A progressiva dissolução da definição de Arquitetura
reflexões sobre as areias movediças da condição contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e51076Palavras-chave:
Teoria da Arquitetura, História da Arquitetura, Representação, Indústria da Construção, Financeirização ImobiliáriaResumo
Este texto discute o significado do termo Arquitetura em perspectivas histórica, conceitual e disciplinar, centrando a questão no âmbito da Teoria da Arquitetura. Como de hábito, apresentam-se as ideias provenientes de Vitrúvio e de Alberti para depois marcar uma inflexão, no século XIX, quando muda o significado do termo em função da urbanização induzida pela Revolução Industrial. Esta brusca alteração de um curso apoiado em 400 anos de história foi o início de um rápido processo de desmantelamento, ou de multiplicação dos sentidos do termo, que passou sucessivamente pela pressão exercida pela indústria da construção, depois pelo impacto corporativo para ser, finalmente, afetada pela financeirização. O resultado expõe a dissolução do significado de Arquitetura, uma vez que seu significante – isto é, a impressão que nos deixa – aparece como irrelevante no mundo contemporâneo. Apoiado em uma revisão bibliográfica sobre o tema, a análise se ampara no método crítico-reflexivo, dentro do entendimento que lhe poderia dar Donald Schön, no âmbito da pedagogia, assim como numa “leitura atenta”, como a proposta por Elaine Showalter, para enfrentar os deslizamentos acontecidos ao conceito na sua formação histórica, dentro da Teoria da Arquitetura
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