Espera e espelho: um ensaio trivial
DOI:
https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n16.2016.07Palavras-chave:
Determinação do comportamento, Autodeterminação, Bestimmung, Selbsbestimmung, Sobretons psíquicos, Teoria granular da consciênciaResumo
O problema da determinação da ação humana ocupou a filosofia durante séculos. O presente ensaio procura contribuir para esse debate através da proposta de duas teses filosóficas. A primeira tese defende que toda a ação humana se organiza numa estrutura de espera de algo que determine a consciência. Toda a iniciativa e todo o ato voluntário dependem de algo que surge no fluxo de consciência. Neste sentido, o sujeito parece ser visitado do exterior por algo que irá iniciar o comportamento. Em defesa desta tese apresentam-se relatos fenomenológicos do processo de decisão, registos históricos de eventos mentais como visitações, representações literárias e teorias filosóficas do tempo. Em particular, mostra-se que as teorias sobre a dimensão corpuscular ou granular do tempo e do fluxo da consciência são especialmente relevantes para a explicação da capacidade de atuação dos seres humanos. Em complemento, propõe-se um inventário dos grandes temas que organizam a ação. Trabalham-se conteúdos culturais ligados à s universidades, à internet e à literatura. Defende-se uma segunda tese filosófica segundo a qual os seres humanos só se interessam maioritariamente por si mesmos. O ensaio termina com a defesa da ideia de que a filosofia, a ciência e a religião não têm meios racionais para explicar a atuação humana, restando apenas a abordagem sapiencial. As várias linhas de pensamento deste ensaio são unificadas pela ideia de que a trivialidade da vida humana esconde problemas intelectuais dignos de investigação.
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