A mentira do Migrante: Um desafio ético
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v10.n4.2021.36525Palavras-chave:
Política de acolhimento. Drama migratório. Experiência exílica. Registros veridiccionais. Traumatismo. Direito de asilo. Mentira. Psicanálise. Literatura. Filosofia. Tradutologia. Europa.Resumo
No horizonte do drama migratório na Europa, um duplo registro textual acompanha a experiência exílica: a proliferação de relatos de vida no papel ou na web, e relatos do percurso a serem submetidas aos gestores públicos do direito de asilo. Mas o migrante mente. O migrante mente no relato que faz a si mesmo para suportar o insuportável, e mente às autoridades para cumprir os critérios de concessão do estatuto de refugiado. Não é mentir, é responder a uma instância de legitimação que se situa entre a verdade e a mentira, entre dois registros veridiccionais, uma zona cinzenta que uma experiência histórica como a Shoah nos ensinou a reconhecer, que uma disposição de escuta como a psicanálise nos ensinou a respeitar e que uma teoria literária como a autoficção nos ensinou a interpretar. O ethos exílico atual é assim marcado por um segredo, a ser respeitado a ponto de fundar uma ética, uma ética exílica fundada no distanciamento que o segredo implica, o que permitirá compreendê-lo à luz do pensamento levinasiano. Tal ética mexe com os princípios tradicionais de acolhimento e hospitalidade que ainda regem a aplicação do direito de asilo, porque supõem, de ambos os lados, uma fala plena e um sujeito soberano.
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Referências
NOUSS, Alexis. P. 239-251. In: CASTELAIN, Arnold (dir.). Traduction et migration : Enjeux éthiques et techniques. Nouvelle édition [en ligne]. Paris : Presses de l’Inalco, 2020.
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