Urgências de arquivo: dispositivos estéticos de implicação na pesquisa de três acervos brasileiros

Autores

  • Junia Mortimer Programa de Pós-graduação em arquitetura e urbanismo / Programa de Pós-graduação em Artes Visuais, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia https://orcid.org/0000-0001-7939-5110

DOI:

https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n32.2022.18

Palavras-chave:

arquivos, urgências, pesquisa, ação, cidade

Resumo

Este artigo pretende reunir diferentes práticas de pesquisa com arquivos privados, no intuito de evidenciar a disposição para escuta e observação, e não somente a necessidade de questionamento e interrogativa, diante dos conjuntos documentais e suas formas de organização. As perguntas aos arquivos nos guiam nas pesquisas pelas quais chegamos a eles. Mas o arquivo tem também suas demandas, entre aquelas projetadas por seus gestores e aquelas solicitadas pela (sobre)vida das imagens (DIDI-HUBERMAN 2013) e documentos. Como atentar para os desafios que os arquivos nos colocam no meio do caminho das perguntas que nos levaram até eles? Como podemos elaborar essas demandas, sutis e às vezes quase imperceptíveis? Em que medida perceber esses desafios e elaborar em torno dessas demandas são atividades que se dão no âmbito do sensível e implicam uma reconfiguração da política da estética? Para tentar responder a essas perguntas vamos apresentar três situações de pesquisa em arquivo que evidenciam diferentes dispositivos estéticos de investigação vinculados a fabular, ouvir e transbordar. Esses três conjuntos documentais - Acervo Aracy Esteve Gomes, Acervo Arlete Soares e Zumvi Arquivo Afro Fotográfico - colocam solicitações distintas ao corpo-pesquisador, mostrando que, ao tempo que investigamos modos de fazer o documento falar, é importante dele se aproximar com uma escuta sensível, de modo a colocar em relação o que nos mobiliza, enquanto pesquisadores, e o que mobiliza o arquivo, enquanto corpo (não somente) documental pulsante.

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Biografia do Autor

Junia Mortimer, Programa de Pós-graduação em arquitetura e urbanismo / Programa de Pós-graduação em Artes Visuais, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia

Arquiteta e urbanista (UFMG, 2007), fotógrafa e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA. É doutora em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU/UFMG, 2015), com estágio doutoral na Cooper Union (NYC, 2013-2014). Mestre em Estudos Literários pela Universidade Nova de Lisboa e pela Université de Perpignan (Erasmus Mundus, 2010). É hoje professora permanente dos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) e em Artes Visuais (PPGAV), ambos da UFBA. Realizou pós-doutoramento no NPGAU/UFMG, no Laboratório de Fotodocumentação, em 2019. É a atual coordenadora do grupo de pesquisa LEIA - Laboratório de Estudos de Imagem e Arquitetura (PPGAU/CNPq) e integra o Grupo de Pesquisa Arquivos, fontes, narrativas: entre cidade, arquitetura e design (FAU USP/CNPq) e Cosmópolis (EA UFMG/CNPq). Autora dos livros “Arquiteturas do Olhar” (C/ Arte 2017) e “Entre imagem e escrita: Aracy Esteve Gomes e a cidade de Salvador” (Edufba 2020).

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Publicado

26-08-2022

Como Citar

Mortimer, J. . (2022). Urgências de arquivo: dispositivos estéticos de implicação na pesquisa de três acervos brasileiros: . Paranoá, 15(32), 1–16. https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n32.2022.18

Edição

Seção

Arquivos e Acervos em Arquitetura e Urbanismo

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