chuvas nos Municípios do Cariri Cearense, como Subsídio para a Seleção de Área de Estudo nos Projetos da Sub-rede Desenvolvimento Regional da Rede Clima. Grupo de Trabalho 2, Sub-rede Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Regional, Rede Clima. Brasília, 2012, 33 p.

GIANNINI, T. C. et al. Pollination services at risk: bee habitats will decrease owing to climate change in Brazil . Ecological Modelling, v. 244, p. 127-131, 2012

GONÇALVES JR, O. Entre bois e cabras: uma visão histórica sobre mentalidades e valores nos sertões. Est. Hist., v. 24, p. 49-68, 2011.

GUTIÉRREZ, A. P. A. et al. Drought preparedness in Brazil. Weather and Climate Extremes, v. 3, p. 95-106, 2014

HACKETT, M. et al. Gender of respondent does not affect the psychometric properties of the Brazilian Household Food Security Scale. International Journal of Epidemiology, v. 37, p. 766-744, 2008

HANJRA, M. A.; QURESHI, M. E. Global water crisis and future food security in an era of climate change. Food Policy, v. 35, p. 365-377, 2010.

HLPE. Water for food security and nutrition. A report by the High Level Panel of Experts on Food Security and Nutrition of the Committee on World Food Security, Rome, 2015.

HOFFMAN, R. Determinantes da Insegurança Alimentar no Brasil: análise dos dados da Pnad de 2004. Seguranca Alimentar e Nutricional, v. 15, p. 49-61, 2008.

IBGE. Censo Agropecuário 2006. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ”“ IBGE, Brasil, 2006, 141 p.

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Segurança Alimentar 2004/2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ”“ IBGE, Brasil, 2010, 183 p.

INSA. Sinopse do Censo Demográfico para o Semiárido Brasileiro. Instituto Nacional do Semiárido, Brasil, 107 p.

IPCC. Climate Change 2014: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Part A: Global and Sectoral Aspects. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press, 2014

IPECE-IBGE. Limites Municipais e Distritais da Macrorregião Cariri/ Centro Sul. Governo do Estado do Ceará. Secretaria de Planejamento e Gestão, 2010.

LEMOS, M. R. C. Drought, Governance and Adaptive Capacity in North East Brazil: a case study of Ceará. UNDP ”“ Human Development Report 2007/2008, 2007, 16 p.

LIVERMAN, D. M. Vulnerability and Adaptation to Drought in Mexico. Natural Resources Journal, v. 39, p. 99-115, 1999.

LIVINGSTONE, I.; ASSUNÇÃO, M. Government policies towards drought and development in the Brazilian Sertao. Development and Change, v. 20, p. 461-500, 1989.

MAGALHÃES, A. R. Drought and Policy Responses in the Brazilian Northeast. In: Wilhite, D. A. Drought Assessment, Management, and Planning. Natural Resource Management and Policy, v. 2, p. 181-198, 1993.

MAXWELL, D.; WIEBE, K. Land Tenure and Food Security: Exploring Dynamic Linkages. Development and Change, v. 30, p. 825-849, 1999.


PBMC. Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação: contribuição do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. PBMC, Rio de Janeiro, Brasil, 2013, 30 p.

PORTER JR et al. Food security and food production systems. In: Field CB et al. (Ed.) Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability, Cambridge University Press, p. 485-533, 2014.

RIBEIRO, E. C. M.; SILVA, M. M. C. Um Retrato do Semiárido Cearense. IPECE ”“ Texto para Discussão. 2010. 40 p.

ROCHA, R.; SOARES, R. R. Water Scarcity and Birth Outcomes in the Brazilian Semiarid. Journal of Development Economics, v. 121, p. 72-91, 2012.

SEGALL-CORREA, A. M. et al. InSegurança Alimentar no Brasil. Validação de Metodologia para Acompanhamento e Avaliação. Unicamp, Brasil, 2003, 49 p.

SILANIKOVE, N. The physiological basis of adaptation in goats to harsh environments. Small Ruminant Research, v. 35, p. 181-193, 2000.

TAVARES, M. C.; ANDRADE, M. C.; PEREIRA, R. R. Seca e Poder ”“ Entrevista com Celso Furtado. Fundação Perseu Abramo, 1998, 100 p.

TESFAYE, A.; BOGALE, A.; NAMARA, R. E. The Impact of Small Scale Irrigation on Household Food Security: The Case of Filtino and Godino Irrigation Schemes in Ethiopia. Irrigation and Drainage Systems, v. 22, p. 145-158, 2008.

TUBIELLO, F. N. et al. Climate Change Response Strategies for Agriculture: Challenges and Opportunities for the 21st Century. The World Bank. Agriculture and Rural Development Discussion, 2008, 75 p.

UN - EMG. Global Drylands. A UN system-wide response. United Nations Environment Management Group, 2011, 132 p.

UNCCD. United Nations Convention to Combat Desertification. United Nations, 2014, 58 p.

WFP. Food Security and Vulnerability Profile 2000. VAM Unit World Food Programme Nepal, 2001, 129 p.

WHO; WMO. Atlas of Health and Climate. WHO, 2012, 68 p.

WMO. World Meteorological Organization Statement on the Status of the Global Climate in 2013. World Meteorological Organization, 2014, 24 p.

YENGOH, G. T. Determinants of yield differences in small-scale food crop farming systems in Cameroon. Agriculture and Food Security, v. 1, p. 1-19, 2012.

Downloads

Publicado

2016-12-07

Como Citar

Mesquita, P. S., Wittman, H., & Aroudo Mota, J. (2016). Variabilidade climática, modos de vida agrícola e segurança alimentar no Semiárido brasileiro. Sustainability in Debate, 7, 38–51. https://doi.org/10.18472/SustDeb.v7n0.2016.18749

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.