Corpos Fragmentados
a representação da raça e do corpo da mulher africana nos Cadernos Coloniais (1935-1941)
DOI:
https://doi.org/10.26512/emtempos.v1i36.31637Palabras clave:
Estado Novo. Poder. Corpo feminino.Resumen
O presente trabalho tem como objetivo analisar as imagens e os textos sobre como a raça e os corpos femininos das mulheres africanas estão sendo representados no periódico lusitano, Cadernos Coloniais, durante o período do Salazarista, o Estado Novo. E como a construção discursiva do corpo está intimamente relacionada as manobras e estratégias de poder em prol do projeto colonialista português. Despertando na pesquisa histórica não apenas a curiosidade, mas também a necessidade de se explorar o máximo possível as análises existentes pelo contato entre Portugal e África que está na revista. Dentro desse contexto as contribuições de Foucault (2014), Villen (2013), Certeau (2008). O corpo tem um papel primordial na elaboração da identidade social do indivíduo. É através do corpo que o sujeito tem contato com o mundo e por ele é afetado. O indivíduo ao ocupar um lugar no espaço social possui uma compreensão desse mundo, porque desde sua gênese foi exposto as suas influências. Nesse sentido, é subordinado e moldado pelas condições materiais e culturais de existência. O corpo posto no espaço social está sujeito a um processo de socialização, cujo produto é a própria individualização, a singularidade do “eu”, sendo forjada nas e pelas relações sociais. Sendo assim, é importante percebermos o papel assumido pelo periódico ao ser interlocutor de um discurso no momento de análise.
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