Os indígenas como mediadores culturais nos espaços de fronteira Pantanal/Brasil e Chiquitania/Bolívia (século XVIII)

Resumen

O presente estudo tem o objetivo de compreender como os grupos étnicos dos espaços de fronteira Pantanal/Brasil e Chiquitania/Bolívia tornaram-se “mediadores culturais” entre dois mundos – da sociedade europeia e dos diferentes grupos indígenas, ao longo do século XVIII, a partir da manipulação de seus interesses e necessidades diante da pressão europeia, bem como da participação ativa nas negociações entre espanhóis e portugueses da região, através dos discursos extraídos dos manuscritos coloniais de espanhóis e portugueses. As fontes históricas foram redigidas pelas autoridades europeias que administravam os pueblos (missões), as estâncias e as cidades coloniais na região. Os documentos circulavam nos espaços e eram enviados para a Real Audiencia de la Plata. Desde o início da colonização, espanhóis e portugueses utilizavam os indígenas cristãos e infiéis como porta de acesso ao território rival, assim como aliados nos confrontos e no comércio ilegal. Apesar das informações dos documentos se mostrarem fragmentadas e pouco descritivas, esse estudo se propõe a romper com a visão de enfrentamento permanente entre grupos étnicos distintos, pois os espaços de fronteira também proporcionam intercâmbio de pessoas e de ideias.