Entre a mulher e a barata, antagonismo e fusão na memória do ser: um estudo de A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector

Autores

  • Maria Edinara Leão Moreira Centro Universitário Franciscano

Palavras-chave:

Clarice Lispector. narrativa agônica. antagonismo. fusão. Memória.

Resumo

O romance A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector, publicado em 1964, tem como universo ficcional uma situação cotidiana e banal ”“ uma mulher, identificada apenas como G. H., mata uma barata ”“, no entanto, esse fato adquire muitas dimensões na narração e origina uma busca existencial da personagem. Este artigo trata do sujeito G. H. e de suas desconstruções identitárias, num crescente que vai da aversão inicial, passa pela admiração e culmina na fusão com a barata, vista como memória ancestral da condição terrena. O espaço dentro-de-si, temperado
pelo diapasão dos afetos, desloca a condição antropológica para a ancestralidade animal, que dilacera o ser e o conduz à agonia.

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Biografia do Autor

Maria Edinara Leão Moreira, Centro Universitário Franciscano

Professora Doutora do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria-RS

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Publicado

29-12-2012

Como Citar

Moreira, M. E. L. (2012). Entre a mulher e a barata, antagonismo e fusão na memória do ser: um estudo de A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector. Revista Cerrados, 21(34). Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/article/view/25779

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