Os contornos do argumento para uma defesa da individuação como intrinsecamente situada
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v17i1.51452Palavras-chave:
agência, grãos, não-grãos, graus, estereoscopia, importância, individuação situada, locus standi, medidaResumo
Este artigo busca apresentar, de modo sucinto, o arcabouço conceitual utilizado para defender a tese da individuação como intrinsicamente situada. A proposta é pensada como uma resposta ao antagonismo entre grãos e não grãos, embasada no contraste entre a Ontologia Orientada a Objetos (OOO) - o grão - elaborada por Graham Harman, e a proposta de individuação como processo - o não grão - de Gilbert Simondon. A intuição é de que há pontos de proximidade tácitos, mas que se mostram claramente quando nos voltamos para o âmbito da tecnologia, na abordagem baseada no OOO elaborada por Tessa Leach e na análise de Simondon sobre o modo de existência dos objetos técnicos. A partir de uma análise estereoscópica inspirada em Tristán Garcia, acrescida da adoção da Importância whitehediana como critério ontológico, nota-se que a pergunta sobre a individuação diz respeito a uma reflexão sobre o referencial de medida. Nesse sentido, chegaremos à conclusão que o ponto de contato das várias concepções de individuação possíveis, sobretudo o grão e não-grão, será dado por meio de um apelo à situação, à experiência como um evento localizado, dado, conforme Whitehead, a partir de “aqui” e um “agora”, enquanto locus standi.
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