O núcleo urbano de Ilha Solteira (SP) e a utopia da Cidade Nova no desenvolvimentismo de 1945 a 1980
DOI:
https://doi.org/10.18830/1679-09442025v18e56930Palavras-chave:
Desenvolvimentismo, Cidades Novas, Usinas hidrelétricas, Ilha Solteira (SP)Resumo
O artigo busca analisar como as cidades-empresa implantadas no Brasil entre 1945 e 1980, para a construção de usinas hidrelétricas, foram instrumentos de desenvolvimento econômico regional e forjaram novas dinâmicas sociais e urbanas, representando uma fase marcante da história do planejamento territorial e urbano no país. A construção da ideia América Latina como utopia se manifesta na concepção das cidades latino-americanas como epicentros da reprodução do capital e do poder político e simbólico da ideologia desenvolvimentista. Nessa perspectiva, considera-se as Cidades Novas no Brasil como utopias concretizadas, tendo como objeto Ilha Solteira (SP), núcleo urbano de apoio a empresa estatal de geração de energia, exemplo de dispositivo de desenvolvimento econômico-territorial. A pesquisa histórica que compõe o artigo combina análise documental sobre Ilha Solteira e revisão da literatura sobre planejamento urbano e desenvolvimento territorial. Os resultados da pesquisa evidenciam as Cidades Novas como especificidade brasileira na América Latina no desenvolvimentismo, na dinâmica da “Marcha para o Oeste” como projeto estatal, indicando que Ilha Solteira, como Cidade Nova, contribuiu na urbanização do Oeste Paulista, consolidando o modelo de desenvolvimento energético e territorial.
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