Formação de tradutores e tradutoras: sobre o uso da pesquisa narrativa como método para compreender os processos de desenvolvimento da competência tradutória
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v10.n2.2021.29132Palavras-chave:
Estudos da Tradução. Pesquisa Narrativa. Competência Tradutória. Análise documental.Resumo
Ao longo das últimas décadas, diferentes discussões vêm sendo realizadas, dentro dos Estudos da Tradução, sobre a noção de Competência Tradutória e seus componentes. Este artigo adota o modelo de competência tradutória do grupo Procés d’Adquisició de la Competència Traductora i Avaluació PACTE (2003) e toma como ponto de partida o relativamente baixo número de investigações específicas sobre o subcomponente psicofisiológico desse modelo. Associando essa lacuna ao fato de se tratar de um componente não facilmente observável ou mensurável por meio de exames ou métodos externos ao indivíduo, este artigo busca discutir como a Pesquisa Narrativa pode contribuir para o campo disciplinar, fornecendo métodos que permitam uma melhor compreensão desse subcomponente e dos processos de desenvolvimento da Competência Tradutória de tradutores e tradutoras em formação. O artigo se ancora em discussões sobre os métodos e possibilidades oferecidas pela Pesquisa Narrativa — como Clandinin et al. (2017), Connelly e Clandinin (2006) e Dutra e Mello (2008) —; em discussões sobre Competência Tradutória — como PACTE (2003) e Lara (2016) —; e discute a narrativa de uma tradutora em formação, com vistas a mostrar a viabilidade da proposta de pesquisa aqui apresentada. A discussão do caso é realizada a partir do registro bibliográfico da narrativa — em que são discutidas as percepções da discente sobre seus processos de desenvolvimento da Competência Tradutória, suas percepções sobre sua capacidade de segmentação textual e sua insegurança em empreender tarefas de tradução. Este artigo sugere que, no médio-longo prazo, um trabalho sistemático de coleta e análise de narrativas de tradutores e tradutoras em formação poderá elucidar questões relativas ao desenvolvimento da Competência Tradutória e, assim, suprir a lacuna aqui identificada.
Downloads
Referências
Assis, R. C., Liparini, T., & Leipnitz, L. (2018). Formação de Tradutores e Tradutoras: o currículo de um Bacharelado em Tradução. In G. Pereira, & P. Costa (Eds.), Formação de Tradutores: por uma pedagogia e didática da tradução no Brasil (1ª. ed., v.5, pp. 301-324). Pontes Editores.
Barbosa, E. (2008). Metodologia da pesquisa: Instrumentos de coleta de dados em pesquisas educacionais. http://www.inf.ufsc.br/~vera.carmo/Ensino_2013_2/Instrumento_Coleta_Dados_Pesquisas_Educacionais.pdf
Bevilacqua, C. (2017). Traduzidos: uma experiência na formação de tradutores de português-espanhol. Caracol, (14), 82-102.
Clandinin, D. J., Cave, M. T., & Berendonk, C. (2017). Narrative inquiry: a relational research methodology for medical education. Medical Education, 51(1), 89-96.
Connelly, F. M., & Clandinin, D. J. (2006). Narrative Inquiry. In J. L. Green, G. Camilli, & P. B. Elmore (Eds.), Handbook of Complementary Methods in Education Research (pp. 375-85). Lawrence Erlbaum.
Detmering, E. (2018). Auto-reflexão sobre o desenvolvimento da competência tradutória a partir da tradução de textos técnicos de matemática do francês para o português do Brasil [Monografia, Universidade Federal da Paraíba].
Dutra, D. P., & Mello, H. (2008). Self-Observation and Reconceptualization. In P. Kalaja; V. Menezes; A. M. F. Barcelos (Eds.) Narratives of Learning and Teaching EFL. Palgrave Macmillan.
Gonçalves, J. L. V. R. (2015). Repensando o desenvolvimento da competência tradutória e suas implicações para a formação do tradutor. Graphos, 17, 114-130.
Kiraly, D. (2000). A socio constructivist approach to translator education: empowerment from theory to practice. St. Jerome.
Labov, W. (2006). Narrative pre-construction. Narrative Inquiry, 16(1), 37-45. https://www.ling.upenn.edu/~wlabov/Papers/NPC.pdf
Lara, C. P. (2016). The Competence Paradigm in Education applied to the Multicomponent Models of Translator Competences. In M. Marczak (Ed.), The Journal of Translator Education and Translation Studies, 1(2), pp. 4-19.
Maluf, S. W. (1999). Antropologia, narrativas e a busca de sentido. Horizontes Antropológicos, 5(12), 69-82. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71831999000300069&lng=en&nrm=iso
Mattos, A., & Caetano, E. (2019). Os Sentidos da formação narrativas de professores de inglês sobre suas experiências de ensino e aprendizagem. Revista do GELNE, 21(1), 3-19.
McMillan, J. H., & Schumacher, S. (1997). Research in Education. Addison Wesley Educational Publishers Inc.
PACTE. (2003). Building a translation competence model. In F. Alves (Ed.). Triangulating Translation (pp. 43-66). John Benjamins.
Paiva, V. L. M. (2008). A pesquisa narrativa: uma introdução. Rev. bras. linguist. apl., 8(2), 261-266. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982008000200001&lng=en&nrm=iso
Pimentel, A., Neto. (2019). A influência das atividades de extensão em tradução no desenvolvimento dos componentes psicofisiológicos de tradutores em formação [Monografia, Universidade Federal da Paraíba].
Vasconcellos, M. L., Espindola, E., & Gysel, E. (2017). Interdisciplinaridade no ensino da tradução: Formação por competências, abordagem por tarefas de tradução, tipologia textual baseada em contexto. Cadernos de Tradução, 37(2), 177-207. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-79682017000200177&lng=en&nrm=iso
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 CC BY
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Dado ao acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista
A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. As contribuições publicadas são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
Os autores, ao submeterem trabalhos para serem avaliados pela revista Belas Infiéis, mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).