Uns índios (suas falas)

Autores

  • Eduardo Sterzi

Palavras-chave:

Guimarães Rosa, Antropofagia, perspectivismo ameríndio, fala, escuta, letra

Resumo

A escuta da fala indígena - ou, mais exatamente, das falas indígenas - tem sido, ao longo da história da literatura brasileira, um procedimento decisivo para a configuração das mais variadas poéticas, do Romantismo, ou antes, até o presente. Característica fundamental dessa escuta (dessas escutas, já que também são múltiplas) é a força poética - e mesmo política - que, nela (nelas), podem adquirir mal-entendidos, equívocos, incompreensões, superinterpretações. Neste artigo, são examinados alguns momentos de escuta das falas indígenas por Guimarães Rosa, nos textos “Meu tio o Iauaretê”, de Estas estórias (a partir das leituras decisivas de Haroldo de Campos e Eduardo Viveiros de Castro), “Makiné”, do livro póstumo Antes das Primeiras estórias, e “Uns índios (sua fala)”, do também póstumo Ave, palavra.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDRADE, Oswald. A utopia antropofágica, São Paulo: Globo e Secretaria de Estado da Cultura, 1990.

ARAÚJO, Adriana de Fátima Barbosa. “Uma pesquisa sobre ‘Meu tio o iauaretê’ de Guimarães Rosa: passos iniciais”, Revista de Letras da Universidade Católica de Brasília, 1, 2 (nov. 2008), pp. 26-33.

ARBEX, Daniela. Holocausto brasileiro, São Paulo: Geração, 2013.

BARTELT, Dawid Danilo. “Palavras secas: o discurso sobre o ‘sertão’ no século XIX”, in João Cezar de Castro Rocha (org.), Nenhum Brasil existe. Pequena enciclopédia, Rio de Janeiro: Topbooks, UERJ e UniverCidade, 2003, pp. 585-592.

BOLLE, Willi. grandesertao.br. O romance de formação do Brasil, São Paulo: Duas Cidades e 34, 2004.

CAMPOS, Augusto de. "Um lance de 'dês' do Grande Sertão" (1959), in Pedro Xisto, Augusto de Campos e Haroldo de Campos, Guimarães Rosa em três dimensões, São Paulo: COnselho Estadual de Cultura - Comissão de Literatura, 1970, pp. 41-70.

CAMPOS, Haroldo de. “A linguagem do Iauaretê” (1962), in Metalinguagem e outras metas, São Paulo: Perspectiva, 1992, pp. 57-63.

CANDIDO, Antonio. [depoimento], in Depoimentos sobre João Guimarães Rosa e sua obra. Antonio Callado, Antonio Candido, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Paulo Mendes da Rocha, Sérgio Sant’Anna, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

CANDIDO, Antonio, “O homem dos avessos” (1957), in Tese e antítese. Ensaios, São Paulo: T. A. Queiroz, 1964, pp. 119-139.

CARDOZO, Joaquim. Teatro de Joaquim Cardozo. Obra completa, Recife: Cepe, 2017.

CONTINI, Gianfranco. “Un Faust brasiliano” (1971), in Altri esercizî, Turim: Einaudi, 1972, pp. 317-321.

COSTA, Oswaldo. “Da Antropofagia”, Revista de Antropofagia, “2a dentição”, 9, suplemento ao Diário de S. Paulo, 15 maio 1929, p. 10.

DAHER, Andrea. Uns índios oralidade perdida. A oralidade perdida. Ensaios de história das práticas letradas, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

DANOWSKI, Déborah e VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo, Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins, Desterro [Florianópolis]: Cultura e Barbárie; São Paulo: Instituto Socioambiental, 2014.

DERRIDA, Jacques. Essa estranha instituição chamada literatura. Uma entrevista com Jacques Derrida (1992), trad. Marileide Dias Esqueda, Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

FINAZZI-AGRÒ, Ettore. “A origem em ausência: a figuração do índio na cultura brasileira”, in Entretempos. Mapeando a história da cultura brasileira, São Paulo: Editora Unesp, 2013, pp. 187-234.

GIORGI, Gabriel. Formas comunes. Animalidad, cultura, biopolítica, Buenos Aires: Eterna Cadencia, 2014.

HANSEN, João Adolfo, o O. A ficção da literatura em Grande sertão: veredas, São Paulo: Hedra, 2000.

HEURICH, Guilherme Orlandini. “Palavras quebradas na poética araweté”, Cult, 29 set. 2016. <http://revistacult.uol.com.br/home/2016/09/palavras-quebradas-na-poetica-arawete/>

JAKOBSON, Roman. “Linguística e poética” (1960), in Linguística e comunicação, trad. Izidoro Blikstein e José Paulo Paes, São Paulo: Cultrix, 1991, pp. 118-162. LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos (1955), trad. Wilson Martins (“revista pelo autor”), São Paulo: Anhembi, 1957.

LIBRANDI ROCHA, Marília, Maranhão-Manhattan. Ensaios de literatura brasileira, Rio de Janeiro: 7Letras, 2009.

LIMA, Manoel Ricardo de. “A máquina moderna de Joaquim Cardozo”, Sinais Sociais, 6, 18 (abril 2012), pp. 128-161.

LORENZ, Günter W. “João Guimarães Rosa”, in Diálogo com a América Latina. Panorama de uma literatura do futuro, trad. Rosemary Costhek Abílio e Fredy de Souza Rodrigues, São Paulo: E.P.U., 1973, pp. 315-355.

ROSA, João Guimarães, Antes das primeiras estórias, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

ROSA, João Guimarães, Ave, palavra, Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.

ROSA, João Guimarães, Grande sertão: veredas (1956), Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

ROSA, João Guimarães, Primeiras estórias (1962), Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

ROSA, João Guimarães. Tutameia (1967), Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

ROSENFIELD, Kathrin H. Os descaminhos do demo. Tradição e ruptura em Grande sertão: veredas, Rio de Janeiro: Imago; São Paulo: EDUSP, 1993.

ROSENFIELD, Kathrin H. “Questões para Kathrin H. Rosenfield”, entrevista a Marília Librandi Rocha, Hans Ulrich Gumbrecht, Lawrence Flores Pereira e Luiz Costa Lima, Floema, 3 (jan.-jun. 2006), pp. 11-53.

ROWLAND, Clara, “Língua de onça: onomatopeia e legibilidade em ‘Meu tio o Iauaretê’, de Guimarães Rosa”, Literatura e Sociedade, 20 (2015), pp. 107-114.

SERRA, Pedro. “Arqueofonia e língua do império na poesia pós-25 de abril: o caso de António Franco Alexandre”, Relâmpago. Revista de Poesia, 29-30 (2012), pp. 81-109.

SPERBER, Suzi Frankl. “A virtude do jaguar: mitologia grega e indígena no sertão rosiano”, Remate de Males, 12 (1992), pp. 89-94.

SPERBER, Suzi Frankl. “Rogando coisas de salvação urgente. Em busca de Terra sem Mal”, Scripta, 9, 17 (2o sem. 2005), pp. 325-339.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? (1985), trad. Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa, Belo Horizonte, Editora UFMG, 2010.

STIGGER, Veronica. “O esvaziamento. Mira Schendel e a poesia da destruição”, Marcelina, 2 (1o sem. 2009), pp. 7-16.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo, “A indianidade é um projeto de futuro, não uma memória do passado”, entrevista a Pádua Fernandes, Prisma Jurídico, 10, 2 (jul.-dez. 2011), pp. 257-268.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Araweté. Os deuses canibais, Rio de Janeiro: Zahar, 1986.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Viveiros de Castro, org. Renato Sztutman, Rio de Janeiro: Azougue, 2008.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais. Elementos para uma antropologia pós estrutural (2009), São Paulo: Cosac Naify e n-1, 2015.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “Rosa e Clarice, a fera e o fora” (2013), Revista Letras, 98 (jul. dez. 2018), pp. 9-30.

WEY, Valquiria. “Entrar para a tribu literária: a tradução de ‘Meu tio o iauaretê’”, Scripta, 9, 17 (2o sem. 2005), pp.340-355.

Downloads

Publicado

2021-04-04

Como Citar

STERZI, Eduardo. Uns índios (suas falas). Das Questões, [S. l.], v. 11, n. 1, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/dasquestoes/article/view/37256. Acesso em: 26 abr. 2024.