Justiça social e ambiental:

reflexão sobre os megaeventos esportivos no Rio de Janeiro

Autores

  • Rodrigo Machado Vilani Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
  • Carlos José Saldanha Machado Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

DOI:

https://doi.org/10.18472/SustDeb.v5n3.2014.11991

Palavras-chave:

Megaeventos, Segregação socioespacial, Justiça ambiental, Intervenções urbanas, Políticas públicas

Resumo

O reordenamento espacial do município do Rio de Janeiro, voltado para a adaptação da cidade aos megaeventos esportivos, demandou remoções, investimentos em infraestrutura, entre outras ações. O objetivo desse artigo é fortalecer o debate jurídico-político do direito à cidade para seus habitantes através de uma avaliação da extensão das intervenções urbanas propostas a partir do quadro atual de justiça ambiental e do histórico processo de segregação socioespacial materializado nas favelas cariocas. A análise da cidade olímpica será feita com base em metodologia quali-quantitativa de dados primários e secundários sobre saneamento e remoções ocorridas em razão dos megaeventos. Entre os resultados encontrados destaca-se o retrocesso socioambiental gerado pelas políticas públicas implementadas nesse ciclo de investimentos. Conclui-se tecendo considerações gerais e específicas voltadas para o fortalecimento dos processos de elaboração e avaliação de políticas públicas e para a construção de um modelo de cidade sustentável no município do Rio de Janeiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Machado Vilani, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); Professor colaborador do Mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Candido Mendes (Campos dos Goytacazes)

Carlos José Saldanha Machado, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Professor dos Programas de Pós-Graduação em Biodiversidade em Saúde da Fiocruz e em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Referências

ACSELRAD, H.; MELLO, C. C.; BEZERRA, G. N. O que é justiça ambiental. Rio de
Janeiro: Garamond, 2009.
ALIROL, E.; GETAZ, L.; STOLL, B.; CHAPPUIS, F.; LOUTAN, L. Urbanization and infectious
diseases in a globalised world. The Lancet, v. 11, p. 131-141, 2011.
ALMEIDA, D. C. A fundamentalidade dos direitos sociais e o princípio da proibição
de retrocesso. Inclusão Social, Brasília, v. 2, n. 1, p. 118-124, 2007.
BARBOSA, J. L. Rio 2016: jogos olímpicos, favelas e justiça territorial urbana. Revista
Bibliográfica de Geografía Y Ciencias Sociales, Barcelona, v. XV, n. 895 (23), 2010.
BRASIL. Ministério dos Esportes. Caderno Legado Urbano e Ambiental. Brasília:
ME, 201-.
BRENNAN, E. Population, Urbanization, Environment, and Security: A Summary of
the Issues. Washington, D.C.: Woodrow Wilson International Center for Scholars
(Comparative Urban Studies Occasional Papers Series, 22). 1999.
BUENO, L. M. M. Cidades e Mudanças Climáticas no Brasil: Planejamento de
Medidas ou Estado de Risco? Sustentabilidade em Debate, Brasília, v. 2, n. 1, p. 81-
98, 2011.
COSTA, H. S. M, MONTE-MÓR, R. L. M. Urbanization & Environment: trends and
patterns in contemporary Brazil. In: HOGAN, D.; BERQUÓ, E.; COSTA, H. (orgs.).
Population and Environment in Brazil. Campinas: CNPD/ABEP/NEPO, 2002. p. 127-
146.
HERCULANO, S. Resenhando o debate sobre justiça ambiental: produção teórica,
breve acervo de casos e criação da rede brasileira de justiça ambiental.
Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, n. 5, p. 143-149, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico
2010: Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios. Cidades ”“ Rio de
Janeiro. 2010. Disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/23W11>. Acesso em: 24 set.
2014.
INSTITUTO ETHOS. Nível de transparência das informações públicas nas cidades
sede da Copa 2014 é muito baixo, aponta indicador. São Paulo: Ethos, 2013.
Disponível em: <http://bit.ly/1nlSQDl>. Acesso em: 20 mai. 2014.
INSTITUTO TRATA BRASIL. Instituto Trata Brasil divulga ranking do saneamento com
avaliação dos serviços nas 81 maiores cidades do País. Disponível em: <http://
www.tratabrasil.org.br>. Acesso em: 06 nov. 2012.
MACHADO, C. J. S. Desenvolvimento Sustentável para o Antropoceno: um olhar
panorâmico. Rio de Janeiro: E-Papers, 2014.
MAKINDE, O. O. Urbanization, housing and environment: Megacities of Africa.
International Journal of Development and Sustainability, v. 1, n. 3, p. 976-993, 2012.
MARICATO, E. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis: Vozes,
2001.
MASCARENHAS, G. Desenvolvimento urbano e grandes eventos esportivos: o legado
olímpico dos jogos. In: MASCARENHAS, G.; BIENENSTEIN, G.; SÁNCHEZ, F. (orgs.). O
jogo continua: megaeventos esportivos e cidades. Rio de Janeiro: EDUERJ, FAPERJ,
2011a. p. 27-39.
MASCARENHAS, G. O ideário urbanístico em torno do olimpismo: Barcelona (1992)
e Rio de Janeiro (2007). In: MASCARENHAS, G.; BIENENSTEIN, G.; SÁNCHEZ, F. (orgs.).
O jogo continua: megaeventos esportivos e cidades. Rio de Janeiro: EDUERJ, FAPERJ,
2011b. p. 41-56.
OLIVEIRA, N. G. O poder dos jogos e os jogos do poder: os interesses em campo na
produção de uma cidade para o espetáculo esportivo. 308f. 2012. Tese (Doutorado
em Planejamento Urbano e Regional) ”“ Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional.
OLIVEIRA, L. P. H.; KRAU, L. Estudos aplicados à recuperação biológica da Baía de
Guanabara. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 74, n. 2, p. 99-145, 1976.
ONU critica Brasil por desapropriações para Copa e Olimpíada. Jornal O Globo, Rio
de Janeiro, 26 abr. 2011. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/politica/onucritica-
brasil-por-desapropriacoes-para-copa-olimpiada-2791929 >. Acesso em: 30
ago. 2014.
PAIVA, L. R.; MEDEIROS, M. G. P.; ÁLVARES, L. M. P. O paradigma neoliberal e os
megaeventos: como a copa e as olimpíadas servem à produção de cidades mais
excludentes no Brasil. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇÃO
E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, 15, 2013,
Recife. Anais eletrônicos... Recife: ANPUR. Disponível em: <http://
www.xvenanpur.com.br/anais.php>. Acesso em: 03 abr. 2014.
PORTAL 2014. President of the IOC seeks slums urbanization before 2016 Rio
Olympics. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://bit.ly/1iDR6Cj>. Acesso em:
10 abr. 2014.
PORTAL POPULAR DA COPA E DAS OLIMPÍADAS. Dossiê Megaeventos e Violações
de Direitos Humanos no Brasil. Rio de Janeiro: 2012. Disponível em: <http://bit.ly/
1p0WUec>. Acesso em: 10 abr. 2014.
QUINN, B. Key Concepts in Event Management. London: Sage Publications, 2013.
RIO DE JANEIRO (município). Instituto Pereira Passos (IPP). Indicadores de Renda -
Desigualdade por extratos da população. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http:/
/bit.ly/PqD5w7>. Acesso em: 10 abr. 2014.
_____. Instituto Pereira Passos (IPP). Áreas de Planejamento e Regiões
Administrativas ”“ 2004. Disponível em: <http://bit.ly/1rf4yPR>. Acesso em: 10 abr.
2014.
_____. Secretaria Municipal de Saúde. Dengue: dados epidemiológicos. Rio de
Janeiro, 2014. Disponível em: <http://bit.ly/1xfa8rI>. Acesso em: 20 mar. 2014.
ROMANCHUK, E. Long-term Effects Estimation of Mega-sport Events on Hosting
Countries with Transition Economies. 7th Silk Road International Conference
“Challenges and Opportunities of Sustainable Economic Development in Eurasian
Countries”. Tbilisi, p. 279-283, 2012.
SÁNCHEZ, F. et al. Jogos Pan-Americanos Rio 2007: um balanço multidimensional.
In: MASCARENHAS, G.; BIENENSTEIN, G.; SÁNCHEZ, F. (orgs.). O jogo continua:
megaeventos esportivos e cidades. Rio de Janeiro: EDUERJ, FAPERJ, 2011. p. 99-
122.
SARLET, I. W.; FENSTERSEIFER, T. F. Notas sobre a proibição de retrocesso em
material (socio) ambiental. In: SENADO FEDERAL. O princípio da proibição de
retrocesso ambiental. Brasília: CMA, 2012. p. 121-206.
SHIRAI, H. From Global Field to Local Neighbourhood: Sustainable Transformation
of the Olympic Park for the City. London: The London School of Economics and
Political Science, 2009.
SILVA, R. T. Research notes on the case of Brazilian metropolitan areas. In:
RODRIGUEZ, R. S.; BONILLA, A. (orgs.). Urbanization, Global Environmental Change,
and Sustainable Development in Latin America. São José dos Campos: IAI, INE,
UNEP, 2007. p. 127-160.
SOUZA, J. S. Lei geral da copa: a violência da exceção. In: CONGRESO ASOCIACIÓN
LATINOAMERICANA DE SOCIOLOGÍA, 29, 2013, Santiago. Anais eletrônicos...
Santiago: ALAS. Disponível em: <http://bit.ly/1ekcIEk>. Acesso em: 1 abr. 2014.
STRECK, L. L. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da
construção do Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
TORRES, H. G. Population and the environment: a view from Brazilian metropolitan
areas. In: HOGAN, D.; BERQUÓ, E.; COSTA, H. (Orgs.). Population and Environment
in Brazil. Campinas: CNPD/ABEP/NEPO, 2002. p. 147-166.
UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs (DESA). Sustainable
Development Challenges. New York: UN, 2013.
UTTARA, S.; BHUVANDAS, N.; AGGARWAL, V. Impacts of, urbanization on
environment. International Journal of Research in Engineering & Applied Sciences,
v. 2, n. 2, p. 1637-1645, 2012.
VERÍSSIMO, A. A. Four Decades of Urbanization of Slums in Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2013. Disponível em: <http://bit.ly/1h7Jvva>. Acesso em: 10 abr. 2014.
VILANI, R. M.; MACHADO, C. J. S.; ROCHA, E. T. S. Saneamento, dengue e demandas
sociais na maior favela do Estado do Rio de Janeiro: a Rocinha. Vig Sanit Debate,
Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 18-29, 2014.

Downloads

Publicado

2014-12-31

Como Citar

Vilani, R. M., & Machado, C. J. S. (2014). Justiça social e ambiental:: reflexão sobre os megaeventos esportivos no Rio de Janeiro. Sustainability in Debate, 5(3), 245–264. https://doi.org/10.18472/SustDeb.v5n3.2014.11991

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.